domingo, 30 de novembro de 2008
O cidadão jornalista em Mumbai
Com as suas virtudes:
- o artigo do NYT
- o jornalista cidadão no seu twiter, no seu blogue e no seu flickr.
- como a BBC usou os twiters
O mesmo jornalismo participativo e os problemas que coloca como fonte de informação:
Actualização: acrescento o post de António Granado
sábado, 29 de novembro de 2008
Demasiado grande...
"(...) Se há empresas privadas demasiado grandes para irem à falência, como os próprios estados, das duas uma: o problema está ou em serem demasiado grandes ou em serem privadas."
O custo de salvar o BPP
- um efeito negativo na imagem externa de Portugal
- um efeito negativo na confiança dos portugueses no sistema financeiro.
O Governo deu mais peso a estes factores. Tem dados que nós não temos, nomeadamente o endividamento do BPP ao exterior e os efeitos que a sua falência poderia ter nos compromissos dos outros bancos perante o exterior.
Portugal é um país endividado face ao exterior - só este ano precisamos de um financiamento equivalente 10% do PIB, o equivalente a 47 milhões de euros por dia.
Criar factores de desconfiança na capacidade do país - leia-se, banca - pagar as suas dívidas poderia ser fatal para toda a banca. O problema é que o ministro das Finanças disse ao Negócios que o BPP não tinha risco sistémico. Afinal parece que tem.
Foi esse risco que parece - ainda ninguém o disse oficialmente - terá levado o Governo a salvar o BPP.
Foi esse risco que transformou o BPP num bem público e permitiu que os accionistas olhassem para o problema como mais dos outros - portugueses - que deles. De qualquer forma, os veículos onde têm o seu dinheiro investido está em perda e muito provavelmente não seriam afectados pelo queda da parte bancária do banco. Tudo isto se compreende, tudo isto é racional.
Mas há outras racionalidades. Há um gravíssimo efeito perverso em tudo isto, sintetizado também hoje em parte no artigo de Miguel Sousa Tavares:
"Se você é grande accionista do BPN ou do BPP e deve 500 ou 750 milhões de euros, não se preocupe que tudo será feito para acorrer em seu auxílio. Nos anos bons cobram-lhe não mais de 15% efectivos sobre os seus extraordinários lucros (...), nos anos maus acodem-lhe aos prejuízos. Mas se você tem o azar de ser tributado apenas no IRS pelo seu trabalho, facilmente lhe levam 42% dos seus rendimentos e começam a debitar juros no primeiro dia de incumprimento" Miguel Sousa Tavares, Expresso 29 de Novembro de 2008
E isto é o mínimo que se pode dizer sobre os efeitos perversos da história de salvação dos bancos que está a decorrer em Portugal.
Já tinha defendido aqui que o BPP era um caso diferente do BPN. É pena que os seus accionistas não tenham estado disponíveis para resolver o problema de liquidez do banco.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
O Orçamento de 2009 aprovado
É pena que não se tivesse feito um esforço - ou não tivesse havido tempo - para ajustar o documento a uma realidade e para uma previsão que mudaram muito deste Outubro.
Um Orçamento com um pé fora da realidade.
O Privado engenhosamente salvo
Um grupo de seis bancos, que inclui os cinco grandes mais o grupo Caixa Agrícola, vão financiar o Banco Privado mediante uma garantia dada pelo Estado que por sua vez empenha activos do Privado. Um modelo semelhante ao seguido pelo governo alemão a 7 de Outubro com o Hypo Real State.
Não era possível deixar cair um banco na actual conjuntura, dizem-me. Nenhum país europeu o fez.
Quanto ao facto de os accionistas não serem chamados a aumentar o capital o que me dizem é que o Banco não tem um problema de solvabilidade - o seu rácio é dos mais elevados do sistema, segundo as contas do terceiro trimestre deste ano -, mas sim um problema de liquidez.
