O que escrevi com o título "Ah se os alemães fossem às compras como nós..." tem gerado criticas e comentários, aos quais gostava de responder.
Primeiro as respostas gerais para quem me fez chegar as criticas oralmente, como Eva Gaspar. Tudo porque o que escrevi não é, nem de longe nem de perto, uma critica à Alemanha. Um país que merece o orgulho da Europa como se pode ler aqui, com quem os países europeus têm muito a aprender.
Só para dar um exemplo: teve a generosidade de partilhar o seu credível e forte marco connosco e o que exige da Zona Euro é aquilo que exige de si própria - disciplina financeira que garanta um euro estável e forte. E nós portugueses devemos também à Alemanha a consolidação da democracia.
Hoje Camilo Lourenço critica o meu artigo com título "Ah, se fôssemos mais produtivos!" Claro que só posso concordar com esse apelo.
Os apelos, "ah de os alemães consumissem mais" e "ah, se nós fôssemos mais produtivos" não são necessariamente exclusivos.
Nós cometemos erros de políticas e obviamente precisamos de ser mais produtivos e menos consumistas, mais disciplinados financeiramente.
Mas há um ponto sobre o qual vale a pena pensar: a Alemanha pode estar a usar os custos de produção - os custos unitários do trabalho - da mesma forma que no passado se usaram as tarifas aduaneiras – e a China usa a sua moeda – para “caçar o vizinho”. Esquecendo-se que se todos roubarmos o vizinho ficamos todos na mesma ou mais pobres.
Não é obviamente o governo alemão que o está a fazer, mas é sim o resultado de milhares de decisões de empresas em cooperação com os empregados. Mas o efeito pode ser o mesmo: uma escalada de reduções de custos traduzida em cortes salariais que, não sendo aceites em alguns países com tradições de contestação, conduzirão necessariamente à instabilidade social e política.
Só vejo perdedores se o caminho for pela redução de salários.
Vejo uma Europa ganhadora se houver uma aproximação com movimentos de convergência com origem nos credores e nos devedores.
Uns e outros contribuem para a correcção dos desequilíbrios, se os salários estabilizarem nos países que perderam competitividade, como Portugal, e se a procura interna se expandir, em países como a Alemanha.
2 comentários:
O "sacrifício" que se pede à Alemanha é semelhante ao sacrifício dos EUA no pós-Guerra: um Plano Marshall em troca de 25 anos de crescimento sólido.
O problema não está no "egoísmo" dos alemães, mas na tacanhez dos seus políticos.
Muito Boa Tarde,
Aproveito a minha regular visita ao seu espaço para informar a abertura de um novo blog dedicado exclusivamente ao debate de temas falados no programa de televisão Sociedade Civil. Como espectador, este meu novo espaço visa expressar as minhas opiniões sobre o assunto falado no dia. Aproveito a minha passagem pelo seu blog para divulgar, para que todos visitem e que sigam este blog. Serão todos bem vindos, bem como a colocação de links está em aberto. Se a colocação for feita neste seu espaço, colocarei também no meu, basta informar.
http://umespectador.blogspot.com/
Boa continuação e espero que apareçam.
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