domingo, 10 de abril de 2011

A Europa zangada com Portugal, e com toda a razão

O que disseram alguns dos ministros das Finanças europeus em Godollo, na Hungria, mostra bem como devíamos ter vergonha.

Finlândia
O ministro finlandês das Finanças afirma que Portugal só deve ser ajudado se apresentar e cumprir um plano de austeridade mais apertado que o PEC IV.

A Finlândia está a dias de eleições, a extrema direita ganha terreno e a maioria dos finlandeses (60%) é contra  plano de ajuda aos países endividados do euro desenhado pela UE.  A ajuda a Portugal tem de ser aprovada no Parlamento finlandês, condição que Helsinquia colocou para participar no Fundo Europeu de Estabilização Financeira (cada caso é um caso e terá de ser aprovado pelos parlamentares).

Suécia
O ministro das Finanças sueco Anders Borg  afirma que Portugal merece duras criticas. "Os portugueses colocaram-se a si e à Europa numa situação muito difícil", diz, citado pela Reuters. E considera que Portugal já devia ter pedido em finais do ano passado.

No Público podemos ainda ler que Borg afirma que o Governo tem uma grande responsabilidade no que se passou e que lhe foi pedido para enfrentarem a situação em finais do ano passado. Critica ainda o processo de ajuda: chegou na quinta à noite "para tomarmos uma decisão na sexta".

(E, digo eu, mesmo assim, o pedido chegar quinta à noite para uma ajuda que tem de chegar em Junho exigiu um esforço que o ministro sueco não imagina)

O montante em causa, diz ainda Borg, é demasiadó elevado para se para um Estado-membro pedir aos outros que tome uma decisão num período de tempo tão curto.

As estimativas do ministro sueco é de que Portugal precisa de 15 a 20 mil milhões de euros nos próximos meses. No Negócios escrevemos, com base em fontes conhecedoras da situação financeira portuguesa, que Portugal precisa de 25 mil milhões de euros nos próximos seis meses.

Não se faz o que o Governo está a fazer a um país, aos seus cidadãos e ao projecto europeu.
E - mais grave - parece que nem se repara que isto está a acontecer. Quando a Grécia estava a colapsar em Maio e com ela o euro, festejava-se o Benfica. Hoje o Governo festeja o líder.

7 comentários:

CCz disse...

Ponha a mão na consciência.
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A Helena sempre os apoiou.
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Ainda hoje, a maioria dos media continua a relatar uma realidade cor-de-rosa.
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Vai-se de concessão intelectual em concessão intelectual até ao inimaginável...

Anónimo disse...

Aquilo que vimos em Matosinhos, foi mau de mais para um País falido,em que os pobres sustentam os boys do PS e Sócrates se comporta como um coveiro, apesar de atirar a culpa para os outros.E a crise que este PS criou vai ser paga pelos mais pobres e pelos funcionários públicos, incluindo os reformados, que são sempreo bode expiatório. Entretanto, continuam a pagar a gestores(?) de institutos e fundações fantasmas, a governadores civis (que ninguém sabe p.que existem), a assessores (alguns com vários empregos e que nunca trabalham), etc.etc.etc.E onde anda a justiça, o PGR e o Presidente da ST, tão pressurosos a mandar destruir escutas (eventualmente denunciadoras de crimes públicos). Foi essa actuação que nos conduziu a esta situação, que é tudo menos aquilo q.nos foi transmitido de Matosinhos. A realidade do País sãodiferentes daquilo que nos quiseram impingir.

Anónimo disse...

A Helena em vez de se ficar zangada podia aproveitar para persuadir. A ocasião é única.

O primeiro poder vê-se adiado. O segundo está dissolvido. O terceiro mantém-se «entupido» com as decisões que não toma. A oportunidade do quarto poder é única.

A Helena pode persuadir primeiro os seus Colegas a usar uma pitada maior de rigor no que escrevem e no que dizem. Logo assim se distinguia da maioria dos ditos economistas locais que o pouco estudo sobre Portugal obriga a tantos palpites.

E como desafios tamanhos se devem obrar com trabalhinhos certeiros, aqui vai a primeira sugestão.

Deixe de dizer que «a causa da crise foi esta vida acima das nossas possibilidades». E convença os seus Colegas a fazer o mesmo.

Porque não foi. Porque para infelizmente muitos de nós, esta vidinha foi sempre abaixo do limiar da riqueza. Por isso lhe sugiro que passe a repetir em todo o lado que «a causa da crise foi esta vida duma parte importante de nós acima das suas possibilidades». E convença os seus Colegas a fazer o mesmo.

Assim talvez consiga influenciar o tom do debate que aí vem, das discussões que vão começar em breve, da explicação das medidas que vão ser tomadas. E talvez consiga desejadamente impedir que outras sejam ensaiadas. Para mim, o quarto poder seria assim a funcionar.

Fico-me hoje por aqui.

Obrigado.

F

Helena Garrido disse...

@F.
Deixar de dizer que vivemos acima das nossas possibilidades como se é exactamente isso que nos dizem os números: défices externos, endividamento das famílias e das empresas.
Só consigo compreender o que diz no quadro de uma análise - digamos - micro: um país onde se vendem demasiadas dificuldades para comprar facilidades e onde as grandes empresas têm negócio garantido. A concorrência, basicamente, não existe assim como existe mais exploração de rendas do que criação d evalor. Será isto?

Anónimo disse...

E então o quê? Esta Europa é alguma coisa que se recomende? Mas que informação lhe falta para perceber que o caminho neoliberal desta Europa é isto mesmo: miséria, desgraça, desigualdade, injustiça...

Anónimo disse...

