Calma é a actuação sensata e racional neste momento. Atentos mas calmos, sem decisões precipitadas que agravem ainda mais a situação.
Os países europeus, estou convencida com base no que se passou até agora, não vão deixar cair nenhum banco. Os nossos depósitos estão seguros na sua totalidade e não apenas nos 25 mil euros garantindo pelo Fundo de Garantia de Depósitos.
O governo português não deixará cair nenhuma banco que esteja sob a sua responsabilidade tal como o já fizeram o Reino Unido, a Alemanha, a Dinamarca, a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo e a Islândia. Todos eles salvaram, com modelos variados, os bancos em dificuldades, dos grandes e transnacional como o Fortis - aos mais pequenos.
Não ter calma é apenas tornar a situação mais grave e mais difícil e cara de resolver.
Pelo meu lado, mantenho-me cliente dos mesmos bancos, que são privados.
É preciso olhar para a informação com sentido critico. A administração Bush está a ser tão irresponsável na gestão desta crise como irresponsáveis foram alguns dos dirigentes de instituições financeiras no passado.
Recomendo a leitura deste artigo de opinião do El Pais on Jose Ignacio Torreblanca compara o medo de hoje no sistema financeiro com o medo também gerado por Bush no passado recente com as armas de destruição maciça no Iraque.
Neste momento, e depois do que se passou ontem com o plano chumbado pelos próprios republicanos, é legítimo questionar se toda esta dramatização por parte da administração Bush aliada ao pedido de um cheque em branco ao tesouro que, conhecendo como deve conhecer os conservadores, teria grande dificuldade em passar em qualquer situação e muito menos em fase eleitoral, não teve outro objectivo se não ... o acto eleitoral.
Alguém acredita que com a violenta informação que se costuma ler nos jornais norte-americanos sobre as fortunas salariais e em prémios dos gestores do sector financeiro o cidadão comum, a classe média, concorda com um cheque em branco de 700 mil milhões de dólares a ser gerido por um ex-gestor de um banco de investimento?
A Europa está a ser muito mais sensata. Em véspera de eleições, a administração Bush, se quisesse realmente resolver o problema ou pelo menos não correr o risco de o agravar, deveria ter seguido o exemplo europeu - como aliás o esteve a fazer no último ano: tratar cada caso como um caso mas sem comprar o que não presta. A solução que melhor satifaz o não incentivo de 'moral hazard' é entrar no capital dos bancos, retirando o poder a quem não os soube gerir.
7 comentários:
"tratar cada caso como um caso"
Exatamente. Só se intervem numa instituição quando ela está quase a falir e quando as suas ações já desceram calamitosamente. Nessa altura essa instituição está suficientemente barata para que nacionalizá-la seja um bom investimento.
"sem comprar o que não presta".
Evidentemente. Não é como no malfadado plano Paulson, em que se punha o contribuinte a dar dinheiro por porcarias sem valor nem liquidez.
"entrar no capital dos bancos, retirando o poder a quem não os soube gerir"
Muito bem. Só quando os acionistas já sofreram o suficiente, vendo as suas ações delapidadas em valor, é que o Estado lhas compra. E, nessa altura, o Estado despede o pessoal todo que estava na gestão da instituição, e coloca esse pessoal na lista negra das pessoas que nunca mais na vida são autorizadas a gerir uma instituição financeira (como fez no caso do BCP).
Excelente post.
Luís Lavoura
Prezada Helena: Sinto em alguns dos seus textos o pessimismo da razão. Pelo contrário, neste texto está presente o optimismo da vontade...
Gaston
Ao ler o seu texto fico com a impressão que o Plano Paulson foi um tiro no pé para os Republicanos...
Em Espanha a manipulação da informação é forte. A intenção é boa e tém um certo efeito para evitar o pánico. Contudo, quando lemos e cruzamos mais informação, rápidamente percebemos o que é a realidade e o que são boas intenções.Em Portugal o cenário é idêntico...
Não sei se a Europa está a actuar, o que sei é que esta crise leva os bancos a terem atitudes curiosas, e inéditas, como é exemplo a que coloquei em post no meu blog.
Sinal de mercado, sinal de dificuldades ou sinal dos tempos? Acho que em breve saberemos se estamos assim tão a salvo de dificuldades, como alguns políticos nos querem vender.
Garantia total para os depósitos. Primeiro a Irlanda, depois a Grécia... A Europa está a actuar,de forma fragmentada e sem uma estratégia comum consistente...
"Porque te callas Helena???" Agora parece que é mesmo a sério. Os piores cenários começam a concretizar-se.
Quando o Expresso diz, que dois pequenos bancos estão com dificuldades é porque a coisa está mesmo preta...
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