domingo, 12 de dezembro de 2010

A Europa incerta

Amanhã o Observatório da Imprensa organiza um seminário para jonalistas subordinado ao tema "Portugal e a Europa: a próxima década".

Os problemas que a Europa enfrenta são o mais importante tema dos dias de hoje pelos efeitos que podem ter nas nossas vidas. Receio que não tenhamos ainda tomado consciência da dimensão do problema que poderemos ter de enfrentar.  A Europa está no meio de uma ponte a cair, como escrevi aqui.

Vale ainda a pena ler o comentário de f. ao post Euro-discordâncias e que aqui deixo, agradecendo, uma parte:
(...)O problema que para mim assume proporções cada vez maiores não é porém europeu. É a segunda fase da crise que ora se avizinha. Que foi uma crise financeira global de dívida privada. E que por causa da subsequente «nacionalização» de muitos incumprimentos privados ameaça tornar-se numa crise financeira global de dívida pública.


Seria muito triste ver a UE incapaz de resolver internamente a dificuldade da distribuição desigual dos saldos nacionais de poupança e de endividamento perante a ameaça duma segunda crise financeira global.

É nestas circunstâncias que se põe a questão de saber se há uma solução para Portugal no contexto duma união monetária. De saber se há uma solução simples para Portugal abandonar o acordo actual e enveredar por um novo curso sem perda de soberania económica e financeira (e política, também) e sem custos económicos proibitivos. (...)"

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Euro-discordâncias

E-bonds would end the crisis é o título do artigo, no Financial Times, escrito por Jean-Claude Juncker - primeiro-ministro do Luxemburgo e presidente do Eurogrupo - e Giulio Tremonti - ministro das Finanças italiano.

Claro que os países financeiramente disciplinados já disseram "não" à ideia de fazer emissões de Eurobonds ou Obrigações Europeias, reagindo de maneiras diferentes à entrada da reunião dos ministros das Finanças do Euro que está a decorrer hoje.
“We’ve come here to decide what we prepared Sunday a week ago. We don’t need to have new debates every week. I think we’ve prepared the necessary decisions.” - a reacção do ministro das Finanças Wolfgang Schaeuble reportada pela Bloomberg
 “Countries committed to economic discipline that do the hard work and maintain stability” shouldn’t be forced to subsidize the fiscally weak, assim disse o ministro das Finanças austríaco  Josef Proell , refectindo bem o que pensam os países financeiramente disciplinados sobre a ideia das emissões de dívida europeia. 

Vale a pena ler este artigo da Bloomberg

Estamos perante um problema que vai assumindo proporções cada vez maiores:
  • O BCE não quer continuar a comprar dívida e apenas concordou em continuar a fazê-lo numa decisão que não mereceu unanimidade- durante a semana passada comprou 1965 milhões de euros que garante estar a esterelizar .
  • A Alemanha não quer reforçar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) nem quer avançar para uma medida mais estrutural como a emissão de Obrigações Europeias;
  • Estes países endividados, por razões diferentes, como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália - os GIPSI - a que os analistas vão juntando outros como a Bélgica, quanto mais medidas de austeridade aplicam mais reforçam a perspectiva de que não serão capazes de satisfazer os compromissos com a dívida, no mínimo a de curto prazo, devido aos efeitos recessivos das medidas. 
  • Toda a gente sabe que o FEEF chegará para Portugal mas já não chega para Espanha.
A União Europeia - e não apenas o euro - vive um dos mais preocupantes momentos da sua história.

O euro ameaçado, ortodoxias e heterodoxias

Há um ano, se alguém falasse na possibilidade do fim ou da fragmentação do euro seria dado como louco.

Hoje a probabilidade de fim do euro deixou de ser zero. Já se pensa nisso, e mais do que isso, já se desenham saídas.
Hoje, na edição em papel do Negócios procuram-se as respostas para a pergunta: E se Portugal saísse do euro?

O Economist á um passo em frente e oferece um guia: Como sair do euro?

Vitor Bento no blogue da Sedes faz uma reflexão especialmente interessante por ser assinada por um economista que viveu por dentro da crise do mecanismo de taxas de câmbio do sistema monetário europeu e por defender uma resposta heterodoxa à actual crise da dívida soberana.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Irlanda e Islância, quem paga a crise faz diferença

A Islândia está a recuperar
A Irlanda vai afundar-se
Economicamente falando, obviamente.
Parece haver uma grande diferença nos efeitos de quem paga a crise.
A Islândia provocou a revolta do mundo - sim estou a exagerar - por ter colocado o fardo do lado dos accionistas e obrigacionistas dos bancos e hoje está a recuperar (é verdade que tem também moeda própria).
A Irlanda resolveu tomar as dores das asneiras dos seus bancos e chegou ao ponto que conhecemos.

Vale a pena ler o que escreve a Bloomberg:
Iceland Bankruptcy-to-Rebound Reveals Models Ireland Won't Take

domingo, 28 de novembro de 2010

A ajuda à Irlanda concluída


Fonte:Comunicado do Ecofin; MEEF: Mecanismo Europeu e Estabilização Financeira; FEEF: Fundo Europeu de Estabilização Financeira
O acordo de ajuda à Irlanda foi concluído no conselho de ministros das Finanças da UE que acabou por ser menos dramático do que se esperava.
Dos 85 mil milhões de euros, 67,5 mil milhões de euros é que vêm do exterior, o restante será garantido pela própria Irlanda. A taxa de juro será de 5,83%, à partida superior à aplicada à Grecia (5,2%).

A Alemanha acabou por recuar na intenção de trasnferir perdas para o sector privado, ficando-se pela análise "acaso a caso".

As notícias:
Irish Times - Irlanda recebe 85 mil milhões de euros
Bloomberg: Irlanda ganha 85 mil milhões de euros
Reuters:  UE suporta ajuda à Irlanda

Os comunicados:
Acordo FMI e Irlanda
Declaração do Ecofin

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Argentina

Nos últimos dias tenho pensado muito a Argentina.
Tenho de estudar melhor o que aconteceu à Argentina quando acabou com a ligação ao dólar um por um.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

E depois da Irlanda

Portugal pagou 4,8% para se financiar a um ano. Em Janeiro, para o  mesmo prazo pagou 0,928%. Além de uma taxa mais elevada, a procura foi mais baixa - 1,8 vezes a oferta, contra 2,2 vezes na emissão de Novembro

Portugal's Borrowing Costs rise escreve o Wall Street Journal:

"The sharp rise in borrowing costs highlights the impact Irish concerns have on yields in other euro-zone peripherals, and if Ireland gets an aid package, markets are likely to sooner or later push for a deal on Portugal," Brown Brothers Harriman said in a note to clients.
O efeito dominó está em acção. Os investidores já construíram a sua profecia e a respectiva confirmação.

Assim que a Irlanda disser sim, assim que se vergar à análise técnica dos homens e mulheres do BCE, FMI e Comissão Europeia que amanhã aterram em Dublin, Lisboa concentra a elevada de probabilidade de ser a próxima paragem.

