sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O aeroporto mais barato

O quanto custa? que se foi instalando, e bem, como critério avaliador das decisões de investimento exige que se façam bem as contas.

Do pouco que ouvi e li do estudo (aqui e aqui) que levou à decisão (preliminar) de escolher o Campo de Tiro de Alcochete como localização do novo aeropor internacional de Lisboa leva-me a concluir que o invetsimento até pode ser marginalmente mais elevado que continua a ser "mais barato" que a OTA.

Um aeroporto "produz" aterragens e descolagens. Se a OTA está limitada a 70 movimentos por hora e o Campo de Tiro suporta 100, o investimento por aterragem/descolagem (investimento a dividir por número de movimentos) será mais baixo na margem sul mesmo que o valor financeiro global do projecto seja igual nos dois casos. Campo de Tiro até tem margem para ser mais caro.

As contas, quando se fazem a olhar para os milhões sem olhar para o que se produz conduzem em geral ao "barato que sai caro".

Obviamente que fica a pergunta: há ou haverá procura para 100 movimentos por hora?

Neste momento é de elogiar que o Governo tenha tomado uma decisão, esperando que a fase do preliminar passe rapidamente.

Não há paciência para debates intermináveis que apenas servem para adiar decisões e não fazer nada.

8 comentários:

Pedro Braz Teixeira disse...

Defendo a construção faseada. Neste caso não é importante se haverá procura para 100 movimentos. Mas, se houver, podemos alargar capacidade até esse limite, coisa que seria impossível na Ota.

Anónimo disse...

Bem vinda à nova "casa", onde os comentários não rebentam... Bj PVM

Fábio disse...

Pior do que os debates intermináveis são as decisões precipitadas. É notável como um estudo elimina todo o processo de decisão que tinha elegido a OTA. Também é notável a decisão ser anunciada antes do estudo ambiental. Se o estudo ambiental chumbar Alcochete voltamos mais ou menos ao ponto de partida...

Ontem assisti a um belo momento de televisão na sic notícias - um "debate" com o bastonário da ordem dos engenheiros, o presidente da CIP, Henrique Neto e João Soares. João Soares defendeu novamente a solução Portela+1 e ninguém trocou qualquer argumento com ele. É verdade que a Ana Lourenço e restantes intervenientes pareciam escutá-lo, mas ninguém o soube contraditar. Numa atmosfera perfeitamente irreal, João Soares ainda repetiu por duas vezes as mesmas ideias, sem lograr receber qualquer resposta. Impressionante.

Segundo percebi no "debate" a Aéroports de Paris fez um estudo para comparar as soluções OTA e Rio Frio. Antes de emitir o seu parecer foi avisada que o Rio Frio chumbava ambientalmente. E por isso acabou por dizer que a OTA constituia uma localização possível (boa?) para o aeroporto. Excelente contribuição!

Anónimo disse...

Casa nova e não convidas os amigos ...
Quanto ao tema, e independentemente do local escolhido ou a escolher, apenas gostaria de acrescentar que aos custos apresentados nos sucessivos estudos falta um, o custo da não decisão e o do adiamento, e este também devia ser considerado porque, para além de não ser despiciendo, é um custo em que estamos todos nós, os contribuintes, a incorrer.
Bjs

João Pinto e Castro disse...

Concordo que a discussão não deve prolongar-se indefinidamente, porque o essencial é que Lisboa precisa urgentemente de um novo aeroporto. No entanto, para que conste, esses dados das movimentações comparadas estão errados.

Helena Garrido disse...

João Pinto e Castro,
Os dados das movimentações comparadas estão errados?

VOX disse...

Julgo que a questão do aeroporto Portela + 1 é inviável devido às ligações aéreas, certamente que iria dar muita confusão ainda mais com localizações muito próximas... Um novo aeroporto acarreta financiamentos, logo, divida pública ou impostos, apesar de ser um investimento público essencial ao desenvolvimento do país, creio que de um modo eloquente o estado deveria ter estudado todas as hipóteses possíveis, até pelo facto da importância do investimento e dos seus custos associados. Optou por Alcochete, mas, ao contrário do que disse o nosso PM, creio que ainda não há motivos para dormir descansado, pois é público, que não estudou todas as alternativas possíveis e certamente que isso ainda lhe irá pesar na consciência.

João Pinto e Castro disse...

A comparação com pressupostos mais aproximados (mas, ainda assim, não idênticos) indica 88 movimentos/ hora para a Ota e 100 movimentos/ hora para Alconhete. O próprio relatório do LNEC recomenda estudos mais aprofundados para confirmar este ponto. É curioso notar, porém, que: a) O Presidente do LNEC tem publicamente indicado uma vantagem 100/ 70 a favor de Alcochete; b) o primeiro-ministro pareceu querer valorizar também esta comparação de fundamentos duvidosos para retirar à sua decisão qualquer carga "política".