quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O mistério BCE

As taxas de juro historicamente baixas, com a habitual excepção da área do euro.

O Banco de Inglaterra baixou a sua taxa de referência para 1%, o valor mais baixo desde que foi fundado em 1694.

O BCE não baixou hoje a sua taxa de referência mas admite que voltar a descer dos actuais 2% para 1,5% em Março. Nesta fase coloca de parte a possibilidade da taxa zero, já em vigor nos Estados Unidos.

O BCE continua um mistério - ou resistente a olhar para a realidade, em ser pragmático. Com o tempo que a decisão de Frankfurt leva espalhar-se por toda a economia e conhecendo o estado de calamidade para que estão a caminhar a esmagadora maioria das empresas, já deveria ter neste momento descido mais as taxas de juro.

Para exemplificar: apesar do BCE ter iniciado a descida das taxas de juro a15 de Outubro , em Portugal, as famílias que tiveram a revisão de taxa de juro em Novembro viram a sua prestação auementar significativamente porque a média da Euribor em Outubro foi extremamente elevada.
E, neste momento, quem tem a sua taxa apenas revista semestralmente e teve o azar de ter a revisão em Novembro ainda está a pagar uma elevadíssima prestação. Só em Junho, a esmagadora maioria das pessoas em Portugal estará a beneficiar das actuais muito mais baixas taxas de juro

7 comentários:

Yuppie Boy disse...

É um exagero dizer que só em Junho esmagadora maioria verá as prestações baixar. Os créditos mais recentes usam a Euribor 3 meses e só os que viram o crédito revisto em Novembro estão a pagar os pincaros de Euribor (para 6 meses).

Por outro lado, ao baixar demasiado a taxa, Trichet - e todo o BCE - perde poder e deixa de ter arma contra a crise.

VOX disse...

Yuppie Boy o BCE já perdeu o "poder" que refere no seu comentário desde Janeiro de 2008. No momento actual, já não vai conseguir controlar o que quer que seja. Aliás, pode-se afirmar que existe um perigo real de deflação. Contudo, a saída da crise no meu entender, passará por políticas orçamentais expansionistas através de gastos públicos, e nomeadamente, através de apoios ao investimento, ANTECIPADOS, diga-se. Ou seja, aproveitar da melhor maneira o QREN (é esperada uma reformulação, no sentido do tornar mais atractivo), no modelo actual as empresas têm que primeiro realizar os investimentos para poderem receber os subsídios(note-se a dificuldade de liquidez), creio que a melhor solução passará pelo estado subsidiar antecipadamente as empresas, e nesse sentido, apoiará realmente as PME's. Existem alguns "perigos", é certo, mas também é verdade que já passaram largos anos desde 1986. Nota: Em relação à liquidez outra forma do estado "estimular" poderia ser através da alteração ao modelo de liquidação do iva.

CS disse...

Falar em juros nulos pode ser suficiente para criar a expectativa nos agentes que isso venha a suceder?
Quando olho para a geopolítica de hoje vejo a economia a cruzar-se cada vez mais, ficando por isso mais incerta. E ela já era incerta. Veja-se a cimeira de defesa em: http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/02/obama-e-putin-distancia-na-cimeira-de.html
Alguém arrisca prognósticos?

Yuppie Boy disse...

Mas ainda existe uma falsa ideia de poder. E é isso que Trichet não quer perder.

E à parte disso, não me parece que juros mais baixos gerem mais consumo. Para mais, juros demasiado baixos podem gerar problemas no futuro. Quando as taxas voltarem a niveis normais serão vários os que as não vão conseguir suportar. Para já não falar na famosa "armadilha de liquidez". Muito mais importante é confiança ou pelo menos, a sensação de que existe um rumo traçado.

Anónimo disse...

Daqui a alguns meses, quando o nº de desempregados for insustentável, o povão vai responder aos patrões e ao poder na mesma moeda em que lhe estão a pagar.
Despedir de forma terrorista vai implicar necessáriamente uma resposta ao mesmo nível.
Quando o governo tiver que encarar esse cenário, vai torcer o rabo e criar regras em ritmo acelarado. A alternativa é perder o poder para outras facções políticas e o aparecimento de grupos perigosos e radicais.

Anónimo disse...

Não querem alterar a palhaçada da lei do arrendamento???
Não querem pôr um par de patins aos políticos corruptos do poder local e central???
Não querem pôr alguns pos parasitas do rendimento mínimo a limpar as matas e as cidades???
Não, pois não???
Não se querem incomodar.
Ficam todos contentes, porque uns são do PS e os outros são do PSD.Como se houvesse qualquer diferença fundamental entre os dois.
Professores, médicos, juízes: não se querem chatear, pois não?
Há os direitos adquiridos, os velhos hábitos da balda e do estatuto.É uma maçada.
Esta malta amoleceu com o tempo,não teve nenhuma guerra recente a bater à porta que lhes abana-se os espíritos.
Vamos então ficar assim serenos, à espera que a m... nos cubra até aos olhos.Amén.

Anónimo disse...

Muitos dos problemas serão (ou têm de ser)resolvidos pelo ..... TEMPO.
Injectar dinheiro, baixar juros, entre outras medidas, nesta fase, para mim pode vir a criar mais problemas que soluções. O facilitismo está em grande parte na origem do problema, e tentam resolver com mais facilitismo. Sem passar o tempo suficiente, as feridas não vão sarar, por mais que se faça. É preciso encontrar um equilibrio sustentável entre os recursos disponiveis, e o seu consumo.
Se não for assim, então entramos num ciclo curto de recuperação, que terá um final mais desastroso.

É a minha convicção.

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