O roteiro deste processo que os líderes europeus pré-traçaram com esta insistência de ajudar publicamente e aos gritos a Irlanda pode ser uma viagem de pesadelo. De Atenas para Dublin, de Dublin para Lisboa, de Lisboa para... pode já não haver este caminho para Madrid e Roma. Aqui a única saída será para Frankfurt, para as máquinas de imprimir moeda com que se quer acabar rapidamente com o fim da compra de títulos aos bancos da Zona Euro e que tanto se odeia por ali.
Ou o fim de um projecto.

Todos conhecemos os riscos. Imprimir dinheiro é inflação, é alimentar a dependência, é desincentivar a redução da dívida. Mas prometer ajuda que não se vai conseguir garantir até às últimas consequências, ameaça o colapso do euro - ou o recuo para a impressão de dinheiro

O FMI, o BCE e a Comissão chegam à Irlanda

Amanhã chegam à Irlanda as equipas t+ecnica dos FMI, BCE e Comissão Europeia para avaliarem se a Irlanda é capaz de resolver o problema da sua banca sozinha.

Vale a pena ler Ireland Braces for Bank Exam  ou ainda a narrativa do Guardian.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não queremos, e não queremos, diz a Irlanda

A reunião do Eurogrupo continua, a conferência de imprensa marcada para as 20 horas está atrasada.

Confesso a minha simpatia pela posição irlandesa ainda que ache graça a este título do WSJ - For Europe's Sake, Take the Money. Vale a pena ler o texto.

Assim como vale a pena seguir quer o Negócios - sim, eu sei que sou suspeita - como o que está a fazer o Guardian, uma excelente ideia.

Em Bruxelas o ambiente deve estar bastante quente.

Irlanda sob pressão - e o pânico de alguns

A Irlanda está sob uma violentissima pressão para aceitar ajuda, com vários líderes europeus a dramatizarem a situação até ao limite de dizerem que é o euro que está em causa

Para Portugal, uma intervenção na Irlanda, é a antecâmara para a entrada do fundo europeu e internacional também aqui, como já defendi.

A forma como os líderes europeus estão a lidar com esta crise da dívida legitima as perspectiva smais sombrias: Euro Dominos Will Fall Until Currency Is Split: Matthew Lynn. Com toda a racionalidade.

No Guardian mostra o minuto a minuto da pressão sobre a Irlanda e da desorientação na Europa (veja-se, por exemplo, a Áustria a dizer que quer deixar de ajudar a Grécia para depois dizer que afinal não é assim)

É possível - era possível, se assim o quisessem - resolver o problema financeiro em que está a Irlanda sem este alarido. Bastava ser-se menos ortodoxo em matéria de emissão monetária - mais emissão de moeda como está a fazer e se tem feito nos Estados Unidos.

O que é melhor? Ter mais inflação ou deixar de ter o euro?

domingo, 14 de novembro de 2010

Ajuda à Irlanda, o erro

A Irlanda está a ser pressionada aparentemente pela Alemanha para pedir ajuda ao Fundo financeiro europeu e ao FMI, apesar de só precisar de se financiar no mercado no próximo ano.

A Europa o FMI estão divididos sobre as vantagens deste pedido de ajuda.
Uns pensam que acalmará os mercados financeiros, outros, pelo contrário, receiam que a intervenção na Irlanda coloque Portugal na linha da queda, seguindo-se depois a Espanha... E para a Espanha não haverá recursos suficientes no fundo criado em Maio para a Grécia.

Outra razão para a pressão sobre a Irlanda está directamente ligada a Berlim: o governo alemão considera que se a Irlanda for intervencionada fica com as mãos mais livres para continuar a  falar sobre o castigo aos investidores que será consagrado no novo mecanismo de ajuda financeira aos países em dificuldades a ser discutido na reunião dos ministros das Finanças na próxima semana.

Angela Merkel está a ser acusada pela Irlanda, como já foi criticada pelo BCE e pela Espanha, de ter gerado a tempestade financeira que se viveu no mercado de dívida pública desde há quinze dias, quando na Cimeira Europeia se lançou o tema do fundo permanente com castigo a investidores privados.

Em Seul, na Cimeira dos G20, Merkel acabou por reconhecer que estava a falar para o seu eleitorado e pediu aos mercados que compreendessem os políticos. 

A intervenção na Irlanda pode ser uma gravíssimo erro. Para a Irlanda, para Portugal e para o euro.
A Alemanha está a actuar demasiado concentrada em si própria e não pode ser responsabilizada por isso. O euro expõe neste drama as contradições de políticas centralizadas e eleições nacionais.

Aqui a informação mais recente:
Ireland Urged to Take Aid by Officials Amid Debt Crisis

Europa pressiona Irlanda a pedir ajuda no Negócios

Government campaigns to avoid EU financial bailout no Irish Times

Ireland 'can manage own affairs', Srauss-Khan, FMI no Irish Times

Vale ainda pena ler
Is Ireland’s number up? de Mary Regan, no Irish Examiner via The Irish Economy

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

E ainda sssim os juros subiram

A última emissão de Obrigações do Tesouro foi colocada. O Estado conseguiu o montante que desejava e a taxa de juro foi alta mas acabou por ficar abaixo das piores previsões.

Temos de parar de pensar nas culpas que Angela Merkel tem nesta subida dos juros. Temos de conseguir que Angela Merkel não consiga influenciar, com as suas palavras, as nossas taxas de juro. E isso está nas nossas mãos, nas mãos das lideranças políticas do país e em cada um de nós.
Vale a pena ler o que disse o ministro das Finanças.
Tudo se resume a garantir que a proposta do Orçamento do estado entra em vigor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não consegues crescer? Rouba o teu vizinho...

... especialmente aquele que deixa as portas escancaradas, a Zona Euro

Eis a evolução do euro face ao dólar, a subir acentuadamente desde que a Reserva Federal anunciou que vai inundar a economia dos Estados Unidos com 900 mil milhões de dólares.

Fonte: BCE
De 28 de Outubro até dia 4 de Novembro o euro subiu 2,7%.
A Alemanha, o motor da economia europeia que cresce com exportações, tem a sua retoma sob ameaça e, por essa, via, transforma numa miragem (ainda maior, se é que isso é possível), o crescimento marginal de 0,2% da economia portuguesa por via das exportações.

Os Estados Unidos usam mais uma vez todos os remédios que têm à mão para reanimar a sua economia.
Na Zona Euro afirma-se que do outro lado do Atlântico não se vai entrar numa política de dólar fraco.

Pouco importa também. Porque se todos fizessem o que os Estados Unidos estão a fazer todos perdiam ainda mais. Se todos os vizinhos se roubarem uns aos outros ninguém fica melhor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Reserva Federal e Euro - que diferenças

As máquinas de imprimir dinheiro vão ligar-se em força na América.
Na América não se teoriza, faz-se.
Numa acção esperada mas surpreendente pela dimensão, a Reserva Federal norte-americana anunciou que vai comprar mais 600 mil milhões de dólares de títulos de dívida pública e vai ainda reinvestir 250 e 300 mil milhões de euros.
Claro que o euro reforçou de imediato a sua subida - um dólar está a custar 1,41 euros - e as bolsas norte-americanas reagiram em alta.
Ben Bernanke também conhecido por "helicopter Ben" pelos remédios que defendeu para uma crise como a japonesa - injecção de dinheiro em grandes quantidades - dá o tudo por tudo para reanimar a economia norte-americana.

