segunda-feira, 19 de maio de 2008

Combustíveis no convite ao disparate

"A situação [ do aumento de preços dos combustíveis] é muito preocupante porque tem impacto sobre o poder de compra das famílias e sobre a vida das empresas"
Ministro da Economia, Manuel Pinho

A pressão que está a ser feita ao Governo para combater a subida do preço dos combustíveis é o melhor caminho para se fazerem disparates.
Espero que não.
Mas lembro o que fez António Guterres e Pina Moura nos combustíveis - mantiveram o preço, criaram um défice só porque se convenceram que a subida era transitória.
E lembro ainda a falta de mercado na electricidade, em que o designado "défice tarifário" não é mais que preços abaixo de custo pagos com os impostos de todos.

É preciso não cair na tentação de limitar a subida do preço dos combustíveis.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não pretendemos o corte no lado demagógico da coisa, apenas na parte que diz respeito à actuação em "cartel" e outras coisas sérias do género...

Anónimo disse...

Penso ser importante dizer que a subida dos preços que se tem verificado não são condizentes com a evolução dos preços de compra do petróleo (pois os reflexos do aumento do custo não é imediato como todos sabemos). É importante sabermos se efectivamente existe, ou não, cartelização que é ilegal.

F. Penim Redondo disse...

Hoje já quase toda a gente percebeu que acabou a comida barata, a energia barata, os combustíveis baratos ou a água barata. Estão a tornar-se bens de luxo ou quase, a que cada vez terão mais dificuldade de acesso as classes médias e de menores rendimentos.
Como é possível que o governo português ainda recentemente tratasse a questão dos combustíveis como uma birra dos condutores mal habituados, subordinada em termos de importância ao equilíbrio orçamental ? Onde estão as previsões e as medidas preventivas que seriam de esperar de um governo responsável ?
Como se explica a resignação e passividade da Europa perante o encarecimento acelerado de produtos de que dependem os seus mais básicos padrões de vida, ao ponto de ter que ser acordada por um Manuel Pinho ansioso por encontrar bodes expiatórios ?
São todos incompetentes e irresponsáveis ou há outras explicações para este fenómeno ?
Convém talvez compreender que, mesmo dentro de um país como o nosso, nem todos são afectados da mesma forma e alguns até podem sair beneficiados destas crises. Quem exporta para Angola e é pago pelos rendimentos do petróleo talvez não tenha razões de queixa, ou quem é accionista da Galp, ou quem vende para a Venezuela às cavalitas do governo de Sócrates, ou quem tem sempre os combustíveis, e não só, pagos pelas empresas ou pelo Estado.
Esta questão dos preços do petróleo, do acesso ao crédito e aos produtos alimentares pode afinal ser, no essencial, mais uma forma de certas classes expoliarem outras.
Também ao nível internacional, nomeadamente na Europa e EUA, conviria perceber quem ganha e quem perde com este terramoto. Para sabermos se estamos perante aprendizes de feiticeiro que jogam um perigoso xadrez contra as potências emergentes, em que as peças são poços de petróleo e mísseis nucleares.