domingo, 17 de fevereiro de 2013

Lideranças que incluem, lideranças que excluem

Ainda a propósito do que escrevi aqui (só para assinantes) sobre quadro de valores de algumas das nossas lideranças e de como são também responsáveis pelo que todos somos como sociedade vale a pena ler:

* Dani Rodrik  The battle is renewed: state capitalism, mercantilism, and liberalism

Daron Acemoglu e Jim Robinson - Is State Capitalism Winning? no qual sublinho o nono parágrafo: A real dicotomia é entre instituições económicas que incluem [as pessoas] e as que extraem [das pessoas]:
"(...)At a deeper level, the real dichotomy is not between state capitalism and unfettered markets; it is between extractive and inclusive economic institutions. Extractive institutions create a non-level playing field, rents, and narrowly concentrated benefits for those with political power and connections. Inclusive institutions create a level playing field and give incentives and opportunities to the great mass of people(...)"


* E ainda do Der Spiegel: Alemanha: No país das boas pessoas de onde retiro:
"(...) Em 2010, o psicanalista italiano Sergio Benvenuto evocou o caso da Itália em Carta Internacional. Silvio Berlusconi, diz ele, faz política para os clientes de “cafés-bares”, este “império do politicamente incorreto”, onde reina a vulgaridade e se critica os políticos, a não ser que sejam “apolíticos” como Silvio Berlusconi. Sergio Benvenuto explicou portanto o segredo por trás da longevidade deste último.Não é para os fiéis clientes de cafés-bares que se faz política na Alemanha. O coração do país bate nos supermercados biológicos, onde as mulheres e os homens lutam por um mundo melhor ao comprar produtos biológicos. (...)"

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O desemprego visto pelo emprego


O desemprego que veio para ficar, o meu editorial de hoje que aborda o problema do desemprego na óptica do que aconteceu ao emprego durante os últimos cinco anos e em linha com O desemprego inevitável que escrevi em Junho do ano passado. E ainda a conversa com Manuel Acácio no Fórum da TSF de hoje que teve como tema  "O desemprego e o estado do país".

Eis os factos que podem ser vistos nos gráficos em baixo, com restrições de leitura pro ter havido uma ruptura na série do inquérito ao emprego em 2011:
1. A destruição de emprego concentrou-se nas baixas qualificações (até nove anos de escolaridade)
2. Durante os últimos cinco anos houve criação de emprego para qualificações superiores aos nove anos de escolaridade.

As possíveis consequências num quadro em que nem as políticas do Governo nem as pessoas mudam:
1. A taxa de desemprego vai manter-se elevada;
2. O crescimento da economia será medíocre, condicionado pela falta de qualificação.

O que pode moderar essa tendência:
1. Emigração de não qualificados;
2. Imigração de qualificados;
3. Políticas que qualificação profissional dos activos e mudança de política educativa para as novas gerações.

Comentário às medidas numa óptica de probabilidade de ocorrência:
A emigração e a imigração dependem de decisões individuais, sendo mais provável a sua ocorrência.
As políticas públicas para aumentar a qualificação exigem cooperação entre o Governo, os sindicatos e os patrões como revela este estudo da OCDE da autoria de Glenda Quintini. Uma cooperação que em Portugal se tem revelado impossível. 

Conclusão:
O que antecipo não é, infelizmente, positivo. Esperam-nos tempos de elevado desemprego e crescimento medíocre. Ou de políticas de mais do mesmo, ou seja, o regresso da construção e obras públicas que nos atirarão a prazo para uma nova crise.

Aqui deixo dois gráficos que têm como fonte o INE mas que devem ser olhados apenas como tendências face à ruptura da série em 2011

Fonte: INE, vários inquéritos aos emprego; * ruptura de série em 2011

 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um dia histórico para a Irlanda (e para Portugal?)

A Irlanda conseguiu converter uma dívida detida pelo seu banco central no montante de 25 mil milhões de euros com uma maturidade média de 8 anos e um custo anual de 3,1 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro com uma maturidade média de 34 anos e um custo anual em juros de 2 mil milhões de euros. O acordo de reestruturação  foi hoje anunciado pelo primeiro-ministro irlandês depois de uma maratona na quarta-feira para obter o acordo com o BCE e que acabou com a liquidação do Anglo Irish Bank.

Os principais pontos do acordo, num resumo a partir de documentos oficiais elaborado originalmente pela Reuters.
Os efeitos orçamentais e na dívida assim como a explicação de todo o processo no Department of Finance

A Irlanda já teve a sua reestruturação em linha com os compromissos assumidos de tratamento igual quando se fez a última reestruturação para a Grécia.
Aguarda-se agora o dia histórico de Portugal.