domingo, 21 de setembro de 2008

A semana negra - impressões



Foi uma semana negra para o sistema financeiro global (a imagem é tirada da Economist - Kal cartoon)


Confesso que me assustei na terça e quarta-feira quando vi:
  • a taxa de rendibilidade dos títulos do Tesouro norte-americanos a 3 meses descerem para valores da ordem dos 0,02% ( dia 17 de Setembro, quarta-feira) - taxas de juro de estado de guerra, não se viam desde a II Guerra Mundial

  • a libor do dólar - a taxa de juro de referência dos empréstimos dos bancos uns aos outros - salta para valores da ordem dos 6% (quando os valores médios da semana anterior para o 'overnight' estava nos 2,1%)

  • a possibilidade de se assistir à queda da Goldman Sachs e Morgan Stanley, após o fim da Lehman e de a Merril ter sido comprada pelo Bank of America

  • o facto de a intervenção/salvação do American International Group não ter gerado maior confiança dos bancos uns nos outros.

  • a necessidade de fundos por parte da Reserva Federal para fazer face ao crédito a conceder ao AIG

Respirei de alívio com:

  • a intervenção concertada dos bancos centrais na quinta-feira dia 18 de Setembro no montante e 180 mil milhões de dólares

  • o anúncio de um plano de limpeza dos "activos tóxicos" por parte da administração Bush, no montante de 700 mil milhões de dólares e neste momentos mais claro como se pode ler aqui.

Foi uma semana louca e tristemente histórica para o mundo financeiro. Foi uma semana de apagar fogos. Nem vale a pena colocar a hipótese de não intervenção - os custos de não intervir, de não salvar quem fez disparates era de tal forma brutais com efeitos em pessoas inocentes que acreditaram no sistema que não existe a opção "não intervir".

O mais grave efeito desta intervenção é, como todos sabem, o "moral hazard". A dimensão deste efeito depende:

  • do modelo de salvação: se os accionistas perderem tudo e os gestores também não se estará a beneficiar tanto o infractor.

  • das lições que se retirarem do que se passou para a adopção de medidas futuras.

Caso não se adoptem medidas estruturais, sinónimo de um novo quadro regulamentar, mais eficaz e transparente, das instituições financeiras esta não será a última crise mas apenas mais uma das que tem afectado a banca norte-americana desde os anos 80. Sempre com a próxima ainda pior que a anterior.

O capitalismo não está obviamente ameaçado. Mas ficou bem claro que os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio e que sofrem de graves falhas de mercado.

Como já se tinha visto nas crises da dívida da América do Sul, dos excessos no Sudeste asiático e Rússia nos anos 90, na euforia das dot.com também em finais de 90 início do século XXI, na falsificação das contas em 2001 (casos Enron e WorldCom) e agora na crise sub-prime.


Em todas elas - excepção para a sub-prime que não conhecemos o desfecho - salvaram-se instituições financeiras.

Vale a pena ler e perceber como ainda é muito difícil perceber o que fazer:


Os comentadores do FT cada vez mais parecidos com os Ladrões de Bicicletas, o I e o II

Pedro Lains

de onde chego a Paul Krugman e Freakonomics


na Causa Liberal Ciclos Económicos: Hayek

e ainda para investidores no Especulador Prudente Dia Histórico e o Fim do Bear Market

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