domingo, 29 de março de 2009
Espanha estreia-se a intervir na banca
A Caja Castillha La Mancha recebeu um aval de 9 mil milhões de euros para que o Banco de Espanha lhe possa emprestar dinheiro.
Razões das dificuldades: exposição e risco excessivo no sector imobiliário e expansão para fora da área de origem.
O património da CCM é superior às suas responsabilidades. Mais uma vez há um problema liquidez.
O comunicado do Banco de Espanha.
O comunicado do Governo espanhol.
quarta-feira, 18 de março de 2009
A máquina de imprimir dinheiro a funcionar
Os Estados Unidos usam todas as armas para reanimar a economia.
Aqui no FT um extraordinário e educativo gráfico sobre a expansão quantitativa da moeda (quantitative easing)
A tentação do proteccionismo
"The protectionist temptation: Lessons from the Great Depression forAlemanha, Estados Unidos, Reino Unido e França são os países onde essa tentação poderá ser maior.
today
Barry Eichengreen Douglas Irwin
The problem, to the contrary, is that the country applying the stimulus
worries that benefits will spill out to its free-riding neighbours. Fiscal
stimulus is not costless – it means incurring public debt that will have to be
serviced by the children and grandchildren of the citizens of the country
initiating the policy. Insofar as more spending includes more spending on
imports, there is the temptation for that country to resort to “Buy America”
provisions and their foreign equivalents. The protectionist danger
is still there, in other words but, insofar as the policy response to this slump
is fiscal rather than just monetary, it is the active country, not the passive
one, that is subject to the temptation."
Krugman. Espanha e... Portugal
Paul Krugman está na Europa e resolveu olhar para a economia espanhola.
Spanish doldrums assim se chama o seu post que termina dizendo que vai ser muito feio, o futuro da economia espanhola.
Olhando para os seus gráficos conclui-se de imediato que também poderiam ser, com pequenas diferenças, sobre Portugal.
Aqui está exactamente a mesma fotografia mas para Portugal:
- custos unitários do trabalho a subirem mais que a zona euro, com a pequena vantagem de terem aumentado menos que em Espanha desde 2004
- défice externo crescente e acima dos 10% do PIB.
Hoje o Negócios tem hoje uma entrevista com Teresa Ter-Minassian - a 'mulher sem rosto' do início dos anos 80 quando Portugal negociou o segundo plano de ajuda do FMI. E uma das suas preocupações é obviamente o elevadíssimo défice externo português aliado ao baixo crescimento.
A evolução dos custos unitários do trabalho e o défice externo permitem perceber melhor as razões que levam Silva Lopes a afirmar que terá de existir cortes nos salários e a criticar o aumento salarial da função pública deste ano.
A alternativa a este ajustamento - aceitar cortes nos salários nominais mais elevados - poderá ser um nível de desemprego nunca visto em Portugal.
"(...)this is going to be ugly.", diz Paul Krugman falando de Espanha.
terça-feira, 17 de março de 2009
Manuela Ferreira Leite e os imigrantes
"Não tenho estado contra o investimento público, mas contra algum investimento público. Há investimento público de proximidade, que não tem componentes importadas, que não tem encargos para orçamentos futuros e que utiliza mão de obra nacional e que tem efeitos imediatos para o crescimento, com certeza que ninguém está contra ele», considerou Ferreira Leite segundo a TSF (à saída do encontro com José Sócrates em reunião de preparação da Cimeira da UE e que vi aqui assinado por Pedro Sales e aqui por Maria João Pires.
Já nem faço uso dos argumentos de princípios políticos e das opções portuguesas de se abrir ao exterior integrando o espaço da União.
Como economista que é Manuela Ferreira Leite tem de saber:
- A imigração é globalmente positiva para o desenvolvimento de qualquer país - há investigações que assim o demonstram.