Contrariamente ao que aconteceu no passado, a economia norte-americana não dá sinais de ter saído sustentadamente da crise. E mais grave ainda está com sintomas de ruptura na relação entre crescimento e emprego: em geral o emprego aumentava, após uma crise, mais rapidamente que na Europa - tal como o desemprego, que também subia mais depressa. Nesta crise o mercado de trabalho norte-americano não está a revelar a mesma flexibilidade.

Fed vai comprar até 900 mil milhões de dólares em activos

Fed to Buy Extra $600 Billion of Treasuries to Boost Growth

Na Zona Euro continuamos focados nos aspectos financeiros.
Hoje as taxas de juro da dívida pública portuguesa e irlandesa voltaram a subir, com os irlandeses a registarem um agravamento superior ao dos portugueses - a diferença entre os dois voltou a alargar-se. Porquê? A razão que está a ser atribuída pelos analistas de dívida pública é a mesma : o fundo permanente que só entrará em vigor em 2013 e que ainda exige a revisão do Tratado de Lisboa. Mas sobre o qual a Alemanha tem falado de mais, acusam alguns líderes políticos, como Zapatero.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Portugal, Grécia e Irlanda no olho do furacão

Quando esperávamos que os mercados nos dessem o prémio da austeridade eis que somos castigados de novo. O regresso da subida das taxas de juro, apesar da aprovação já garantida do Orçamento do Estado, só nos deixa uma consolação - antes era a Grécia que estava pior que nós, agora é a Irlanda. A Espanha já conseguiu sair do radar das preocupações dos investidores.

A razão deste novo abalo está, diz quem investe, na decisão da Cimeira Europeia do fim da semana passada de criar um fundo permanente de ajuda aos países em dificuldades no euro mas com um mecanismo que se traduza também em perdas para os investidores. Consequência: nunca mais as taxas de juro voltarão a ser as mesmas.

O novo fundo só entrará em vigor daqui a três anos mas os devedores de maior risco já estão a ser castigados.

Vale a pena ler o que já disse Angela Merkel e as reacções que já teve sobre este assunto:



European officials including Spanish Prime Minister Jose Luis Rodriguez Zapatero are concerned that announcing bond investors will have to shoulder a part of any future bailout will spook traders at a time when Ireland and Portugal are struggling to cut their budget deficits.
(...)
In subsequent remarks today in Brussels, Merkel dismissed the concerns that planning now to make investors help pay for any future debt crisis may drive up the borrowing costs of nations with high budget deficits. She said a distinction exists between the temporary and future mechanisms.


Mas parece que não está a haver distinção entre as actuais regras e as que vão ser criadas e que exigem até uma revisão do Tratado de Lisboa. E assim sobem os juros de Portugal, da Irlanda e da Grécia.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

E Sócrates foi Sócrates

Negociações de cinco dias entre Governo e PSD colapsaram: a explicação de Eduardo Catroga e a explicação do ministro das Finanças.

Presidente da República convoca Conselho de Estado

Como se previa, José Sócrates caiu na tentação da sua convicção de ter Pedro Passos Coelho em xeque-mate e não viabilizou nenhum acordo com o PSD.

Não sei o que vai fazer Pedro Passos Coelho mas à medida que vou conhecendo o Orçamento, feito com raiva e total falta de cuidado, e que vou percebendo o que se tem passado nas contas públicas nos últimos anos e no banquete em que se transformou o dinheiro dos contribuintes para alguns grupos, cresce em mim a dúvida se não seria melhor inviabilizar o Orçamento.

O pântano de que se queixou um dia António Guterres já é muito mais que isso. Lamentavelmente para a nossa auto-estima, uma intervenção externa poderia limpar um pouco essas águas cada vez mais turvas em que nos movemos e que escondem as vantagens que alguns retiram de comerem cada vez mais e mais à mesa do Orçamento, do dinheiro que todos pagamos para o Estado. Enquanto se vai estrangulando a economia.

É muito triste que tenhamos chegado até aqui. É com tristeza que escrevo tudo isto. Mas olhar para o futuro com esperança exige uma limpeza que seja efectivamente geral.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Andamos a brincar com coisas sérias

O entretenimento em torno do Orçamento do Estado para 2011 é uma brincadeira que nos pode sair bastante cara.

Amanhã vamos entrar no quarto dia de negociações entre o Governo, num grupo liderado pelo ministro das Finanças, e o PSD, com Eduardo Catroga à frente. Do ponto de vista estritamente político, as negociações prometem não dar nada.

Porque vai um primeiro-ministro com o perfil de José Sócrates aceitar, por proposta do PSD, aumentar a taxa do IVA apenas em 1%, desistir dos limites nas deduções  à colecta e alterar a sua decisão de colocar em taxa agravada produtos como o leite com chocolate?

Do ponto de vista financeiro podemos estar a falar de valores ridículos, mas na versão partidária a história pode ser outra: o PSD sairia como vencedor, poderia dizer que conseguiu moderar a subida dos impostos.
Terá José Sócrates essa generosidade de salvar o PSD?
E será o PSD capaz de aguentar a culpa e os efeitos de ter desencadeado a entrada do FMI em Portugal com um chumbo do Orçamento?
À primeira vista, José Sócrates tem a faca e o queijo na mão. O PSD está em xeque-mate e não parece conseguir sair dessa posição.

Nestas contas partidárias ninguém parece ter a noção de que se está a brincar com um fogo muito perigoso.
Espanha, Grécia e Irlanda já tomaram medidas duríssimas.
Se não fizermos o mesmo rapidamente a situação financeira vai precipitar-se. Mesmo aprovando o Orçamento ninguém é capaz de garantir que o problema financeiro está resolvido e que o FMI está colocado de parte.

Se nada fizermos por nós, os riscos são enormes - de uma dimensão tal que até se recomenda que não se imagine.

Num mundo em que os agentes políticos pensassem mais no País do que no gozo de ser vencedor de tácticas político-partidárias e na conquista de votos, o Orçamento já estava há muito viabilizado. 

O PSD seguiu uma péssima táctica. José Sócrates foi muito hábil em encostar o PSD à parede. Muito bem, aplausos para todos. Agora vamos às coisas sérias e adoptem as medidas que o País precisa, 

Negociações PS e PSD - em busca de 450 milhões?


As negociações entre o PSD e o Governo, que se vão reiniciar às cinco da tarde, procuram aparentemente encontrar, no mínimo, 450 milhões de euros se o Governo aceitar a proposta de aumentar apenas 1 ponto percentual na taxa do IVA - para 22% - e pagar os limites em deduções com títulos de dívida pública.

A proposta do PSD de corte de 5% nos serviços intermédios não anulam as perdas de receita das alterações dos impostos.

Os 450 milhões de euros representam uns meros 0,3% do PIB implícito no Orçamento de 2011 (175.977,4). Mas pode existir pouca margem na redução do défice público de 7,3% do PIB deste ano para os 4,6% em 2011 com o rácio calculado com um crescimento do PIB de 0,2%.

