quarta-feira, 10 de abril de 2013

A propósito do despacho de Gaspar que congela despesa

Confesso-me perplexa com as reacções ao despacho do ministro de Estado e das Finanças que impede, com excepção, novos compromissos de despesa pública até que sejam aprovados os novos limites orçamentais.

Vale a pena ler a este propósito Ricardo Arroja no Insurgente e Rui Albuquerque no Blasfémias.

O comunicado do reitor da Universidade de Lisboa é lamentável pelo que se exige de uma personalidade que pertence à elite portuguesa.

O Tribunal Constitucional - concorde-se ou discorde-se - determinou o pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e aos pensionistas. Estas verbas terão de chegar de algum lado ou de alguma forma.

Num quadro em que Portugal se encontra a fechar uma negociação sobre extensão das maturidades  do empréstimo do FEEF - a decorrer no Eurogrupo dia 12 de Abril em Dublin - e em que não está fechada a sétima avaliação, nada fazer de imediato significava um enorme risco.

Como povo somos livres de fazer as nossas escolhas. A escolha, neste momento, está a ser cooperar com os credores. Podemos fazer outra. Mas temos de ter consciência das consequências. Do que percebemos hoje da realidade europeia, a escolha da não cooperação com os credores significa custos muito mais elevados - em perda de rendimento, desemprego e direitos - do que aquela que estamos a seguir.

O Governo cometeu erros? Sem dúvida. Desvalorizou a dimensão da crise financeira do Estado e da Zona Euro, considerou que com uma aterragem brusca acompanha pela recuperação europeia se conseguia minimizar os custos do ajustamento e, com essas previsões validadas se não mesmo alimentadas pelo FMI e pela Comissão Europeia, foi arrogante com a oposição, nomeadamente com o PS.

Mas hoje estamos onde estamos. Se queremos ficar no euro o caminho é muito estreito e exige uma enorme cooperação.