- A imigração que em 'economês' se designa como 'mobilidade do factor trabalho' é essencial para potenciar e, neste momento, moderar as tensões da União Monetária sem um orçamento comum e com fortes restrições à mobilidade das pessoas.
- Reforçado ainda o anterior argumento, a migração - imi... e emi... - é na actual crise de destruição massiva de postos de trabalho uma via de evitar tensões sociais graves.
- Ainda em reforço dos argumentos anteriores, a imigração permite moderar a deslocalização de empresas - pode reduzir custos de reajustamento, isto é, desenvolve os países mais pobres com menos custos para os mais ricos.
- A imigração é ainda mais fundamental num país como Portugal em envelhecimento e com falta de qualificações.
Dito isto é ainda importante sublinhar o seguinte:
- Ser contra a imigração é equivalente a ser contra políticas de estímulo económico de países que importam mais do que exportam ou que têm elevado peso na economia global. Exemplo: um pacote de estímulo económico na Alemanha, pago pelos contribuintes alemães, pode acabar por fazer crescer mais países como Portugal do que a própria Alemanha. O mesmo se aplica a Espanha - país com um elevado défice externo - e obviamente aos Estados Unidos.
Ainda o pão e a liberdade
Tenho pena que valorizemos tão pouco a nossa liberdade individual. Tenho pena que as reacções a este post tenham surpreendentemente, para mim, apoiado a iniciativa de regulamentar o teor de sal no pão.
Existem sempre excelentes argumentos para justificar a entrada do Estado na vida privada de cada um. O problema é exactamente esse. É darmos mais valor a esses argumentos do que à nossa liberdade de escolher.
Um dos argumentos é o da saúde. Até onde nos pode isso levar? A uma polícia da alimentação que vem a nossa casa medir o teor de sal, de gordura...?
É sempre mais fácil regulamentar do que ensinar, educar, formar...para que se possa viver a liberdade. Mais fácil e mais útil para todos os tipos de poderes.
domingo, 15 de março de 2009
A estupidez não tem (mesmo) limites... no pão
(...)
"A estupidez tem limites", reage o presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Centro, Carlos Santos, notando que 80 por cento das padarias desta região já vende pão com valores iguais ou inferiores ao estipulado no diploma.
No Público de ontem (sem link disponível).
Regulamentar o teor de sal no pão????
Não há palavras, de facto
Jack Welch e o valor para o accionista
"On the face of it, shareholder value is the dumbest idea in the world," he said. "Shareholder value is a result, not a strategy . . . Your main constituencies are your employees, your customers and your products."
Tempos de mudança.
sexta-feira, 13 de março de 2009
A crise em infografias
Uma das minhas preferidas:
Where Did All the Money Go? by Emilia Klimiuk
A manifestação, a crise e a demagogia
Mais uma manifestação de dimensão surpreendente.
É de toda a sensatez não desvalorizar. Há energia para sair de casa e andar pelas ruas de Lisboa a gritar palavras de ordem a uma sexta-feira véspera de fim-de-semana.
A crise económica em Portugal ainda vai no seu início - tudo o indica.
Quem não se preocupa com estas imagens, com a energia que trasmitem, não consegue compreender os riscos que corremos por aqui e na Europa.
Peço desculpa pela auto-promoção mas revisito o editorial que escrevi no Negócios:
Demagogia e Crise
O contributo da contabilidade
The rally got an extra dose of adrenaline Thursday after an accounting board told Congress it may recommend an easing in financial reporting rules (...)
Com novas regras contabilísticas se salvam - também - os bancos.
quinta-feira, 12 de março de 2009
O défice externo...a grande ameaça portuguesa
É aquele significativo e acumulado défice externo que pode conduzir a uma subida muita acentuada do desemprego nesta crise.
A crise chegou no Verão
quarta-feira, 11 de março de 2009
Angola e o debate da 'retro-colonização'
Nestes últimos anos é a China que está a financiar os Estados Unidos.