Depois há a margem política. Como podem os dois partidos surgir como vencedores?

A razão do Orçamento 2011

Fonte: Banco de Portugal

A dívida externa bruta aumentou 54,5% entre Junho de 2004 e Junho de 2010. Claro que há dívida que financiou activos mas que não geraram ou estão a gerar o rendimento necessário para amortizar esta dívida.

São estes números em ligação com a nossa falta de crescimento que assustam quem nos está a financiar.
São estes números que são a razão da violência do Orçamento de 2011. 

Os agentes não são racionais para olharem para esta dinâmica de endividamento e começarem a contrariar os seus consumos ajustando-os ao rendimento presente e não a um crescimento futuro que não chegou nem parece que vai chegar. 

O Orçamento de 2011 é a mão visível que nos empurra para a racionalidade de regressar ao nível de vida que o rendimento que geramos torna financeiramente viável o país.

domingo, 24 de outubro de 2010

O Orçamento em jogo de sombras

As negociações em torno da viabilização do Orçamento revelam mais a vontade de viabilizar a proposta do Governo por parte do PSD do que antecipam qualquer mudança significativa.

Amanhã o ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga vai encontrar-se de novo com o actual ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos.

As mudanças possíveis serão sempre de pormenor. Não é possível fazer alterações significativas face à violência do que é exigido em matéria de redução do défice público. O PSD sabe isso.

De tudo o que se tem passado fica-nos a hipótese de o PSD ter percebido demasiado tarde o estado em que estavam as contas públicas e a dimensão do corte orçamental exigido por Bruxelas.

Neste momento estas negociações são mais pelo PSD do que por outra razão qualquer.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Investidores exigiram 5,973% nas Obrigações a 10 anos

Portugal foi hoje obrigado a pagar uma taxa de juro média ponderada de 5,973% para se financiar a dez anos. Em Março, para a mesma linha de títulos a taxa foi de 4,171%.

Resumindo: a taxa de juro paga pelo Estado para se financiar a dez anos subiu quase 50%.

Trata-se da emissão de OT a 10 anos com taxa do cupão de 3,85% e os resultados podem ser vistos aqui. Portugal acabou por colocar hoje menos dívida do que pretendia - o montante indicativo era de 750 a 1250 milhões de euros e foram apenas colocados 378 milhões de euros, menos que o procurado

A tempestade em Portugal começou ontem, com a diferença entre a taxa portuguesa (yield das OT a 10 anos) é a alemã a atingir um máximo histórico - nem na semana negra que levou à cimeira extraordinária de 7 de Maio a diferença face à Alemanha foi tão grande no mercado.

 Hoje, a taxa de rendibilidade das obrigações está a cair ligeiramente e a diferença face à Alemanha tem estado a diminuir, beneficiando também da subida das taxas alemãs.

Mas a nossa taxa de juro a longo prazo ainda está nos 5,86%.
O que se está a passar é preocupante.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Educação - a desgraça portuguesa

É impressionante como continuamos com níveis de educação tão baixos.

Os números são chocantes. Vejam nos quadros da síntese que a OCDE apresenta no Education at a Glance que acabou de ser divulgado.

(Para todos os países da OCDE continua a velha e irracional realidade - mulheres ganham menos que os homens com a mesma formação)

Vamos para a escola

Estudem economia, estatística, finanças e psicologia.

A recomendação de Gregory Mankiw para todos os estudantes que começam agora as suas escolhas de formação. Um artigo que recomendo vivamente, para quem é aluno e para quem sabe que tem de estudar toda a vida

terça-feira, 27 de julho de 2010

Bons dias para a banca

A decisão do Comité de Basileia de adiar medidas que iam exigir mais capital aos bancos e os testes de stress estão a  criar um ambiente mais 'cool' para a banca. Finalmente.
Em Portugal há ainda a notícia de que o Estado vai reforçar as garantias das instituições financeiras que comprem dívida pública. (Vamos ver que efeitos tem isso na concessão de crédito à economia - esperemos que nenhuns, que o alívio do stress sobre a banca alivie também os mercados de crédito

A banca, que já ontem tinha subido em bolsa, continua hoje em alta.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A recordar - stress test nos EUA

O desenho e concretização dos testes de stress realizados pelos EUA em Maio de 2009 - uma citação do documento da Reserva Federal:
(...)The BHCs were asked to estimate their potential losses on loans, securities, and trading positions, as well as pre-provision net revenue (PPNR) and the resources available from the allowance for loan and lease losses (ALLL) under two alternative macroeconomic scenarios. Each participating firm was instructed to project potential losses on its loan, investment, and trading securities portfolios, including off-balance sheet commitments and contingent liabilities and exposures over the two-year horizon beginning with year-end 2008 financial statement data.(...)

O resumo dos resultados que começa assim:
A banking organization holds capital to guard against uncertainty (...)

Falta à Europa explicar.
Faltou à Europa alguém que desse a cara pelos resultados de todos os testes.
Razão para recordar a frase de Henry Kissinger: A quem se telefona quando se quer falar com a Europa?
A quem se pergunta sobre o resultado global dos testes?
Como pode a Europa dividida apresentar a uma só voz argumentos fortes contra as criticas aos seus testes de stress quando um dos seus maiores - a Alemanha - surge em público como uma resistente à divulgação dos números.

Stress zen na banca

Os mercados estão a dizer nim aos testes de stress - aliviou-se a pressão.
Mas muitos estão a dizer que esta foi uma oportunidade perdida. Vozes de quem sabe o que diz - porque há muitos que dizem sempre o mesmo como é o caso de Nouriel Roubini que também pôs em causa o grau de exigência dos testes de stress realizados pelos norte-americanos em Maio de 2009.

O cenário para a banca portuguesa que pode ver-se em baixo. O que me causa perplexidade é testar-se um cenário em que há, ao mesmo tempo, recessão e desemprego (normal) com... subida das taxas de juro

Um dos factos que justificou os bons resultados dos quatro bancos portugueses - com um deles a registar até um rácio de solvabilidade mais elevado em stress do que no cenário base - foi exactamente esse "se as taxas de juro subirem". Como a banca faz reflectir a subida dos juros praticamente de imediato no crédito - veja-se o caso da habitação indexada à Euribor - e com desfasamento nos depósitos~, a sua margem aumenta tanto que é capaz de compensar as perdas com os incumprimentos gerados pela recessão/desemprego.

As notícias dos testes de stress em Portugal
A CGD, ESFG, BCP e BPI, este o melhor dos maiores ibéricos e o 18º europeu e ainda Porque têm os bancos portugueses bons resultados

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Estimular a economia? Não e não, diz Trichet

É tempo de todos apertarem as finanças públicas. Não a mais estímulos orçamentais. Assim fala o presidente do BCE no artigo que hoje escreve para o FT.

Trichet entra no debate que está a colocar em confronto os Estados Unidos e a ala do Euro mais preocupada com as contas públicas no centro da qual está a Alemanha.

