A Sonae SGPS divulgou ontem um esclarecimento na CMVM sobre o valor médio da remuneração da sua Comissão Executiva. Em síntese diz:
1. "Remuneração Total – Decréscimo de 12,1% relativamente a 2006"
2. "Os valores reportados e devidamente explicados no relatório anual de Governo das Sociedades de 2007 da Sonae SGPS reflectem transacções1 resultantes das alterações de função ocorridas a partir de 3 de Maio de 2007 de Belmiro de Azevedo (Sonae SGPS), Paulo Azevedo (Sonaecom) e Ângelo Paupério (Sonae Distribuição), mas que não têm qualquer impacto no custo anual da equipa executiva da Sonae SGPS" (negrito da minha responsabilidade).
Esta é uma reacção ao trabalho realizado pelo Jornal de Negócios e aqui referido onde se conclui que Paulo Azevedo ganhou mais que Belmiro de Azevedo em 2007 e com um significativo aumento. Resultados que se basearam no que é revelado pelo Relatório sobre o Governo da Sociedade:
"Em 2007, a remuneração dos Administradores Executivos da Sonae reflecte as decisões
tomadas, no que respeita ao pagamento antecipado dos Panos de Prémio de Desempenho
Diferido, em aberto, de Belmiro de Azevedo (na Sonae), Paulo Azevedo (na Sonaecom) e
Ângelo Paupério (na Sonae Distribuição), como resultado da alteração das suas funções
executivas no Grupo Sonae, a partir de 3 de Maio de 2007. Esta decisão de pagamento
antecipado, realizada por motivos legais e fiscais associados à transferência de planos em
aberto entre empresas, foram tomadas após discussão com a Comissão de Nomeação e
Remuneração, e após aprovação por parte da Comissão de Vencimentos das respectivas
empresas."
Não é fácil perceber o que está afinal errado.
1. Razões para alterações todas as empresas têm.
2. Se está contabilizado como custo na demonstração de resultados importa pouco se o dinheiro saiu ou não.
Concluo que quanto mais se luta pela transparência mais as empresas parecem esforçar-se por ficarem opacas. E quando se confrontam com o que se comunica sobre elas ficam em estado de choque e tentam corrigir. Enfim. Até em empresários que nos parecem ser os melhores do país caem nódoas.
2 comentários:
Deduzo da notícia que Paulo Azevedo é muito mais produtivo do que o seu pai, dado que as empresas definem rigorosamente a remuneração dos seus gestores em função da sua contribuição para a criação de valor.
Caro João Pinto e Castro,
Concordo inteiramente - significa que Paulo Azevedo foi mais produtivo que o pai - e isso parece ter sido o que gerou maior desconforto no grupo.
Fica do seu comentário um aspecto que não entendo: "definem rigorosamente a remuneração dos seus gestores em função da criação de valor". E qual a medida dessa criação de valor?
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