De repente vejo-me em desacordo com quem em regra estou de acordo. Um exemplo: estou sempre de acordo com as análises de Nicolau Santos no Expresso. Mas hoje não. Sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento.
Compreendo e concordo obviamente com a análise de fundo de Nicolau Santos que é ainda sustentada pelos argumentos de João Rodrigues com consequências tão bem sintetizadas por José Castro Caldas quando diz: "A soma de PECs restritivos é uma enorme recessão".
Aquilo que os Ladrões de Bicicletas designam como os economistas do medo para citar quem escreve sobre estes temas na Sedes é para mim realismo, sensatez e pragmatismo. (Ou até Ricardo Araújo Pererira que na sua penúltima crónica nos diz que a política do PEC com o capital é do género "não afugentar a caça").
Portugal não tinha outra alternativa, como pequeno país que é, sem poder para alterar as regras do jogo. O PEC 2010-2013 é sensato, pragmático e minimiza o impacto social das medidas restritivas.
Sim, há alternativa. Aquela que João Rodrigues defende: mais Europa (o ideal) ou menos Europa (proteccionismo). Ou ainda, o sonho, a regulação global dos movimentos de capitais.
Ou ainda, menos ambicioso, pressionar a Alemanha para adoptar medidas de expansão da sua procura como tem defendido Martin Wolf no FT e vários economistas em Portugal, como os autores dos Ladrões, Pedro Lains, João Pinto e Castro, Silva Lopes - na conferência da passada segunda-feira promovida por Pedro Lains - e até Vitor Bento, um dos autores da Sedes.
O tema da expansão da procura na Alemanha para evitar o pior já entrou no debate político - lançado esta semana pela ministra francesa das Finanças.
Mas tenho dúvidas que a Alemanha se deixe convencer. Todos nos lembramos como a Alemanha não hesitou em deixr implodir o mecanismo europeu de taxas de câmbio em 1993 quando subiu as taxas de juro contra a vontade da França e do Reino Unido e ainda contra todas as recomendações - a retoma ainda não era sólida.
O PEC português é o possível. E dentro do possível é bastante sensato.
Mas, claro que estamos perante a ameaça de uma nova recessão na Europa.
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