quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A justiça, o jornalismo e as campanhas

A entrevista da Procuradora Cândida Almeida a Judite de Sousa foi extremamente importante - foram feitas as perguntas que queríamos ver respondidas e a Procuradora, que revela uma força e uma segurança que nos conforta, esclareceu o que podia que foi suficiente para percebermos que há nesta história uma elevada parcela de manipulação.

Revela ainda como é importante a Justiça dar a cara no palco mediático. Tem sido a sua recusa em comunicar - que como vimos é possível, respeitando o segredo de justiça - que viabiliza a manipulação.

Dito isto, é fundamental que não se responsabilize o mensageiro: os jornalistas que fizeram o seu trabalho respeitando as regras.

O que escrevi aqui mereceu várias criticas. De João Pinto e Castro e da Câmara Corporativa .

Um jornalista sabe que enfrenta sempre o risco de manipulação. Cabe-nos a nós jornalistas minimizar a manipulação tendo consciência que frequentemente não a conseguimos eliminar. Não tenho razões para considerar que as regras jornalísticas foram menos cumpridas neste caso que noutros.

Há em toda a história que veio a público partes que correspondem ao que está no processo e partes que não correspondem. Isso mesmo foi dito pela Procuradora na entrevista à RTP. Mas houve de facto um erro: o primeiro-ministro não é suspeito no único processo onde tudo tem origem - o que foi desencadeado pela carta anónima.

Quando se juntam todos os casos enfrentados pelo primeiro-ministro, parafraseando Cândida Almeida, qualquer pessoa que enfrentasse o que ele já enfrentou seria tentado, como ele, a concluir que "há campanhas negras" que o perseguem. Há racionalidade nessa conclusão pelas medidas que adoptou, duras para muita gente.

3 comentários:

Anónimo disse...

O nosso querido Sócrates tém a Justiça que merece.
Neste país de opereta, não se consegue fazer uma reforma de jeito(Justiça incluída).
Como a coisa vai azedar(mais ou menos, ainda não sabemos)pode ser que as coisas mudem à pressão.
É um bocado difícil cidadãos com mais de dois neurónios aguentarem este doce pantanal.
Não se ponham com a treta de que um é melhorzinho do que o outro.Nem digam que isto se pode tornar ingovernável.É preciso acabar com esta paz podre.No mínimo votem em branco.Deixem de ser carneiros de rebanho.Protesten.Façam-se ouvir.

Anónimo disse...

Estou quase totalmente de acordo consigo, principalmente no aspecto de que o Min. Publico deveria ser mais disponível para prestar esclarecimentos (as excepções ficam-se pela Dra. Maria José Morgado e agora Dra. Cândida Almeida), os restantes mantêm-se na sombra do PGR Pinto Monteiro.

Mas se admite que houve um erro então não pode desresponsabilizar totalmente os jornalistas, pq estes não são apenas agentes fotocopiadores das suas fontes judiciais ou de outrem. Eles assinam os textos que concebem e alguém dá titulo às manchetes impressas.

Anónimo disse...

Mas falhou quando disse uqe não há indícios contra Sócrates e foi logo desmentida, no dia seguinte, pela publicação em todo o lado do teor da carta rogatório recebida de Londres.
Nesta carta consta que houve outre reunião posterior entre Sócrates e pessoas da Freeport onde terão sido combinados os detalhos da coisa
e consta também que estes indícios não vêm apenas da PJ portuguesa.
A intervenção foi precipitada e incorrecta.
Dela se parece poder concluir que o processo vai terminar por arquivamente.
Mas só em Portugal, porque em Londres vai provavelmente continuar até julgamento.
E não é impossível que termine com a condenação de alguém por ter subornado «you know who».
E isto é uma vergonha!