quinta-feira, 20 de maio de 2010

Desabafos...

... depois de assistir à conferência de imprensa do Conselho de Ministros de hoje.

Andamos todos muito confusos, nervosos, desorientados - governo, jornalistas, empresários e banqueiros.

O presidente de um banco, o BPI, diz que estamos prestes a bater na parede, afirmação que acaba por ser confirmada em linguagem mais moderada pelos seus colegas que banqueiros que depois dos excessos que cometeram se dão ao luxo de fazer recomndação financeiras - o que não é negativo, já que, pelo menos, aconselham a que se poupe

Um dos nossos maiores empresários, Belmiro Azevedo diz que "quando o povo tem fome tem o direito de roubar". E Belmiro esquece-se que tem o Continente - onde se vende comida.

O Governo vai dando o dito por não dito em impostos e investimentos públicos, sem o primeiro-ministro se dar ao trabalho de falar ao país. Mais grave ainda, reage a análises da manhã com decisões que depois criam ainda mais confusão com outros analistas a caírem-lhe em cima à tarde. Vai-nos valendo o ministro das Finanças, que dentro das ginásticas que já se vai percebendo que faz, coloca algumas coisas no lugar.

Nós os jornalistas fazemos as perguntas mais inesperadas em busca de demissões, julgamentos do que já passou e frases bombásticas quando todos ainda estamos na fase de saber como vão ser concretizadas as medidas de austeridade, se é preciso mais, qual a amplitude do acordo com o PSD, o que poderemos ter de fazer mais para se garantir a vida ao euro, se o euro está em risco, ....

A desorientação é muito má conselheira.

8 comentários:

Marco Dias disse...

Exactamente Helena! Pensei o mesmo nestes últimos tempos, ainda podemos juntar as declarações do presidente do BCE, para quem estamos perante a mais grave crise desde 1930 e do Nobel da economia, aconselhando reduçoes nominais de 30% dos salários em PT comparativamente à alemanha.

Estamos tratados com tamanha falta de visão estratégica nacional a todos os niveis.

Anónimo disse...

Talvez valha a pena ler com atenção:

"...Historians will tell you there is often a time-lag between the onset of economic disaster and the accumulation of social fury..."


http://www.ft.com/cms/s/0/4526d52c-6506-11df-b648-00144feab49a.html

(O registo gratuito permite o acesso aos artigos...)

Anónimo disse...

Está a ficar complicado...

"Spain Takes Over Ailing Bank"

http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704546304575260333295981768.html?mod=WSJEUROPE_hpp_LEFTTopWhatNews

Dante Alighieri, disse...

Parabéns dr. Fernando Ulrich. "Tem-nos no sítio". Na situação actual nada há de pior que os falsos optimistas. Continue. Dante Alighieri.

Diogo disse...

As recessões são deliberadamente criadas pelos bancos para se apropriarem da riqueza dos países ao preço da chuva

Numa Economia é necessária uma adequada
Disponibilidade de Moeda

Uma disponibilidade de moeda adequada é indispensável a uma sociedade civilizada. Podemos privar-nos de muitas outras coisa, mas sem dinheiro, a indústria paralisava, as propriedades rurais tornar-se-iam unidades auto-sustentadas, excedentes de alimentos desapareceriam, trabalhos que precisem mais do que um homem ou uma família fixariam por fazer, remessas e grandes movimentos de produtos cessariam, pessoas com fome dedicar-se-iam à pilhagem e matariam para permanecer vivas, e todo o governo, excepto a família ou a tribo, deixaria de funcionar.

Um exagero, dirão? Nada disso. O dinheiro é o sangue da sociedade civilizada, o meio pelo qual são feitas todas as transacções comerciais excepto a simples troca directa. É a medida e o instrumento pelo qual um produto é vendido e outro comprado. Removam o dinheiro ou reduzam a disponibilidade de moeda abaixo do que é necessário para levar a cabo os níveis correntes de comércio, e os resultados são catastróficos.

Como exemplo, bastará debruçarmo-nos sobre a Depressão Americana nos princípios dos anos 30 do século XX.


Depressão Bancária de 1930

Em 1930 os Estados Unidos não tinham falta de capacidade industrial, propriedades rurais férteis, trabalhadores experientes e determinados e famílias laboriosas. Tinham um amplo e eficiente sistema de transportes ferroviários, redes de estradas, e canais e rotas marítimas. As comunicações entre regiões e localidades eram as melhores do mundo, utilizando telefone, teletipo, rádio e um sistema de correios governamental perfeitamente operacional.

Nenhuma guerra destruiu as cidades do interior, nenhuma epidemia dizimou, nem nenhuma fome se aproximou do campo. Só faltava uma coisa aos Estados Unidos da América em 1930: Uma adequada disponibilidade de moeda para negociar e para o comércio.

No princípio dos anos 30 do século XX, os banqueiros, a única fonte de dinheiro novo e crédito, recusaram deliberadamente empréstimos às indústrias, às lojas e às propriedades rurais. Contudo, eram exigidos os pagamentos dos empréstimos existentes, e o dinheiro desapareceu rapidamente de circulação. As mercadorias estavam disponíveis para serem transaccionadas, os empregos à espera para serem criados, mas a falta de dinheiro paralisou a nação.

Com este simples estratagema a América foi colocada em "depressão" e os banqueiros apropriaram-se de centenas e centenas de propriedades rurais, casas e propriedades comerciais. Foi dito às pessoas, "os tempos estão difíceis" e "o dinheiro é pouco". Não compreendendo o sistema, as pessoas foram cruelmente roubadas dos seus ganhos, das suas poupanças e das suas propriedades.


Sem Dinheiro para a Paz, mas com muito Dinheiro para a Guerra

A Segunda Guerra Mundial acabou com a "Depressão". Os mesmos banqueiros que no início dos anos trinta não faziam empréstimos em tempos de paz para a compra de casas, comida e roupas, de repente tinham biliões ilimitados para emprestar para material militar, rações de combate e uniformes.

Uma nação que em 1934 não conseguia produzir alimentos para venda, repentinamente podia produzir milhões de bombas para enviar para a Alemanha e para o Japão.

Com o súbito aumento da quantidade de dinheiro, as pessoas eram contratadas, as propriedades rurais vendiam os seus produtos, as fábricas começaram a funcionar em dois turnos, as minas foram reabertas, e "A Grande Depressão" acabou!

Alguns políticos foram considerados culpados pela depressão e outros ficaram com os méritos por ter acabado com ela. A verdade é que a falta de dinheiro causada pelos bancos trouxe a depressão, e a quantidade adequada de dinheiro acabou com ela. Nunca foi dito às pessoas a simples verdade de que os banqueiros que controlam o nosso dinheiro e crédito usaram esse controlo para saquear a América e colocá-los a todos na escravidão.

Anónimo disse...

Já viu se tem espaço debaixo do seu colchão?

Quando muita gente perceber esta ideia, já será tarde de mais.

O último a sair que apague a luz...


"Eurozone banks facing second wave of loan losses"

http://business.timesonline.co.uk/tol/business/industry_sectors/banking_and_finance/article7141453.ece

Anónimo disse...

Cuidado com o cheiro das tintas...


"Greece urged to give up euro"



http://business.timesonline.co.uk/tol/business/economics/article7140270.ece

Helena Sacadura Cabral disse...

Ulrich põe o dedo na ferida. Ricardo Salgado diz que o dedo não tem ferida.
Poupem-nos a tanta desorientação. Já chega a do governo!