Além disso o apoio dirige-se apenas à parte bancária da instituição e não aos veículos.
Quando a tempestade se acalmar vai ser preciso pensar seriamente no enquadramento da banca.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
O BPN e o mistério dos depósitos da Segurança Social
3. Eu direi que isso não é nada natural, bem pelo contrário, pois significa que 25% de todo fundo de maneio da Segurança Social estaria depositado num Banco cuja quota de mercado não chegava a 2%...
(...)
O problema não fica por aqui pois também se soube que, só no mês de Agosto, a Segurança Social teria levantado qualquer coisa como € 300 milhões do BPN – 60% do montante depositado - arrasando literalmente a tesouraria do Banco…como arrasaria a de muitos outros bancos da praça se fossem contemplados com semelhante hemorragia de fundos num prazo tão curto e numa época tão difícil..."
A viabilização do BPP
O BPI é, aparentemente, um dos bancos que integra o grupo que garantiu o financiamento ao banco.
Se assim for, poderemos estar perante um caso em que o mercado encontrou a solução.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
O BPP e o Finibanco - as diferenças
Da parte do BPP nunca foi colocada, pelo menos em público, a possibilidade de aumento do capital antes de recorrer à garantia do Estado. O que é difícil de compreender.
No Negócios defendi que o apoio público ao BPP deveria ser muito limitado.
O Banco de Portugal está a tentar encontrar uma solução para o BPP de forma a evitar que feche as portas com prejuízo para quem tem as suas poupanças ali investidas.
No processo do BPP além da estranheza que causa a ausência de iniciativas - pelo menos públicas - dos accionistas, uma das revelações causadora da maior perplexidade é o facto de João Rendeiro (na Foto de Miguel Baltazar ) ser funcionário público em licença sem vencimento ilimitada.
Nunca entrevistei o presidente do BPP. Pelo que li admito que seja um defensor do mercado e da necessidade de ser empreendedor - como foi - assumindo os riscos. Mas de facto é racional ter sempre uma rede de segurança.
O perigo da fragilidade institucional
A instabilidade financeira e a perspectiva de uma grave crise económica parece ter reacendido violentamente entre nós uma fúria de auto-destruição, do país e das instituições. Presidência da República, Banco de Portugal, Autoridade da Concorrência, Educação, Universidades... juntam-se agora aos habituais alvos que têm sido a justiça e o sistema de saúde. Não temos razões de queixa? Claro que temos. Mas entre a destruição e a crítica vai uma longa distância. (ler mais)
Foi essa preocupação que tentei também transmitir aqui com os exemplos do BCCI e Barings.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Paris no combate à crise
São empresas que deixaram de ter acesso a essa cobertura de risco por parte das seguradoras privadas. Paris fornece esse seguro através da sua seguradora pública.
As previsões da OCDE
São as previsões da OCDE hoje divulgadas.
As perspectivas são ainda mais desanimadoras quando se olha para as previsões que ali se lêem para a esmagadora maioria dos países da OCDE.
Na zona euro a recessão é inevitável, com acentuadas reduções no investimento privado. De tal forma que o investimento público apenas consegue moderar a queda.
Instintos autofágicos
Ouvir vezes sem conta... "Isto só em Portugal"...
Será possível que alguém informado acredite
»que casos BPN em que as autoridades detectam tarde as fraudes
»que ligações de altas figuras do Estado com responsáveis de empresas sob suspeita,
.... Só existem em Portugal?
Numa rápida busca online é possível encontrar alguns casos menos recentes:
- O caso BCCI no Reino Unido - fraude não detectada e realizada por várias pessoas
With the benefit of years of investigations it now appears that
BCCI’s financial statements were falsified ever since the bank was founded in 1972 (Basel Committee, 2004, p. 49). That this escaped detection for
nearly twenty years shows how effectively the complex international corporate
structure it devised shielded it from scrutiny by external accountants,
supervisors or regulators.E ainda aqui o relatório do senado dos EUA sobre o assunto - vale a pena ver a relação como Kissinger
- O caso Barings - também no Reino Unido, a fraude de uma só pessoa
Sinais (violentos) da crise que aí vem
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
O BPN e o Presidente
Não me parece pelo que se lê da Lei nº 31/84 de 6 de Setembro a que cheguei via Câmara Corporativa.
