domingo, 28 de novembro de 2010

A ajuda à Irlanda concluída


Fonte:Comunicado do Ecofin; MEEF: Mecanismo Europeu e Estabilização Financeira; FEEF: Fundo Europeu de Estabilização Financeira
O acordo de ajuda à Irlanda foi concluído no conselho de ministros das Finanças da UE que acabou por ser menos dramático do que se esperava.
Dos 85 mil milhões de euros, 67,5 mil milhões de euros é que vêm do exterior, o restante será garantido pela própria Irlanda. A taxa de juro será de 5,83%, à partida superior à aplicada à Grecia (5,2%).

A Alemanha acabou por recuar na intenção de trasnferir perdas para o sector privado, ficando-se pela análise "acaso a caso".

As notícias:
Irish Times - Irlanda recebe 85 mil milhões de euros
Bloomberg: Irlanda ganha 85 mil milhões de euros
Reuters:  UE suporta ajuda à Irlanda

Os comunicados:
Acordo FMI e Irlanda
Declaração do Ecofin

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Argentina

Nos últimos dias tenho pensado muito a Argentina.
Tenho de estudar melhor o que aconteceu à Argentina quando acabou com a ligação ao dólar um por um.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

E depois da Irlanda

Portugal pagou 4,8% para se financiar a um ano. Em Janeiro, para o  mesmo prazo pagou 0,928%. Além de uma taxa mais elevada, a procura foi mais baixa - 1,8 vezes a oferta, contra 2,2 vezes na emissão de Novembro

Portugal's Borrowing Costs rise escreve o Wall Street Journal:

"The sharp rise in borrowing costs highlights the impact Irish concerns have on yields in other euro-zone peripherals, and if Ireland gets an aid package, markets are likely to sooner or later push for a deal on Portugal," Brown Brothers Harriman said in a note to clients.
O efeito dominó está em acção. Os investidores já construíram a sua profecia e a respectiva confirmação.

Assim que a Irlanda disser sim, assim que se vergar à análise técnica dos homens e mulheres do BCE, FMI e Comissão Europeia que amanhã aterram em Dublin, Lisboa concentra a elevada de probabilidade de ser a próxima paragem.

O roteiro deste processo que os líderes europeus pré-traçaram com esta insistência de ajudar publicamente e aos gritos a Irlanda pode ser uma viagem de pesadelo. De Atenas para Dublin, de Dublin para Lisboa, de Lisboa para... pode já não haver este caminho para Madrid e Roma. Aqui a única saída será para Frankfurt, para as máquinas de imprimir moeda com que se quer acabar rapidamente com o fim da compra de títulos aos bancos da Zona Euro e que tanto se odeia por ali.
Ou o fim de um projecto.

Todos conhecemos os riscos. Imprimir dinheiro é inflação, é alimentar a dependência, é desincentivar a redução da dívida. Mas prometer ajuda que não se vai conseguir garantir até às últimas consequências, ameaça o colapso do euro - ou o recuo para a impressão de dinheiro

O FMI, o BCE e a Comissão chegam à Irlanda

Amanhã chegam à Irlanda as equipas t+ecnica dos FMI, BCE e Comissão Europeia para avaliarem se a Irlanda é capaz de resolver o problema da sua banca sozinha.

Vale a pena ler Ireland Braces for Bank Exam  ou ainda a narrativa do Guardian.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não queremos, e não queremos, diz a Irlanda

A reunião do Eurogrupo continua, a conferência de imprensa marcada para as 20 horas está atrasada.

Confesso a minha simpatia pela posição irlandesa ainda que ache graça a este título do WSJ - For Europe's Sake, Take the Money. Vale a pena ler o texto.

Assim como vale a pena seguir quer o Negócios - sim, eu sei que sou suspeita - como o que está a fazer o Guardian, uma excelente ideia.

Em Bruxelas o ambiente deve estar bastante quente.

Irlanda sob pressão - e o pânico de alguns

A Irlanda está sob uma violentissima pressão para aceitar ajuda, com vários líderes europeus a dramatizarem a situação até ao limite de dizerem que é o euro que está em causa

Para Portugal, uma intervenção na Irlanda, é a antecâmara para a entrada do fundo europeu e internacional também aqui, como já defendi.

