terça-feira, 3 de março de 2009

Os pequenos clientes do BPP

O que os pequenos clientes do BPP estão a dizer no 'Prós e Contras' na RTP é muito grave.
O cidadão sempre teve razões para acreditar nos bancos. Se tivermos de estar sempre a desconfiar de tudo e de todos vivemos numa anarquia e não num Estado de Direito

Revela que houve/há banco com portas abertas - autorizadas a funcionar pelo Estado - que enganam as pessoas.

Como disse Pedro Camacho no programa da SIC-N, no fim da semana passada, quando entramos num banco temos razões para acreditar que a instituição é credível em todas as suas vertentes, que não nos vai enganar.

É verdade que temos de ter mais cultura financeira. Mas a CONFIANÇA é a base da economia de mercado.

Quando vou a um restaurante não exigo ver a cozinha, os ingredientes quevão usar... Há uns tempos João Pinto e Castro do Blogexisto fez essa comparação.

É o bom nome do Estado que está em causa.

16 comentários:

José Só disse...

Acabei de ver o Programa Prós e Contras sobre o problema do BPP.
Quero deixar claro que NÃO sou cliente BPP pela Graça do Senhor. Depois de ouvir, tantos ilustres bancários , defender que BPP e BPN , são coisas diferentes, que o Estado e o Governo Scialista/Socratista não está a discriminar os "DEPÓSITOS a 3 meses COM CAPITAL GARANTIDO" , dos´"DEPÓSITOS A PRAZO" do BPN, fico com uma pequena dúvida, que infelizmente no debate ninguém levantou: COMO SE DEFINE DEPÓSITO A PRAZO? Que têm os clientes a ver com o destino dado ao dinheiro de um Banco. Alguém sabe o destino que o BCP, o BES, o BANIF,a CGD, dão ao dinheiro que depositam a prazo? Porque se exige então aos clientes BPP que o saibam.
Quase todos nós, somos do tempo em que um Banco era uma Instituição COM CRÉDITO! Agora exige-se a quem entra num Banco , o mesmo cuidado, de quem se dirige a um vendedor ambulante que vende camisas "Lacoste". O melhor é eesticar o pano a ver se rasga, e olhar bem se as etiquetas são mesmo verdadeiras, e se o tecido não tem defeito...enfim os Bancos equiparam-se agora a vendedores de contrafacção.Quem sabe se para fazer um depósito, não passaremos a ter que levar connosco , um advogado, um economista...e "qui çá" , um polícia
Boa noite

José Oliveira

Anónimo disse...

Cara Helena,

eu detesto simplismos, sensacionalismos e generalizações. Tenho alergia a discursos do "eles são todos iguais", etc. Mas devo dizer que há muito que não tenho confiança quando entro num banco. Tanto na CGD como no BES já recebi várias vezes informações erradas (as verdadeiras eram sempre mais desvantajosas para mim) tanto ao balcão como por carta.
No caso da carta, por ter prova física, cheguei a enviar ao Banco de Portugal, que depois do BES lhe ter comunicado que reconhecia o erro e que já me tinha pedido desculpa, que não poderia fazer mais nada.

Helena Garrido disse...

O problema é exactamente este .... está a cair (já caiu?) publicamente uma das instituições em que mais confiávamos - os bancos aos quais entregávamos as nossas poupanças. Essa confiança tem de ser restabelecida para o bem de todos nós

Anónimo disse...

Sim, concordo em absoluto.

É curioso que o BES tinha (tem?) algo muito semelhante ao que os clientes do BPP se queixam. Tratava-se de algo que era promovido como um produto de investimento, mas que implicava a contracção de um empréstimo por parte do cliente. No meu caso só me apercebi disso quando foi apresentada a simulação (obrigatória por lei) do pagamento do empréstimo...
Imagino o que aconteceu à grande maioria dos clientes, que tem pouca formação financeira.

Anónimo disse...

Post certeiro. A confiança é o factor fundamental para a estabilidade do sistema financeiro. Supostamente, um cidadão português, que entra num banco português, supervisionado pelo Banco de Portugal e autorizado por este a funcionar, deveria ter o direito de confiar nesse Banco. Lamentavelmente, é cada vez mais claro que o Banco de Portugal, no fundo, de nada serve. Mais, no Prós e Contras de ontem , o que na prática foi afirmado pela moderadora é que qualquer pessoa com "cultura financeira" só pode ter aplicações na CGD, e eventualmente num dos outros grandes bancos. Os outros, os pequenos, como o Banif, Finibanco, Montepio, etc, supostamente serão bancos em que nenhuma pessoa com "cultura financeira" poderá confiar...Ou seja, em Portugal, há bancos de primeira e segunda categoria. Os de primeira, são aqueles em que se poderia confiar e em que a supervisão do BdP serve para alguma coisa. Os de segunda, os pequenos, são bancos a brincar, em que o facto de haver um supervisor não conta para nada. Enfim...

