domingo, 28 de setembro de 2008

Regulação renovada e incentivos




Aqui Nelson Filipe Patriarca refere-se a uma análise dos economistas Daniel Gros e Stefano Micossi.



O e.economia entrevistou Daniel Gros e o Jornal de Negócios fez as contas para Portugal na edição de 24 de Setembro, obtendo os resultados que se pode ver nos quadro.
De acordo com estes cálculos ( que para Portugal usam o capital próprio), a banca portuguesa não está muito alavancada, face aos valores que Gros apresenta para alguns bancos internacionais.
Este indicador, que é muito mais simples que os exigidos pelos reguladores, tem a grande vantagem de poder ser calculado com a informação que está disponibilizada para todos nos relatórios e contas - o que não acontece com os rácios de solvabilidade que têm de ser ponderados pelo risco dos activos que não é disponibilizado e, como se vê nesta crise, esse risco é ... não o que quisermos mas depende de muita subjectividade.
Uma ideia - num regresso à simplificação da contabilidade - seria impor um limite máximo, um tecto, para este rácio entre activos e capital próprio.
Todos o poderiam entender - é tão simples como o limite do défice de 3% - o que tinha a vantagem de i) oferecer aos depositantes um outro critério de escolha do seu banco ii) de colocar também nos depositantes a escolha dos riscos que queriam correr; iii) indexar as garantias dos depósitos ao grau de alavancagem - quanto menor maior a garantia o que atraíria os depositantes para os menos alavancados e incentivava os bancos a correrem menos riscos.
Os reguladores nunca conseguirão, sozinhos e sem denúncias, conhecer o que os bancos andam a fazer de errado. E nem vale a pena pensar que se resolve o problema criando um supervisor para as agências de rating.
A regulação tem de ser desenhada consagrando um quadro de incentivos - no seu sentido económico e não financeiro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Toda a prosa do artigo é muito interessante e reconfortante, mas nos jogos de Roleta Russa, as boas intenções e as abençoadas contas valem o que valem...

Papio Cynocephalus disse...

mas as agências de rating não deveriam ser elas próprias monitorizadas? lembro o exemplo do Lehmann Brothers, que no dia anterior à falência tinha um triple A..em virtude do poder real que detêm no sistema económico, não seria meio caminho andado um "regulador" para estas agências