A forma como os líderes europeus estão a lidar com esta crise da dívida legitima as perspectiva smais sombrias: Euro Dominos Will Fall Until Currency Is Split: Matthew Lynn. Com toda a racionalidade.

No Guardian mostra o minuto a minuto da pressão sobre a Irlanda e da desorientação na Europa (veja-se, por exemplo, a Áustria a dizer que quer deixar de ajudar a Grécia para depois dizer que afinal não é assim)

É possível - era possível, se assim o quisessem - resolver o problema financeiro em que está a Irlanda sem este alarido. Bastava ser-se menos ortodoxo em matéria de emissão monetária - mais emissão de moeda como está a fazer e se tem feito nos Estados Unidos.

O que é melhor? Ter mais inflação ou deixar de ter o euro?

domingo, 14 de novembro de 2010

Ajuda à Irlanda, o erro

A Irlanda está a ser pressionada aparentemente pela Alemanha para pedir ajuda ao Fundo financeiro europeu e ao FMI, apesar de só precisar de se financiar no mercado no próximo ano.

A Europa o FMI estão divididos sobre as vantagens deste pedido de ajuda.
Uns pensam que acalmará os mercados financeiros, outros, pelo contrário, receiam que a intervenção na Irlanda coloque Portugal na linha da queda, seguindo-se depois a Espanha... E para a Espanha não haverá recursos suficientes no fundo criado em Maio para a Grécia.

Outra razão para a pressão sobre a Irlanda está directamente ligada a Berlim: o governo alemão considera que se a Irlanda for intervencionada fica com as mãos mais livres para continuar a  falar sobre o castigo aos investidores que será consagrado no novo mecanismo de ajuda financeira aos países em dificuldades a ser discutido na reunião dos ministros das Finanças na próxima semana.

Angela Merkel está a ser acusada pela Irlanda, como já foi criticada pelo BCE e pela Espanha, de ter gerado a tempestade financeira que se viveu no mercado de dívida pública desde há quinze dias, quando na Cimeira Europeia se lançou o tema do fundo permanente com castigo a investidores privados.

Em Seul, na Cimeira dos G20, Merkel acabou por reconhecer que estava a falar para o seu eleitorado e pediu aos mercados que compreendessem os políticos. 

A intervenção na Irlanda pode ser uma gravíssimo erro. Para a Irlanda, para Portugal e para o euro.
A Alemanha está a actuar demasiado concentrada em si própria e não pode ser responsabilizada por isso. O euro expõe neste drama as contradições de políticas centralizadas e eleições nacionais.

Aqui a informação mais recente:
Ireland Urged to Take Aid by Officials Amid Debt Crisis

Europa pressiona Irlanda a pedir ajuda no Negócios

Government campaigns to avoid EU financial bailout no Irish Times

Ireland 'can manage own affairs', Srauss-Khan, FMI no Irish Times

Vale ainda pena ler
Is Ireland’s number up? de Mary Regan, no Irish Examiner via The Irish Economy

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

E ainda sssim os juros subiram

A última emissão de Obrigações do Tesouro foi colocada. O Estado conseguiu o montante que desejava e a taxa de juro foi alta mas acabou por ficar abaixo das piores previsões.

Temos de parar de pensar nas culpas que Angela Merkel tem nesta subida dos juros. Temos de conseguir que Angela Merkel não consiga influenciar, com as suas palavras, as nossas taxas de juro. E isso está nas nossas mãos, nas mãos das lideranças políticas do país e em cada um de nós.
Vale a pena ler o que disse o ministro das Finanças.
Tudo se resume a garantir que a proposta do Orçamento do estado entra em vigor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não consegues crescer? Rouba o teu vizinho...

... especialmente aquele que deixa as portas escancaradas, a Zona Euro

Eis a evolução do euro face ao dólar, a subir acentuadamente desde que a Reserva Federal anunciou que vai inundar a economia dos Estados Unidos com 900 mil milhões de dólares.