O Presidente remeteu hoje os jornalistas para a legislação quando questionado sobre o Conselheiro Dias Loureiro, escolhido por si.
Pouco tempo depois Dias Loureiro declarou à TSF que renunciaria ao cargo se a sua presença no Conselho de Estado causasse incómodo ao Presidente.
domingo, 23 de novembro de 2008
Há muito a explicar, como diz Vital Moreira.
Dias Loureiro não consegue explicar como fez o alerta ao Banco de Portugal se não sabia de nada.
António Marta afirma que a conversa que Dias Loureiro diz ter tido com ele não existiu.
O governador do Banco de Portugal ouvido no Parlamento chegou a dizer que se houve queixas foi no sentido de se estar a acompanhar demasiado de perto o BPN.
A supervisão é, há décadas, feita no pressuposto que os banqueiros são idóneos.
Como Jacinto Nunes explicou no Negócios (Weekend publicado na sexta-feira), a supervisão era feita ao almoço.
Detectadas as irregularidades, o passo seguinte era uma reunião com o banqueiro para corrigir a situação.
"Somos todos pessoas civilizadas, que resolvem os problemas de forma civilizada" - é e era o princípio.
"Os problema nos bancos têm de ser resolvidos na discrição dos gabinetes por causa dos efeitos catastróficos que a sua resolução em praça pública podem ter na confiança no sistema financeiro e na economia" - é outro grande princípio.
Somos todos civilizados até a violência da realidade acabar com a civilidade.
O BPN foi apanhado pela violência da realidade e ninguém reparou.
Oliveira e Costa agora preso não pode ser o único.
As notícias
que se podem ler:
Portugal Digital
E ver (em que Dias Loureiro diz que vai ao banco central pelo 'brua' que se ouvia)
RTP
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
O que o desemprego tem aumentado
Perspectivas
Os tempos têm estados difíceis, instáveis, complicados, complexos para quem tem a pretensão de acompanhar a realidade económica e financeira e tentar compreender o que se passa e especialmente o que vai acontecer.
Está a ser um ano impróprio para quem preza a estabilidade. E a actividade económica é amiga da estabilidade.
Na primeira metade do ano tivémos o petróleo em máximos, as matérias-primas em máximos, ameaças se forte subida na inflação... E a ilusão que o terramoto financeiro tinha sido resolvido.
No último trimestre - especialmente após a falência da Lehman Brothers - as réplicas do terramoto financeiro foram ainda mais violentas. As autoridades ficaram desorientadas, aparentemente tinham-se convencido que o problema estava ultrapassado.
De repente enfrentamos de novo a crise financeira, a perspectiva de aperto acentuado de crédito, o petróleo e as matérias-primas a afundarem-se e a ameaça de queda de preços com recessão.
O ano de 2009 promete ser especialmente difícil.
O aperto na concessão de crédito começa agora a fazer os seus estragos.
A recessão é inevitável. E ninguém arrisca dizer se vai durar pouco, como no passado, ou muito tempo.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Estranhos e preocupantes acontecimentos
Nacionalização do BPN com uma Lei das Nacionalizações assustadora.
Vamos ver o que vão dizer os deputados.
A declaração de Miguel Cadilhe é de uma violência que tem de ter forçosamente uma razão.
Em que mundo estamos nós?
A crise financeira não pode ser pretexto de abusos do Estado contra a liberdade económica. Depois de ter falhado na regulação o Estado não nos pode tirar a liberdade de iniciativa.
Começo a ficar seriamente preocupado. Crise financeira, crise económica e limitação da liberdade... É a imagem do terror.