A apoiar a preocupação de Trichet está a indicação de que a economia europeia, com especial relevo para a alemã, está a sair da tempestade em que estava metida na sequência da crise grega de forma mais clara do que os Estados Unidos estão a sair dos problemas do subprime que já remontam a 2007.

O que se tem passado nesta crise tem colocado a nu o pouco que sabemos de economia. Uma ignorância que é ainda mostrada pelo debate que o FT está a promover entre os que são a favor da manutenção das medidas de estímulo à economia e os que consideram, como Trichet, que é preciso reduzir urgentemente os défices públicos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Vale pena ler e ouvir Ricardo Salgado

Foto: Miguel Baltazar

Hoje numa iniciativa do Negócios, a Hora H, Ricardo Salgado falou da situação da banca e da PT. Vale a pena ler e ouvir o que disse aqui.

Racionalidade é o que melhor caracteriza o único banqueiro de origem familiar que Portugal tem. Tudo é analisado e descrito com a frieza do raciocínio. Como quando diz que não se pode falar de traições.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PT -Vivo-Telefónica: perguntas sem resposta

1. Porque é que um gestor com a experiência de Cesar Alierta tenta comprar a Vivo à PT, uma empresa de outro país e onde o Estado tem uma 'golden share' sem falar com o primeiro-ministro desse país?
(Dizem-me que Alierta diz que pensava que Ricardo Salgado estava a falar com José Sócrates)

2. Porque é que um banqueiro de família e gestor experiente como Ricardo Salgado avança com um negócio que reduz a PT a uma empresa local sem falar com o primeiro-ministro, sabendo que o Estado tem uma 'golden share'? 

Nenhum deles cometeu um erro. Gestores, empresários e banqueiros deste nível, habituados a negociar no mundo, sabem que têm de falar com os governos mesmo quando fazem pequenos negócios. Não cometem erros tão básicos como estes. 
Não sendo erro é táctica.
Como táctica é esta saída de cena da Telefónica. Agora é a PT a pedir por favor comprem a Vivo.

Ver aqui dossier PT/Telefónica

terça-feira, 13 de julho de 2010

Condenados a um crescimento medíocre

A dívida que acumulámos condena-nos a um crescimento medíocre, a instabilidade e desconfiança dos mercados financeiros inviabiliza aterragens suaves.
Há uma nova recessão à vista. O ânimo deste primeiro semestre vai desaparecer antes do fim do ano.

sábado, 10 de julho de 2010

O BCP como instrumento

Nenhum banco pode neste momento dizer que nada em liquidez - todos andam a titularizar para irem ao BCE. Mas os rumores - desta vez com uma violência invulgar - só envolvem o BCP. De tal maneira que o banco teve de comunicar sobre boatos:

Há algum tempo que o BCP está a ser atacado com boatos. Ondas que vêm e vão, incapazes até hoje de gerarem uma notícia - é factualmente falso que o BCP esteja em dificuldades diferentes das dos seus parceiros. Mais: o banco anunciou esta semana que passou vias alternativas de financiamento.

Mas, quem andou a alimentar a boataria conseguiu gerar a onda gigante que desejava e transformar o rumor em notícia.
É preciso fazer a pergunta: Quem ganha com a instabilidade e a ameaça destes rumores e boatos?


»Hipótese 1: Quem quer esconder as suas próprias fragilidades (vêm aí os testes de stress);
»Hipótese II: Quem quer criar um terramoto financeiro em Portugal para capitalizar politicamente como salvador.


Cheira demasiado a vontade de mudar o regime. Passámos da habitual criação de uma onda de insegurança física, - que precede os períodos de fragilidade política lembram-se? -, para a amplificação da insegurança financeira onde o terrendo anda mais fértil.
 
Temos aprendido que vale tudo, que alguns achams que os seus fins justificam todos meios. Mas o que se está a passar é de uma irresponsabilidade sem qualificação. Quem quer que seja está a brincar com o fogo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O preço do crédito escasso


Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia precisam de 300 mil milhões de euros neste segundo semestre e têm de concorrer no mercado com países como os EUA, Reino Unido, Japão e outros países do euro que precisam de ir ao mercado buscar 4 biliões de dólares.

São dados da última actualização do relatório global de estabilidade financeira do FMI com os valores das necessidades de financiamento até 2012 dos cinco países que mais têm sofrido, com o aumento das taxas de juro, com a crise do euro. As necessidades de financiamento dos outros países é indirectamente apresentada pelo FMI como explicação para o facto de as taxas de juro de longo prazo desses países como Portugal terem continuado a subir apesar das medidas adoptadas pela Zona Euro a 7 de Maio - a mais importante das quais foi a compra de títulos de dívida por parte do BCE.

PT Vivo-Telefónica: o que todos fazem bem feito

(...) Los expedientes abiertos por la Comisión Europea durante la última década contra los llamados "derechos especiales" han sido en la inmensa mayoría de los casos contra aciones de oro en vigor nunca utilizadas (en Francia, España, Reino Unido, Dinamarca, Italia, etcétera). Algunos países, incluido España, han ejercido un veto tácito a nivel político (como el que frenó la fusión de Telefónica y KPN hace 10 años), pero sin violar directamente las normas comunitarias. Otros, como Italia, reformaron la ley de concesiones de autopistas de manera urgente para intentar frenar la entrada de una compañía española como Abertis.(...)
No Cinco Dias
O que é preciso é saber fazer as coisas, contornar a legislação comunitária.
Portugal não o conseguiu fazer no caso Totta/Banesto/Santander.
No caso da golden share da PT também não mudou a situação a tempo. Talvez, quem sabe, por nunca ter passado pela cabeça aos sucessivos responsáveis políticos que os accionistas portugueses de referência se iam aliar à Telefónica colocando o Governo - fosse este ou outro, porque o PSD faria o mesmo - perante o facto consumado de, com um acto e por uns bons milhões, transformar a PT global numa empresa local.

 
Casa roubada, trancas na porta
"O acórdão do Tribunal de Justiça europeu não conclui pela ilegalidade da existência de direitos especiais. O que este acórdão faz é pronunciar-se quanto à configuração dos direitos especiais existentes nos actuais estatutos da PT. (...) O Goverbno não deixará de procurar uma solução que simultaneamente assegure o respeito pelo direito comunitário, tal como interpretado pelo Tribunal de Justiça europeu, mas também a salvaguarda dos interesses nacionais".
Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, hoje, após o Conselho de Ministros

Agora iremos fazer bem - ser proteccionistas dentro da lei como permite (e até incentiva) a União Europeia. E a bem da realidade, nem fazemos nada mal. 
As vantagens da livre circulação de capitais e estabelecimento são positivas quando analisadas em termos absolutos.

PT-Vivo-Telefónica - Os vazios europeus

Como se previa, no quadro da aplicação da lei comunitária, o Tribunal de Justiça da União Europeia considera que Portugal, com a 'golden share' que detém na PT não cumpre os artigos 43 e 53 das Comunidades Europeias.

Concretamente, Portugal, segundo o Tribunal, viola regras do Mercado Único que estabelecem a liberdade de circulação de capitais e de estabelecimento no espaço dos 27.