Fonte: BCE
De 28 de Outubro até dia 4 de Novembro o euro subiu 2,7%.
A Alemanha, o motor da economia europeia que cresce com exportações, tem a sua retoma sob ameaça e, por essa, via, transforma numa miragem (ainda maior, se é que isso é possível), o crescimento marginal de 0,2% da economia portuguesa por via das exportações.

Os Estados Unidos usam mais uma vez todos os remédios que têm à mão para reanimar a sua economia.
Na Zona Euro afirma-se que do outro lado do Atlântico não se vai entrar numa política de dólar fraco.

Pouco importa também. Porque se todos fizessem o que os Estados Unidos estão a fazer todos perdiam ainda mais. Se todos os vizinhos se roubarem uns aos outros ninguém fica melhor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Reserva Federal e Euro - que diferenças

As máquinas de imprimir dinheiro vão ligar-se em força na América.
Na América não se teoriza, faz-se.
Numa acção esperada mas surpreendente pela dimensão, a Reserva Federal norte-americana anunciou que vai comprar mais 600 mil milhões de dólares de títulos de dívida pública e vai ainda reinvestir 250 e 300 mil milhões de euros.
Claro que o euro reforçou de imediato a sua subida - um dólar está a custar 1,41 euros - e as bolsas norte-americanas reagiram em alta.
Ben Bernanke também conhecido por "helicopter Ben" pelos remédios que defendeu para uma crise como a japonesa - injecção de dinheiro em grandes quantidades - dá o tudo por tudo para reanimar a economia norte-americana.

Contrariamente ao que aconteceu no passado, a economia norte-americana não dá sinais de ter saído sustentadamente da crise. E mais grave ainda está com sintomas de ruptura na relação entre crescimento e emprego: em geral o emprego aumentava, após uma crise, mais rapidamente que na Europa - tal como o desemprego, que também subia mais depressa. Nesta crise o mercado de trabalho norte-americano não está a revelar a mesma flexibilidade.

Fed vai comprar até 900 mil milhões de dólares em activos

Fed to Buy Extra $600 Billion of Treasuries to Boost Growth

Na Zona Euro continuamos focados nos aspectos financeiros.
Hoje as taxas de juro da dívida pública portuguesa e irlandesa voltaram a subir, com os irlandeses a registarem um agravamento superior ao dos portugueses - a diferença entre os dois voltou a alargar-se. Porquê? A razão que está a ser atribuída pelos analistas de dívida pública é a mesma : o fundo permanente que só entrará em vigor em 2013 e que ainda exige a revisão do Tratado de Lisboa. Mas sobre o qual a Alemanha tem falado de mais, acusam alguns líderes políticos, como Zapatero.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Portugal, Grécia e Irlanda no olho do furacão

Quando esperávamos que os mercados nos dessem o prémio da austeridade eis que somos castigados de novo. O regresso da subida das taxas de juro, apesar da aprovação já garantida do Orçamento do Estado, só nos deixa uma consolação - antes era a Grécia que estava pior que nós, agora é a Irlanda. A Espanha já conseguiu sair do radar das preocupações dos investidores.

A razão deste novo abalo está, diz quem investe, na decisão da Cimeira Europeia do fim da semana passada de criar um fundo permanente de ajuda aos países em dificuldades no euro mas com um mecanismo que se traduza também em perdas para os investidores. Consequência: nunca mais as taxas de juro voltarão a ser as mesmas.

O novo fundo só entrará em vigor daqui a três anos mas os devedores de maior risco já estão a ser castigados.

Vale a pena ler o que já disse Angela Merkel e as reacções que já teve sobre este assunto:



European officials including Spanish Prime Minister Jose Luis Rodriguez Zapatero are concerned that announcing bond investors will have to shoulder a part of any future bailout will spook traders at a time when Ireland and Portugal are struggling to cut their budget deficits.
(...)
In subsequent remarks today in Brussels, Merkel dismissed the concerns that planning now to make investors help pay for any future debt crisis may drive up the borrowing costs of nations with high budget deficits. She said a distinction exists between the temporary and future mechanisms.


Mas parece que não está a haver distinção entre as actuais regras e as que vão ser criadas e que exigem até uma revisão do Tratado de Lisboa. E assim sobem os juros de Portugal, da Irlanda e da Grécia.