quinta-feira, 18 de março de 2010

Fomos avisados - nós os do euro

A Grécia está a expôr os frágeis alicerces da construção chamada Euro.

Fomos avisados que:
» uma política monetária única,
» com políticas orçamentais nacionais e sem sequer um orçamento comum para apoiar parceiros em dificuldades - sim, eu sei que não era para caso como os da Grécia
» a que se soma o vértice da responsabilidade política nacional dos governos
criava um triângulo de equlíbrio instável.

As posições opostas da Alemanha e da França sobre a atitude que a Zona Euro deve assumir na Grécia revelam bem a dimensão desse conflito.

Os alemães não querem pagar a factura da ajuda à Grécia - sim, porque serão eles a pagá-la .
E até já ouvimos Angela Merkel - citada pelo Financial Times - dizer que não compreende porque é que os alemães devem ajudar os gregos quando estes se reformam antes dos alemães. Claro que Merkel é julgada pelo seu eleitorado alemão.

Depois de ter adimitido ajudar a Grécia o governo alemão defende agora que deve ser o FMI a apoiar os gregos.

Contrariando assim a posição da França, que explicou assim a lógica de o apoio chegar de Bruxelas e não de Washington: o FMI não deve ajudar a Grécia como não ajudou a Califórnia - os dois fazem parte de uma área de moeda única, assim falou Cristine Lagarde, a ministra francesa das Finanças

Pois é a verdade. A Califórnia e a Grécia integram áreas de moeda única, uma o dólar, outra o euro.

Com uma pequena grande diferença - a Califórnia integra os Estados Unidos da América que ninguém discute que é uma Zona Monetária Óptima - para isso conta com 3 elementos fundamentais que o euro não tem: 1) mobilidade do factor trabalho, 2) um orçamento central 3) e uma união política.

O Pacto de Estabilidade não tem obviamente a energia para encher os buracos da estrutura da moeda única.

Só a vontade política da Alemanha poderia ter essa força - mas Berlim não sabe como explicar aos eleitores alemães que têm de pagar os excessos dos outros nas compras... de produtos, muitos deles, alemães (mas esta é outra conversa, para mais tarde)

2 comentários:

João Pinto e Castro disse...

Há aqui uma confusão, Helena. Os alemães não têm que pagar nada. Basta que o Estado baixe os impostos.

Helena Garrido disse...

No longo prazo, para a retoma, os alemães devem baixar os impostos - em linha com o debate que se acendeu com o artigo de Martin Wolf - não é isso que trata este post.
No curto prazo se for preciso passar um cheque à Grécia quem paga a maior factura é a Alemanha