O Inquérito aos Orçamentos Familiares expõe um agravamento da desigualdade que é chocante. Quando se comparam os dados recolhidos entre 2005 e 2006 com os de 1990 verifica-se que a diferença entre os rendimentos obtidos pelos 10% mais ricos corresponde a quase nove vezes a dos mais pobres, quando em 1990 essa relação era de 4,6. Seremos o país da UE com a maior diferença entre ricos e pobres.
Os números agora divulgados pelo INE permitem os mais variados estudos. O alerta mais grave é sem dúvida este chocante agravamento das desigualdades.
Quando olhamos para o fosso entre ricos e pobres apenas nos rendimentos obtidos como trabalhadores por conta de outrem a relação é ainda superior, da ordem das 9,4 vezes.
O mais grave desta situação é não ver uma tendência de correcção. Parece que todo o país foi contagiado pelo novo-riquismo que conhecíamos na década de 80 apenas na zona Norte da produção de têxteis.
4 comentários:
E ainda há quem tenha a distinta lata de afirmar que este genero de afirmações (incluindo as proferidas pelo PR) são demagogia e populismo! Esta situação é bastante grave pois provoca conflitualidade social que pode resultar em violência e crime! Ou aliás já resulta!
Gostava era de perceber, para lá das opiniões e explicações políticas de cada um, qual o mecanismo que está a funcionar e a gerar este desiquilibrio.
Será devido ao encerramento de unidades industriais pouco produtivas com a consequente entrada de muita gente com mais de cinquenta anos no desemprego? Qual o peso dos jovens que não arranjam emprego?
Que outros factores? E até quando é que dura o "delay" da dinâmica de sistemas, a partir de que ponto o sistema deixa de acomodar e "segurar", e evitar o conflito social?
ccz:
«E até quando é que dura o "delay" da dinâmica de sistemas, a partir de que ponto o sistema deixa de acomodar e "segurar", e evitar o conflito social?»
Até pormos um fim a isto
Duplicar o fosso entre ricos e pobres em dez anos… É OBRA!
A percepção geral comprova esta tendência REAL do alargamento deste fosso de agravamento de desigualdades!
Duplicar o fosso entre ricos e pobres em dez anos… é sintomático da falta de qualidade, per si, da nossa democracia social.
E é tanto mais grave porque o nosso PIB nestes mesmos 10 anos se manteve praticamente inalterado (rastejante: como caracterizou um ilustre economista, actual Secretário de Estado).
Os pobres estão mais pobres: é um facto que nos deve envergonhar a todos mas particularmente os poderosos, no Governo ou fora dele, que criaram as condições objectivas para este cataclismo social.
E como bem prega o Padre Melicias é bom que os ricos comecem a tratar dos pobres… para não acontecer a inversa!
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