Quando esperávamos que os mercados nos dessem o prémio da austeridade eis que somos castigados de novo. O regresso da subida das taxas de juro, apesar da aprovação já garantida do Orçamento do Estado, só nos deixa uma consolação - antes era a Grécia que estava pior que nós, agora é a Irlanda. A Espanha já conseguiu sair do radar das preocupações dos investidores.
A razão deste novo abalo está, diz quem investe, na decisão da Cimeira Europeia do fim da semana passada de criar um fundo permanente de ajuda aos países em dificuldades no euro mas com um mecanismo que se traduza também em perdas para os investidores. Consequência: nunca mais as taxas de juro voltarão a ser as mesmas.
O novo fundo só entrará em vigor daqui a três anos mas os devedores de maior risco já estão a ser castigados.
Vale a pena ler o que já disse Angela Merkel e as reacções que já teve sobre este assunto:
European officials including Spanish Prime Minister Jose Luis Rodriguez Zapatero are concerned that announcing bond investors will have to shoulder a part of any future bailout will spook traders at a time when Ireland and Portugal are struggling to cut their budget deficits.
(...)
In subsequent remarks today in Brussels, Merkel dismissed the concerns that planning now to make investors help pay for any future debt crisis may drive up the borrowing costs of nations with high budget deficits. She said a distinction exists between the temporary and future mechanisms.
Mas parece que não está a haver distinção entre as actuais regras e as que vão ser criadas e que exigem até uma revisão do Tratado de Lisboa. E assim sobem os juros de Portugal, da Irlanda e da Grécia.
2 comentários:
Esse gráfico (e parte do seu texto) mostram algo que venho dizendo há umas semanas.
A imprensa e a blogoesfera estão a dar demasiada importância ("os mercados reagem a declarações de Passos Coelhos" e outras conclusões semelhantes) às flutuações diárias dos juros da dívida portuguesa. Qualquer gráfico desta variação, mostrará que há uma correlação quase perfeita entre os nossos juros, e dos títulos de dívida irlandesa com a mesma maturidade. Uma e outra sobem e descem sempre nos mesmos dias!
O que está por detrás da variação de curto-prazo são eventos externos, como declarações da Merkel, ou pura e simples movimentos especulativos.
MC, os jornalistas e comentadores não querem saber dessas correlações. Portugal está, para essa gente, isolado do mundo: crise da dívida pública, austeridade e aumento de impostos só acontecem em Portugal.
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