Uma ultima nota que demonstra não só a incompetência do BdP como a má-fé subjacente a todo este processo: em TODOS os relatórios e contas do BPP vem afirmado que os depósitos de retorno absoluto estavam contabilizados em rubricas extra-patrimonais.Assim, claro e chapado no relatório e contas. E agora o BdP está surpreendido???!!! Será que ninguém do BdP se terá sequer dado ao trabalho de acompanhar e analisar a informação que os próprios bancos apresentavam nos relatórios e contas? É de rir.

Tenho algum dinheiro bloqueado no BPP, em conta à ordem, após de ter desmobilizado em 21 de Novembro a aplicação que tinha de retorno absoluto. Tenho extractos que demonstram que esse dinheiro está à ordem. Reclamo ao BdP e recebo uma carta de resposta igual à que foi enviada a muitos outros clientes, em que basicamente me dizem que o BdP nada tem com o assunto; que tente reclamar junto do BPP. É para isto que temos BdP? Nunca mais voltarei a confiar e a depositar dinheiro num banco português. Depois do que se passou com o BPN e o BPP, as garantias que posso ter da supervisão do BdP são nulas. O facto de este ultimo autorizar uma instituição bancária a funcionar, a receber depósitos, etc, parece que tem um valor zero.

É uma vergonha.

Anónimo disse...

É aceitável que meia dúzia de pessoas, objectivamente e inegavelmente burladas, se estejam a converter em mártires do anticapitalismo da moda? A imprensa, o poder político e finalmente o Governo sentiram que tinham aqui mais um bom motor de sensacionalismo e de propaganda, mas a verdade é que ser estrondosamente enganado e ter 200 mil euros para depositar não deveria ser razão para ser ostracizado. É impossível discordar disto. Então porquê esta campanha contra os "ricos do BPP"? Estamos de volta à luta de classes? Ele é os profs, os médicos, os magistrados, militares, os deficientes, os pensionistas... e agora os "ricos do BPP"??? O que é que se passa??? Sei pelo menos que a imprensa poderia fazer melhor do que embarcar nestes populismos.

João Pedro Santos disse...

A diferença entre um depósito a prazo e uma aplicação de capital garantido é que na primeira estou a emprestar dinheiro ao banco para este aplicar por sua conta. Numa aplicação garantida estou, esse dinheiro é aplicado num produto financeiro e o banco garante o reembolso do capital (e eventualmente também da remuneração). Caso o banco seja solvente ambos os produtos são (em grande medida) equivalentes, mas no segundo caso não estou protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos (para o qual aliás o Banco não contribui) e as implicações das aplicações para os requisitos de capitais próprios dos bancos também são distintas.

Helena Garrido disse...

Caro JP Santos,
No caso dos produtos de capital garantido há o Fundo de Indmenização dos Investidores, para o qual as aplicações do BPP estavam a descontar.

Anónimo disse...

Uma questão: faz sentido o argumento de "moral hazard" do Ministro? No fundo, diz que vai deixar cair os clientes do BPP para não estimular outros bancos a fazer o mesmo. Tendo em conta a pura fraude cometida, isto é um atestado de incompetência ao regulador e à justiça. No limite, é como dizer que não haverá mais protecção às vitimas de assalto porque isso iria estimular o aparecimento de ladrões.
De resto, por tudo o que já foi escrito - aqui e noutros lados-, parece-me óbvio que as pessoas do Banco de Portugal tinham que saber que o BPP estava a ser, no mínimo, ligeiro com a verdade. O facto de não terem actuado em tempo devido é preocupante. Estou certo que há gente no BdP que não está satisfeita com a decisão do Ministério das Finanças. É que há pessoas a quem a vergonha e a consciência ainda pesam. Fosse esse um exemplo que viesse de cima.

João Pedro Santos disse...

O Sistema de Indemnização aos Investidores é uma figura distinta do Fundo Garantia de Depósitos pois não compensa as "menos-valias".

Anónimo disse...

A coisa só vai ser moralizada depois de dar um grande estouro ( corrida aos bancos, com congelamento de depósitos e caos total).
Para já, isto é só uma brincadeira.
A malta, incluindo a malta de classe superior ainda não viu bem o filme.
Como desde que nasceram não viram nada de verdadeiramente demolidor, acham que se tiverem um pensamento positivo as coisas não acontecem.
Depois do tsunami, aí sim, as coisas podem mudar a sério.
Não vai ser bonito de ver...

Anónimo disse...

