Um modelo semelhante foi usado nos Estados Unidos,
- nas crises da 'saving and loans' e até na grande Depressão
- no caso da América do Sul, se bem me lembro, nos anos 70 e 80.
Um modelo também seguido em Portugal quando se criou uma empresa - não me lembro neste momento do nome - que comprou crédito mal parado da banca portuguesa poucos anos depois do 25 de Abril e pouco tempo antes do início da privatização da banca nos anos 80.
3 comentários:
É uma vergonha. Gastar dinheiro dos contribuintes para comprar coisas que se sabe não terem valor.
Isso é muito pior do que nacionalizar as empresas. Quando se nacionaliza uma empresa o Estado fica com tudo - com a parte má da empresa, mas também com a parte boa e lucrativa.
Agora, com este plano Paulson, o Estado ficará só com a parte má da empresa - e ainda terá que pagar por ela!!!
É nojento.
Luís Lavoura
Pelo que percebi, o que está em preparação prevê que a nova instituição estatal a criar adquira lotes de dívida "tóxica" em regime de leilão, dando prioridade às ofertas que incorporem um maior desconto face ao valor facial. A questão é que, em muitos destes casos, não há uma valorização fiável do que valem estes activos e portanto, ainda que o desconto possa ser significativo, existirá aqui um problema de selecção adversa - as "melhores" ofertas incorporarão o que de mais "tóxico" possa existir.
Para além disso, não estou seguro de que se o esquema for "apenas" este, isso seja suficiente para afastar os problemas dos balanços das empresas - uma vez que existirão perdas, neste momento potenciais (e não reconhecidas no balanço porque estamos a falar de activos ilíquidos não sujeitos ao "mark-to-market"), que serão forçosamente (ainda que em parte) realizadas.
Creio que a única solução para obviar a este problema é a dita instituição estatal, ao adquirir os activos "tóxicos", obrigar também à cedência por parte das instituições financeiras de uma posição no seu próprio capital equivalente ao valor facial dos ditos activos.
Isto teria várias vantagens:
- em primeiro lugar, reduziria o problema do risco moral, uma vez que estas operações implicariam na maioria dos caos forte diluição do capital accionista; só fará sentido a entrada neste tipo de operações para empresas para as quais estes activos representem um risco sério e efectivo;
- em segundo lugar, o facto de haver como contrapartida uma participação no capital das empresas correspondente ao valor facial do activo em questão, eventualmente resultará em ofertas com um menor desconto, talvez acima do seu valor "real" - o que quer que isso seja; isto permitirá contudo que a operação tenha um real impacto no balanço das empresas, sem por isso significar uma transferência de todo o custo para a esfera pública; pelo contrário, caso as operações sejam bem sucedidas, poderão até ser bastante lucrativas para o Estado...
Não sei se haverá um mecanismo destes previsto, mas caso não haja, é evidente que haverá um sério incentivo a que as empresas financeiras despachem todo o seu "lixo", mesmo que não seja estritamente necessário para a sua "sobrevivência", transferindo custos e riscos para a esfera pública sem pagar por isso qualquer preço...
Pedro Ribeiro
Para mim,isto é uma espécie de cortina de fumo com ares de magia. O mercado, maníaco-depressivo, dá logo três saltos... A realidade parece-me ser bem menos doce.
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