A Helena tem toda a razão.

A repetição de inverdades corre o risco de as transformar em certezas. E porque estas «certezas» se podem tornar nos factos em que assenta a formulação da política por ex. económica há que acautelar o seu uso para evitar consequências que podem ser indesejáveis.

Perguntei-me por isso qual seria a mais indesejável das consequências duma política de ajustamento que tomasse tais factos como verdadeiros. Numa economia avançada, a consequência mais indesejada seria impor maior restrição a quem nunca beneficiou do avanço. Tenho grande dificuldade em afirmar que «o País viveu acima das suas possibilidades» ao mesmo tempo que penso que se trata «do País que está na cauda europeia da distribuição do rendimento e da riqueza dos últimos quinze anos». A crise atirou muitos concidadãos para estados de dificuldades. Mas não é destes que eu trato. Trato dos que estiveram sempre com grandes dificuldades e dos que nunca conseguiram sair da pobreza. Para que o ajustamento não lhes venha a impor uma restrição maior, há que riscar uma linha para além da qual se diz que o ajustamento não irá passar. Há que cortar já uma fatia do bolo que não vai ser tocada por mais ninguém.

Num momento em que o único poder ainda vivo é o da informação que se fala, se escreve e se lê: lembrei-me da Helena. Tentei persuadi-la. Sem me conseguir fazer entender.

Como a tarefa é digna de Ulisses, pensei que seria melhor usar a técnica de Arquimedes. Descobrir um ponto só. Porque se descobrisse aquele tal ponto onde colocar a alavanca do bom argumento, começaria a dar a volta à sucessão de palpites que se querem afirmar como verdades. Para mim, este tal ponto é a frase feita de que hoje pagamos porque «o País viveu acima das suas possibilidades». Porque daqui partem uma série de políticas e medidas que ignoram a verdade de se tratar «do País que está na cauda europeia da distribuição do rendimento e da riqueza dos últimos quinze anos». Pôs-se-me então a questão: como conter a avalanche dos palpites?

A resposta foi pedir à Helena para que deixe de dizer que «o País viveu acima das suas possibilidades». E pedir-lhe para que passe a dizer que «uma parte importante do País viveu acima das suas possibilidades». Tão-só. E que convença os seus Colegas a fazer o mesmo.

Hoje, gostaria de aproveitar para lhe mostrar outro ponto onde colocar a alavanca do bom argumento económico.

Quem cursou a Ciência Económica aprendeu logo de início que a medida da riqueza da nação se faz indiferentemente através da sua criação, circulação e destruição. As ditas lógicas do produto, do rendimento e da despesa. O receituário actual do ajustamento repete sem cessar a necessidade duma «desvalorização real» da economia como meio de recuperar o valor relativo da nação. Que se faz involuntariamente através da politica cambial, ou numa união monetária através de destruições voluntárias do valor absoluto da nação. Custa-me por isso entender quando uso uma lógica contabilística do rendimento da nação, que a «desvalorização real» da economia só tenha impacto sobre o rendimento do factor trabalho. E sejam usados argumentos que a teoria financeira não contempla para deixar inalterados por ex. o rendimento do factor capital, ou o rendimento do factor inovação.

Sem nunca deixar esquecer que a virtude duma «desvalorização real» da economia nacional desaparece quando são várias as economias nacionais a prosseguir a mesma política ao mesmo tempo. Mas isto fica para outra vez.

Obrigado pela Sua paciência.

F

Cidadão Comum disse...

A EUROPA ZANGADA COM PORTUGAL.
Parece-me que afinal o bom aluno, de alguns anos atrás se transformou num péssimo aluno, para Bruxelas.

Na altura da entrada para o Euro, onde não foi feito nenhum referendo, onde não foi explicado aos Portugueses os Prós e os Contras da adesão ao Euro, simplesmente os nossos políticos assinaram de cruz por todos nós. Tenho que assinalar que a entrada de recursos vinda de Bruxelas para o desenvolvimento do País foi muito boa, mas houve outro grande problema que foi a falta de educação económica dos Portugueses e principalmente dos nossos políticos e empresários. De facto o grande BOOM de desenvolvimento que o Pais detinha era na base da construção de infraestruturas e no consumo elevado de produtos não produzidos integralmente em Portugal. Governantes concordaram com as reformas e regras europeias que não defendiam o tecido empresarial Português,a agricultura e pescas também foram reduzidos ao mínimo tendo o país neste momento ficado insuficiente em termos alimentares.
Se bem me lembro cada governo que era elegido por todos nós aumentava impostos, de tal forma que chegamos a um ponto de insustentabilidade das famílias e empresas para poder cumprir com as finanças ( entre pagar impostos ou comer, prefiro comer).
Com o reinado Sócrates tenho a dizer que o Homem não de todo o culpado, mas é um péssimo gestor, pois não consegui ou não quis prever esta situação e não accionou a tempo útil a ajuda, que neste momento vai ser muito mais doloroso para todos nós.
Pessoalmente não me sinto responsável por esta situação porque:
1º- Não votei em nenhum referendo para entrar na zona Euro.
2º- Não me sinto responsável pela
má gestão dos sucessivos governos, pois não quiseram impor reformas estruturais que o Pais necessita para poder fazer face a globalização e continuarmos a ser país, pois neste momento já não somos.
3º- Sinto que qualquer que seja a força (s) politica (s) que ganhe as próximas eleições sejam apenas um
governo sem autonomia própria, vão ser mandados pelas instituições que nos vão resolver a crise financeira que portugal atravessa, e será por alguns anos. Portanto, passamos de País com 500 anos de História, para protectorado
europeu.

Cidadão Comum