Claro que os países financeiramente disciplinados já disseram "não" à ideia de fazer emissões de Eurobonds ou Obrigações Europeias, reagindo de maneiras diferentes à entrada da reunião dos ministros das Finanças do Euro que está a decorrer hoje.
“We’ve come here to decide what we prepared Sunday a week ago. We don’t need to have new debates every week. I think we’ve prepared the necessary decisions.” - a reacção do ministro das Finanças Wolfgang Schaeuble reportada pela Bloomberg
“Countries committed to economic discipline that do the hard work and maintain stability” shouldn’t be forced to subsidize the fiscally weak, assim disse o ministro das Finanças austríaco Josef Proell , refectindo bem o que pensam os países financeiramente disciplinados sobre a ideia das emissões de dívida europeia.
Vale a pena ler este artigo da Bloomberg
Estamos perante um problema que vai assumindo proporções cada vez maiores:
- O BCE não quer continuar a comprar dívida e apenas concordou em continuar a fazê-lo numa decisão que não mereceu unanimidade- durante a semana passada comprou 1965 milhões de euros que garante estar a esterelizar .
- A Alemanha não quer reforçar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) nem quer avançar para uma medida mais estrutural como a emissão de Obrigações Europeias;
- Estes países endividados, por razões diferentes, como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália - os GIPSI - a que os analistas vão juntando outros como a Bélgica, quanto mais medidas de austeridade aplicam mais reforçam a perspectiva de que não serão capazes de satisfazer os compromissos com a dívida, no mínimo a de curto prazo, devido aos efeitos recessivos das medidas.
- Toda a gente sabe que o FEEF chegará para Portugal mas já não chega para Espanha.
2 comentários:
A UE no seu todo não tem um problema de excessos de poupança ou de endividamento. Tal como a distribuição muito desigual dos saldos nacionais que facilitou o desempenho da União nos últimos dez anos não é um problema se a resolução fôr acordada por todos.
A distribuição menos desigual dos saldos nacionais de poupança e de endividamento com relação ao exterior de cada país dentro de UE pode ser acordada por todos. Desde que fiquem asseguradas duas coisas: (i) um julgamento mais conforme sobre as perspectivas de risco relativo das dívidas nacionais e (ii) o crédito «subsidiado» da retoma económica.
O problema que para mim assume proporções cada vez maiores não é porém europeu. É a segunda fase da crise que ora se avizinha. Que foi uma crise financeira global de dívida privada. E que por causa da subsequente «nacionalização» de muitos incumprimentos privados ameaça tornar-se numa crise financeira global de dívida pública.
Seria muito triste ver a UE incapaz de resolver internamente a dificuldade da distribuição desigual dos saldos nacionais de poupança e de endividamento perante a ameaça duma segunda crise financeira global.
É nestas circunstâncias que se põe a questão de saber se há uma solução para Portugal no contexto duma união monetária. De saber se há uma solução simples para Portugal abandonar o acordo actual e enveredar por um novo curso sem perda de soberania económica e financeira (e política, também) e sem custos económicos proibitivos.
O ajustamento económico e financeiro vai sempre determinar custos substanciais porque os desajustamentos foram muito substanciais. Que num país já de si tão desequilibrado em termos da distribuição interna dos rendimentos vai obrigar necessariamente a contribuições também desequilibradas para um tal ajustamento.
Por isso, a única solução útil para Portugal é a que assegura a presença do país no patamar mais avançado do sistema monetário internacional que vai suceder ao que saiu do Plaza Accord. Mas duvido que haja alguém verdadeiramente interessado em saber qual é essa solução.
Obrigado.
F
Pode dizer-me porque é a França é apresentada como disciplinada? Vamos lá destruir esse mito! Portugal, por exemplo, não é mais indisciplinado que a França.
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