"Latvia could be on the "brink of bankruptcy"

http://www.spiegel.de/international/business/0,1518,610991,00.html

José Só disse...

JP Santos
Percebi a diferença, mas apenas do ponto de vista da dialética.
Num depósito a prazo, o capital é garantido. Numa Aplicação com capital garantido, que tanto quanto percebi do debate , foi vendido como um depósito a prazo, o capital também é garantido. A questão
da garantia, é em ambos os casos, lateral, ao depositante. É uma obrigação do Banco. O Banco, em ambos os casos, é ou deveria ser fiscalizado pelo Banco de Portugal, em última análise o garante do funcionamento do sistema bancário. Em ambos os casos, os Bancos aplicarão os depósitos onde bem entenderem. Em aplicações financeiras de alto risco, ou no apoio ás empresas, que representam em todo o caso também um risco. Menor , maior, em todo o caso é lateral ao depositante.E o "Fundo de Garantia de Depósitos", funciona como uma companhia de seguros estatal, aplicar mal esses contributos? E se os seus gestores, provocarem um desfalque?Ou acha que os gestores Públicos, se diferenciam dos privados? Em todo o caso, continua a ser lateral ao depositante.
Bem, o País pode entrar em Banca rota e aí nem a Caixa Geral de Depósitos garante coisa nenhuma. Mas do que aqui se fala, é apenas da diferença com que os depositantes do BPN e do BPP são tratados.Se admitirmos que o Governo agiu mal perante os depositantes do BPN, então está a agir bem perante os depositantes do BPP. O problema é que o Governo estigmatizou os depositantes do BPP, criando-se a ideia de este ser o Banco dos ricos. A CGD tem milhares de depositantes ricos, o Joe Berardo é cliente BCP, e accionista, coitado agora pobre (bem trocava a pobreza dele pela minha riqueza). Vivemos(?) em democracia, e a discriminação representa a antítese dela. É apenas isto que está realmente em causa. Mantenho o que disse, para fazer um depósito , aconselho seriamente, levar um advogado, um economista e, á cautela, um polícia.

José Oliveira

José Só disse...

JP Santos
Percebi a diferença, mas apenas do ponto de vista da dialética.
Num depósito a prazo, o capital é garantido. Numa Aplicação com capital garantido, que tanto quanto percebi do debate , foi vendido como um depósito a prazo, o capital também é garantido. A questão
da garantia, é em ambos os casos, lateral, ao depositante. É uma obrigação do Banco. O Banco, em ambos os casos, é ou deveria ser fiscalizado pelo Banco de Portugal, em última análise o garante do funcionamento do sistema bancário. Em ambos os casos, os Bancos aplicarão os depósitos onde bem entenderem. Em aplicações financeiras de alto risco, ou no apoio ás empresas, que representam em todo o caso também um risco. Menor , maior, em todo o caso é lateral ao depositante.E o "Fundo de Garantia de Depósitos", funciona como uma companhia de seguros estatal, aplicar mal esses contributos? E se os seus gestores, provocarem um desfalque?Ou acha que os gestores Públicos, se diferenciam dos privados? Em todo o caso, continua a ser lateral ao depositante.
Bem, o País pode entrar em Banca rota e aí nem a Caixa Geral de Depósitos garante coisa nenhuma. Mas do que aqui se fala, é apenas da diferença com que os depositantes do BPN e do BPP são tratados.Se admitirmos que o Governo agiu mal perante os depositantes do BPN, então está a agir bem perante os depositantes do BPP. O problema é que o Governo estigmatizou os depositantes do BPP, criando-se a ideia de este ser o Banco dos ricos. A CGD tem milhares de depositantes ricos, o Joe Berardo é cliente BCP, e accionista, coitado agora pobre (bem trocava a pobreza dele pela minha riqueza). Vivemos(?) em democracia, e a discriminação representa a antítese dela. É apenas isto que está realmente em causa. Mantenho o que disse, para fazer um depósito , aconselho seriamente, levar um advogado, um economista e, á cautela, um polícia.

José Oliveira

João Pedro Santos disse...

José Só,
Compreendo perfeitamente a sua posição, mas a verdade é que embora possam ser percebidos pelos clientes como produtos semelhantes estão sujeitos a regras diferentes. É aliás essa uma das razões que justifica a possibilidade de oferecer remunerações mais atractivas. Deviam ser tratados de forma equivalente ? Talvez. Tinha o BPP a obrigação de ter informado devidamente os clientes? Certamente.

Anónimo disse...

Mais atractivas???O BPP dava taxas em julho do ano passado de 5,25% para este tipo de produto!!O BES e o BPI dava 6,25%,o Santander 6,50, e como é obvio já para não falar do BPN!!!