A notícia pode ser lida aqui assim como na imprensa espanhola: no Expansion (vale a pena ler o comentário que cita o caso Endesa que acabou vendida à Enel - empresa controlada pelo Estado italiano - ou seja, passou de privada espanhola a 'nacionalizada' italiana) e no Cinco Dias.

A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia em comunicado e a sentença, com todo o caso aqui alinhado.

O caso tem estado recheado de interrogações, jogos de sombras e, em Portugal, expõe mudanças de posicionamento político de alguns dos protagonistas privados - começa a cheirar a mudança de regime.

Na União Europeia temos mais um caso que alimenta as contradições do edifício comunitário.
O Estado-Nação existe e não existe, ao mesmo tempo.
Os estados têm menos direitos que os agentes privados - estes podem ter as 'golden share' que quiserem - sem que se tenha criado um poder que substitua o poder que os estados tinham.
Como se garante assim o poder político? Não se garante. A actual arquitectura europeia colocou o poder na economia pela acção das regras europeias e omissão de um poder político europeu.
A crise do euro expôs dramaticamente esse vazio de poder político na Europa da União.
Deixar a política às forças do mercado é um erro que se pagará caro.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cavaco e "nós é que mandamos"

“Só o governo ou a Assembleia da República é que podem incluir essas matérias [alteração da legislação laboral] na agenda política portuguesa e, quanto sei, até este momento ninguém a colocou. (...)   “nenhuma entidade exterior pode colocar matérias dessas na agenda portuguesa, ninguém pode".
Presidente da República, ontem, sobre as recomendações e afirmações (insensatas, digo eu) do comissário europeu, assunto sobre o qual escrevi aqui
 
Há anos que a Comissão Europeia faz estes considerandos, tipo ladainha. A diferença, que pode ser substancial, é que desta vez Olli Rehn mostrou que não sabia do que estava a falar ao pedir, além da habitual reforma do mercado laboral, reformas na segurança social, metendo Portugal no mesmo saco que a Grécia. Para depois reconhecer que não o podia fazer.
 
As palavras do Presidente só podem revelar que atrás do pano da vida que vemos na União Europeia estão a desenvolver-se movimentos complexos, para não dizer graves.
Vivemos tempos perigosos.

Vale a pena ler

A entrevista com Teresa Ter-Minassian no Negócios (só em papel), a então directora do FMI que liderou as equipas do plano de estabilização no ano de 1983 em Portugal.
Ali defende Teresa Ter-Minassian que Portugal devia adoptar já medidas preventivas em matéria de financiamneto da economia para enviar aos mercados a mensagem: não precisamos de vocês no curto prazo. O que significa, aderir já ao fundo de ajuda europeu - até porque, alerta, os tais 750 mil milhões de euros podem não chegar se a Espanha também precisar deles.

O Governo já disse nem pensar recorrer a ajuda, pela voz do secretário de Estado do Tesouro.

O artigo de Martin Wolf no FT com o alerta para os riscos de deflação. Também indisponível na rede grátis, lembra o que se passou no Japão para moderar as fúrias de redução do défice público na Europa.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Vale a pena ler

Jeffrey Sachs hoje no Financial Times (sem link aberto):
Cinco recomendações de política económica, entre elas: os governos devem explicar à opinião pública e esta deve aprender que a política económica pouco pode fazer no curto prazo para gerar empregos de elevada qualidade; os investimentos públicos devem ser orientados para transformações estruturais a longo prazo, entre os quais se contam os "projectos verdes" como os associados à energia; os governos devem criar apoios sociais, sistemas de saúde e investir em educação; e os governos devem aumentar os impostos sobre os rendimentos mais elevados - e di-lo com a brutalidade de afirmar que têm de ter coragem para tributar quem lhes paga as campanhas.

Um diagnóstico:
"O facto relevante é que os Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Espanha e Grécia [junto Portugal] sobreendividaram-se durante décadas, pelo que a queda no consumo não é uma anomalia que se deva combater mas sim um ajustamento que se deve aceitar"

E uma frase que sintetiza genialmente os limites actuais da política orçamental (que não existiam quando os mercados financeiros eram menos sofisticados, nos anos30 do século XX):
"(...) o resultado da política orçamental depende não apenas dos impostos e das despesas actuais mas também do que se espera que venham a ser no futuro".

Acrescento que a única política que pode impedir uma depressão é a monetária, moderada com os olhos no risco de inflação.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As férias, o mendigo e o vizinho dele

O Presidente da República pediu aos portugueses para passarem férias cá dentro e não no estrangeiro:
"Aqueles que podem passar férias, devem fazê-lo cá dentro para ajudar Portugal a vencer as dificuldades atuais, pois passar férias cá, é criar emprego, combater o desemprego e ajudar à melhoria das condições de vida dos portugueses (...) Ajudar é reduzir o sofrimento daqueles que não conseguem entrar no mercado de trabalho ou que perderam o seu posto de emprego e encontram dificuldade em recuperar um outro... (...) passar férias cá dentro, nesta altura difícil, é também uma atitude patriótica."

O ministro da Economia Vieira da Silva respondeu em Xangai desejando que os preisdentes dos outros países não fizessem o mesmo tipo de apelo:
“Só espero que outros chefes de Estado de outros países não façam o mesmo apelo senão perderemos um fonte importante de divisas em Portugal”

O Presidente da República voltou hoje a reafirmar o que disse afirmando:
"(...)férias passadas no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa portuguesa(...)


O que leva um Presidente da República que é economista a usar uma política que é condenada por tudo quanto estudou sobre economia?
Crescer "comendo" crecsimento aos outros é em economia conhecido como políticas de "beggar thy neighbour". E Vieira da Silva ilustrou bem os seus efeitos perniciosos - se os cidadãos de todos os países fizerem o que Cavaco Silva disse aos portugueses para fazerem, além de todos crescerem menos, países que dependem mais do turismo serão aind amais castigados que os outros.

As políticas de crescimento por "comer à conta do vizinho" têm como resultado todos ficarem pior e deram muito maus resultados nas anteriores recessões - alguns economistas consideram que a crise de 1929 poderia ter sido menos grave se não se tivessem aplicado políticas proteccionistas.
Vale a pena ler The protectionist temptation: Lessons from the Great Depression for today

Na actual crise vários países na Europa e na América do Norte têm, mais ou menos discretamente, usado a arma do proteccionismo.
Já assistimos ao "Buy American" e "British jobs for British workers" comentado criticamente por Buiter
Ainda recentemente os franceses avançaram com uma campanha "compre francês" e é possível encontrar na versão em inglês do Der Spiegel argumentos a favor do proteccionismo (não encontrei o link).

