sábado, 19 de julho de 2008

América loves Keynes

Depois do pacote fiscal, a administração fiscal prepara-se para lançar um pacote de obras públicas.

Interessante a análise aqui.

Qualquer semelhança com o que se passa por aqui é pura coincidência.
Por lá diz-se - pelos menos alguns - que quanto mais depressa começarem as obras nas pontes, estradas e escolas melhor.
Por cá as obras não merecem assim tanta atenção.
E a economia norte-americana está bem mais endividada que a portuguesa, com a sua banca de rastos.

Sim, é verdade que eles têm o dólar. Mas nós temos o euro. O que não queremos é ficar sem as empresas em mãos portuguesas?

3 comentários:

Fábio disse...

O euro só nos atrapalha. Just kidding.

Se metade do Rendimento Nacional são remunerações do trabalho e a outra metade rendimentos de capital, a propriedade estrangeira das nossas empresas significaria que teríamos de abdicar de 50% do Rendimento Nacional.

Há uns anos assisti a um encontro promovido pela Fundação Friedrich Ebert em Lisboa, por altura da crise na Argentina, antes das eleições legislativas portuguesas de 2002. Gravou-se-me no espírito o sorriso sarcástico de um economista alemão ao fazer um paralelismo entre o caso argentino e o défice externo português...

Com o euro regressámos, na prática, ao padrão-ouro que tínhamos abandonado em 1891 com o fim da convertibilidade das notas do Banco de Portugal em ouro.

Com o escudo o ajustamento da BP teria de ser rápido, visto que ficavamos à míngua de divisas. Era um ajustamento forçado pelas circunstâncias. Com o euro tudo é diferente.

Como frisava Silva Lopes, o preço do dinheiro vai apenas subindo marginalmente.

Existem campeões de exportação entre as empresas do PSI20? A GALP foi o maior exportador nacional de 2007 mas suponho que o seu VAB não deve ser enorme porque o Petróleo é importado. O PSI20 vive de empresas protegidas.

Como o défice externo não obriga a um ajustamento "cold turkey", visto que temos o euro, acho que no fundo só há duas alternativas: (1) empobrecimento progressivo, diminuição dos activos nacionais, quebra no RN, ou (2) rigor da gestão pública que "obrigue" o empresariado português a ir à luta, dificultando o dinheiro fácil em auto-estradas, "media", saúde, etc.

Ao princípio não concordei com o Professor João Ferreira do Amaral mas, cada vez mais, começo a concordar com o cepticismo dele. No fundo só faz sentido adoptar a moeda de euro se não existe um problema latente de défice externo. A Alemanha, por exemplo, que tem sido o maior exportador mundial (à frente da China, portanto), perde alguma coisa com a adopção da moeda única gerida com mão de ferro? Suponho que não...

Que sentido faz a criação da Sociedade Anónima Estradas de Portugal? E como é que este absurdo pode surgir com um governo socialista? Só são possíveis estes absurdos porque existe o euro.

Anónimo disse...

As empresas em mãos portuguesas? Qual a vantagem disso, exatamente?

Por exemplo, a Jerónimo Martins, que está em mãos portuguesas, emprega sobretudo polacos. Qual a vantagem para nós de a Jerónimo Martins estar em mãos portuguesas?

A Autoeuropa não está em mãos portuguesas. Mas parece ser extremamente útil para a economia portuguesa e para os trabalhadores portugueses.

Eu não quero empresas em mãos portuguesas. Quero empresas que invistam em Portugal, que dêem trabalho a portugueses, que tragam tecnologia para Portugal, que aumentem as exportações de Portugal. Tanto se me dá que os acionistas dessas empresas tenham passaporte português como de outro país qualquer (aliás, os passaportes adquirem-se, com jeitinho).

Luís Lavoura

Fábio disse...

Claro, é irrelevante a propriedade das empresas...

Vou ali à pastelaria da esquina, o que importa se sou atendido por uma portuguesa ou por uma ucraniana? As faculdades portuguesas podem ser geridas por estrangeiros, a ZEE pode estar cheia de pescadores estrangeiros, as propriedades alentejanas podem ser de estrangeiros, o que importa?