A primeira visita de Hillary Clinton ao exterior foi à China pedindo - sim, pedindo - às autoridades chinesas que continuassem a comprar dívida pública norte-americana.
Qual é o nosso problema em que Angola, um país com elevados recursos importantes como o petróleo e financeiros - mais directamente, com dinheiro, o bem mais escasso neste momento - participe no capital das empresas portuguesas?
Qual é o nosso problema em que Angola - um país onde tudo está por fazer - abra o seu mercado a empresas portuguesas, com especial relevo para a construção que enfrenta em Portugal gravíssimos problemas e não pode emagrecer de um dia para o outro pelos efeitos catastróficos que teria?
Temos com Angola - como com Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Guiné - um longo passado comum, com bons e maus momentos - como com a nossa família. (Facto que os Estados Unidos não têm com a China).
Partilhamos uma cultura exemplificada por Fátima Roque na RTPN com pequenos pormenores como acharmos graça às mesmas coisas.
Sim, Angola não é uma democracia. O problema pode ser esse. José Eduardo dos Santos não tem defendido os seus cidadãos como devia e podia.
Contribuíremos mais para uma maior igualdade em Angola se a ostracizarmos? Não me parece. Quanto mais próspera for Angola mais condições tem para que as suas lideranças se comecem a lembrar da população em geral.
Boas relações com Angola é manifestamente um caminho em que todos ganham, nós e os angolanos.
terça-feira, 10 de março de 2009
Em homenagem a Angola (act)
São as que eram designadas quedas do Duque de Bragança.
Em dia de visita oficial do presidente de Angola a Portugal.
terça-feira, 3 de março de 2009
Os pequenos clientes do BPP
"(...)Como desde que nasceram não viram nada de verdadeiramente demolidor, acham que se tiverem um pensamento positivo as coisas não acontecem.Depois do tsunami, aí sim, as coisas podem mudar a sério (...)
Não teremos tido já o Tsunami?
No caso dos clientes do BPP, o que é de lamentar é que a Justiça não funcione. O que vimos ontem no 'Prós e Contras' - não gostaria de ser o género de 'nos Estados Unidos é que funciona' - mas estou tentada a dizer que já estaria alguém preso também no BPP.
Não me parece também que o alvo tenha de ser o Banco de Portugal. A supervisão desconhecia a existência dos segundos contratos - que garantiam o capital. Só quando se confrontaram com a responsabilidade assumida pelo banco em pagar o capital investido é que concluíram pela falsificação de contas - ou seja, a diferença (negativa/perda) entre o capital investido e o valor (desvalorizado) da carteira de títulos deveria estar contabilizada como perda nas contas do banco.
Essa perda é da ordem dos 400 milhões de euros. Daí que o banco esteja tecnicamente falido.
Os investidores com vontade de investir
O Índice de Confiança na Valorização da bolsa do International Center of Finance da escola de Gestão de Yale, uma iniciativa de Robert Shilller, a revelar que há vontade de investir.
Talvez por isso os investidores tenham ido comprar acções logo que ouviram Obama recomendar que o fizessem:
Os pequenos clientes do BPP
O cidadão sempre teve razões para acreditar nos bancos. Se tivermos de estar sempre a desconfiar de tudo e de todos vivemos numa anarquia e não num Estado de Direito
Revela que houve/há banco com portas abertas - autorizadas a funcionar pelo Estado - que enganam as pessoas.
Como disse Pedro Camacho no programa da SIC-N, no fim da semana passada, quando entramos num banco temos razões para acreditar que a instituição é credível em todas as suas vertentes, que não nos vai enganar.
É verdade que temos de ter mais cultura financeira. Mas a CONFIANÇA é a base da economia de mercado.
Quando vou a um restaurante não exigo ver a cozinha, os ingredientes quevão usar... Há uns tempos João Pinto e Castro do Blogexisto fez essa comparação.
É o bom nome do Estado que está em causa.