Cavaco Silva como Vieira da Silva sabem bem tudo isso. O que leva então o Presidente a fazer um apelo tão perigoso? O facto de sermos um pequeno país? Um grande mendigo viver à custa do vizinho não tem o mesmo efeito que um pequeno mendigo viver à custa do vizinho? (Para não falar das violações do Mercado ùnico, mas quem não as pratica que atire a primeira pedra)

Há outros argumentos a favor. Como os de Paul Krugman e João Rodrigues. Assim como o apoio que em geral a opinião pública dá ao proteccionismo, como se vê neste barómetro passado do Negócios - embora possa praticar pouco.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O dito Mercado também é assim

PT sobe 32% desde a primeira oferta da Telefónica pela compra da Vivo
  1. É o grande valor que hoje tem ter dinheiro vivo?
  2. Mesmo sabendo que a nova PT - depois de vender a Vivo - atirará para as calendas a ambição de ser uma empresa de nível global.
  3. Mesmo sabenod que com a venda da Vivo a PT terá menos capacidade de gerar valor.
(Estes são momentos em que nos lembramos de como de grande sdescobridores nos tornámos tão pequenos e dependentes, como o porque nunca conseguimos ser como o Reino Unido)

Uma Nação endividada III

A Cimpor foi vendida e com ela
a Teixeira Duarte encaixou cerca de mil milhões de euros, pela venda à Camargo Corrêa a 6,5 euros por acção pelos 22,45% que detinha na empresa.

A PT está a caminho de vender a Vivo, o tal activo estratégico e que gerou mais uma daquelas ondas nacionalistas que antecedem as vendas a empresas espanholas - ah quantas vezes já vimos disto. Para já, com o trá-lá-lá publico de accionistas de referência e dos gestores conseguiram aumentar a oferta me 800 milhões de euros. Vamos ver se conseguem mais.
Para já estamos a falar de muito dinheiro. É fazer as contas: se por hipótese todo o encaixe de 6,5 mil milhões de euros for distribuído - esperemos que se consiga ter a sensatez de não o fazer, comprando um novo activo - alguns accionistas de referência vêm os seus problemas de falta de financiamento moderados. Como o BES que detém quase 8% da PT ou a CGD com 7,3%.

Depois da Cimpor e da PT vamos ver o que se segue
As dívidas também se pagam assim

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Desabafos...

... depois de assistir à conferência de imprensa do Conselho de Ministros de hoje.

Andamos todos muito confusos, nervosos, desorientados - governo, jornalistas, empresários e banqueiros.

O presidente de um banco, o BPI, diz que estamos prestes a bater na parede, afirmação que acaba por ser confirmada em linguagem mais moderada pelos seus colegas que banqueiros que depois dos excessos que cometeram se dão ao luxo de fazer recomndação financeiras - o que não é negativo, já que, pelo menos, aconselham a que se poupe

Um dos nossos maiores empresários, Belmiro Azevedo diz que "quando o povo tem fome tem o direito de roubar". E Belmiro esquece-se que tem o Continente - onde se vende comida.

O Governo vai dando o dito por não dito em impostos e investimentos públicos, sem o primeiro-ministro se dar ao trabalho de falar ao país. Mais grave ainda, reage a análises da manhã com decisões que depois criam ainda mais confusão com outros analistas a caírem-lhe em cima à tarde. Vai-nos valendo o ministro das Finanças, que dentro das ginásticas que já se vai percebendo que faz, coloca algumas coisas no lugar.

Nós os jornalistas fazemos as perguntas mais inesperadas em busca de demissões, julgamentos do que já passou e frases bombásticas quando todos ainda estamos na fase de saber como vão ser concretizadas as medidas de austeridade, se é preciso mais, qual a amplitude do acordo com o PSD, o que poderemos ter de fazer mais para se garantir a vida ao euro, se o euro está em risco, ....

A desorientação é muito má conselheira.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Zapatero e Sócrates, argumentos ibéricos

Veja as diferenças:

(...)Su idea de que la mayor crisis financiera tras el crac de 1929 se podía sortear con eslóganes y gesticulación propagandística hizo perder un tiempo precioso para que el país encarase en mejores condiciones una gravísima coyuntura económica (...).

O editorial do El Pais aprsenta argumentos que ouvimos também há algum tempo contra a abordagem que José Sócrates fez à crise em Portugal.

Zapatero e Sócrates tiveram a expectativa - que s epoderia ter confirmado - de que era possível fazer uma aterragem suave desta crise.
A Grécia obrigou todos os endividados a avançarem para uma aterragem brusca.

A Espanha com mais medidas na manga

Zapatero avanza que el Gobierno subirá los impuestos a los más ricos quando for oportuno e depois de analisar a evolução do plano de ajustamento económico anunciado a semana passada.

No Banco de Portugal existe a convicção de que as medidas adoptadas pelo Governo português, e divulgadas quinta-feira passada, são insuficientes para garantir um ajustamento que reduza ao mínimo o risco de Portugal precisar do dinheiro do Fundo Europeu de Estabilização financeira e do FMI.

A frase, de Lula da Silva

"Se nós, como políticos, fizéssemos apenas o óbvio e não tentássemos inventar tanto seria muito mais fácil governar o mundo"
Lula da Silva, presidente do Brasil

terça-feira, 18 de maio de 2010

A austeridade chegou para ficar

O primeiro-ministro em entrevista à RTP1:
"Se for necessário manter as medidas de austeridade até 2013, vamos fazê-lo"
Sócrates apelida declarações de Ulrich de "irresponsáveis e incendiárias"
PSD concordou com medidas "porque acha que é bom para o país"

A terrível restrição financeira

O presidente do BPI irritou-se com grande violência.
O que pode fazer um banqueiro irritar-se de tal maneira que pode até ameaçar o seu negócio? Tem de ser muito grave.

O muito grave, pode adivinhar-se, é a ausência de um discurso político que avise os portugueses para as dificuldades que vão enfrentar.

Mesmo que a economia cresça mais do que o esperado -como felizmente pode acontecer com a ajuda das exportações impulsionadas pela desvalorização do euro -, a restrição financeira é tão violenta que não permitirá que se cresça pelo consumo e pelo investimento.

Além disso, o país que sairá desta crise pode ser muito diferente em matéria de emprego. A taxa de desemprego atinge níveis historicamente elevados. O aumento da produtividade de que tanto o país precisa poderá criar muito pouco emprego. Esta pode ser a crise da reestruturação do tecido empresarial do país.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mais impostos para todos sem explicações

Vamos pagar todos muito mais impostos como se pode ver no comunicado do Conselho de Ministros  - muito mal cuidado e explicado. Um rascunho.

A conferência de imprensa também pouco serviu e fica também na história. O primeiro-ministro decidiu que só respondia a três perguntas e especificamente das televisões. O que interessa é a imagem.

Cada meio, todos sabem, desempenha uma função. A rádio dá a notícia, a TV mostra e os jornais explicam.

Mas não há nenhum interesse do Governo em explicar às pessoas o que as espera, justificar minimamente as razões que nos levaram até aqui - sem ser aquela desculpabilizante acusação aos "especuladores" -, solidarizar-se com os tempos difíceis que todos vão enfrentar e apontar um tempo que será melhor.

Fica na memória o primeiro-ministro ter dito que o corte nos salários das classes dirigente é "simbólico" - há uns tempos tinha acusado Paulo Portas de ser populista por ter proposto uma medida destas - num dia em que até o Reino Unido decidiu cortar os salários do Governo.  E a diferença com a mensagem de preocupação transmitida pelo novo líder do PSD.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Crescimento surpresa, muito interessante

Conhecemos mesmo mal a nossa economia dita real.

PIB cresceu 1% no primeiro trimestre face ao quarto trimestre de 2009 (em cadeia) e 1,7% relativamente aos primeiros três meses de 2009 (homólogo).

O impressionante é o crescimento em cadeia de 1%.

O aumento homólogo tinha condições para ser elevado por razões aritméticas: a economia tinha ido ao fundo no primeiro trimestre de 2009. Bastava que se produzisse o mesmo que no quarto trimestre para o aumento homólogo se aproximar de 1%.

Há um país real que não fala em Estado e que está a trabalhar com resultados - uma das locomotivas deste crescimento é, do lado da oferta,  o sector industrial e, do lado da procura, as exportações. Interessante.

Esperemos que resista às novas medidas que vêm aí.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Europa dos défices e dos excedentes (externos)

Muito interessante a caixa que o FMI faz sobre as contas externas dos países do euro partindo da constatação de que a parir do lançamento do euro os países do Sul do Área do Euro (SAE) registaram um acentuado agravemnto dos seus défices externos enquanto os países do Norte da Área do Euro (NAE) viram os seus excedentes aumentarem.

E diz o FMI, os défices externos continuam importantes numa União Monetária - diria uma união monetária à La UE - sem governo centralizado, sem política orçamental única, sem liberdade de circulação de pessoas.

É ou não importante o saldo externo é um debate antigo em Portugal entre Cavaco Silva - sim é importante - e Vitor Constâncio - não, não é importante - na homenagem a Silva Lopes no ISEG.. Quer Cavaco como Constâncio continuam a pensar da mesma maneira.

Vejam-se os riscos que o FMI identifica - ou a morte lenta ou um ajustamento abrupto - e as terapias - apertar a política orçamental é o que tem efeitos mais rápidos - retirar poder de compra às pessoas e cortar despesas, ou seja, aumentar a poupança do Estado. Outra terapia, para quem tem recursos, é reduzir as contribuições para a segurança social - o equivalente a uma desvalorização interna.

Vamos ver as medidas que aí vêm.

Agora vai ser a sério

Vêm aí medidas duras de combate ao défice público com redução do poder de compra de todos.
As decisões adoptadas este fim-de-semana primeiro em Cimeira e depois em conselho de ministros das Finanças da UE e ainda pelo BCE têm subjacentes medidas muito mais violentas de ajustamento da economia portuguesa, o que, obviamente, não passa fundamentalmente pelas contas públicas - o excesso de consumo que se reflecte no défice externo tem de ser corrigido o que só s efaz com redução do poder de compra, com cuidado, é óbvio, para não criar um problema (mais grave) no sistema financeiro.

Portugal, com a Espanha, comprometeram-se a adoptar novas medidas.

As pressões sobre Portugal:
Vêm aí medidas que vão doer.
  • Temos de estar preparados para o aumento do IVA - dado como certo, aceite indirectamente pelo PSD e que pode ser dado como troca para os sociais-democratas votarem a favor da redução das deduções em sede de IRS.
  • Um imposto extraordinário que pode incidir em parte ou na totalidade do subsídio de Natal.

domingo, 9 de maio de 2010

Euro-maratona

Os ministros das Finanças estão reunidos desde as 15 horas. A conferência de imprensa estava agendada para as 18 horas, passou para as 22 horas, depois para as 23 horas e agora não há hora agenda.

O acordo não está ser fácil.

Pois é,

Goodbye, stimulus. Hello, state budget cuts
Título da CNNMoney para os Estado americanos que se aplica que nem uma luva a Portugal.

O euro ataca a alcateia mercados

A expressão é do ministro das Finanças sueco e está difundida por todas agências:
"Estamos perante um comportamento de rebanho dos mercados, um comportamento de alcateia [wolfpack behavior]", afirmou o ministro das Finanças sueco Anders Borg, considerando que na segunda-feira não se pode desiludir os mercados, como lê aqui na Bloomberg.
A mesma atitude não está aparentemente a ter o Reino Unido. Alistair Darling diz que a responsabilidade cabe aos países da Zona Euro.

Após as decisões tomadas pela Cimeira do Eurogrupo, em comunicado aqui, os ministro das Finanças da UE estão reunidos, num encontro de emergência. Em cima da mesa está:
  • Criação de um Fundo de Estabilização para o Euro - financiado com empréstimos que seriam contraídos pela Comissão Europeia junto dos mercados e que teria como objectivo garantir os créditos aos países com problemas de acesso aos mercados financeiros.  O Fundo poderia ser semelhante (ou ser esse mesmo) ao que existe para a UE (facilidade para a balança de pagamentos) e que neste momento tem 50 mil milhões de euros. São necessários pelo menos mais 60 mil milhões de euros.  
  • Acelerar a redução dos défices públicos - Decisão que já foi adoptada na Cimeira de 7 de Maio à noite vez que o primeiro-ministro José Sócrates anunciou sexta-feira à noite que seria tomadas mais medidas e estabeleceu um novo objectivo para  défice público este ano - em vez de 8,3% é de 7,3% do PIB.
  • BCE assumia o papel de 'comprador de último recurso' - adquirindo títulos de dívida pública para acalmar os mercados. (O que já está a fazer indirectamente com a Grécia, ao aceitar como colateral todos os títulos de dívida pública grega que os bancos têm nas suas carteiras, sem restrição de notação de risco). 
Uma síntese do que se pode ler no comuniado da Cimeira do eurogrupo de 7 de Maio e nos seguintes sítios:
Europa prepara fundo para proteger o euro, no Negócios
Ministros das Finanças em Bruxelas para aprovarem mecanismo de estabilização para o Euro, na BBC
UE aprova mecanismo de estabilização para o euro, num combate aos "lobos" do mercado, Reuters

sábado, 8 de maio de 2010

É, de facto, um susto

As taxas de juro que os investidores estão a exigir para emprestar a Portugal, são d efacto um susto.

Krugman viu como se pode ler aqui e no sue blogue com o título "O Nao"  o que o jornalista do Negócios André Veríssimo detectou pouco depois do mercado fechar, com o título "Risco de incumprimento de Portugal segue padrão da Grécia".

Na sexta-feira a "yield curve" inverteu pela primeira vez para Portugal (depois disso já ter acontecido com a Grécia): os investidores exigem uma taxa de juro mais elevada no curto prazo que no longo prazo, colocando a yield curve positivamente inclinada apenas até aos três anos e negativamente inclinada a partir daí.

No fecho de mercado de sexta-feira em Lisboa estávamos assim:
a yield a 3 anos - 6,4%;
yield a 10 anos - 6,2%.

Pelo link que Krugman fez ao WSJ podemos ver como estavam as taxas d ejuro das Obrigações do esouro nas diversas maturidades:

Ainda se torna mais assustador quando se olha para o que se passava há um mês ou há um ano em Portugal:

 
Para empréstimos com o prazo de dois anos exigem hoje à República portuguesa mais 7 pontos percentuais que há um ano. Imagine-se o que que se está a exigir a instituições financeiras portuguesas.