A decisão do Comité de Basileia de adiar medidas que iam exigir mais capital aos bancos e os testes de stress estão a criar um ambiente mais 'cool' para a banca. Finalmente.
Em Portugal há ainda a notícia de que o Estado vai reforçar as garantias das instituições financeiras que comprem dívida pública. (Vamos ver que efeitos tem isso na concessão de crédito à economia - esperemos que nenhuns, que o alívio do stress sobre a banca alivie também os mercados de crédito
A banca, que já ontem tinha subido em bolsa, continua hoje em alta.
terça-feira, 27 de julho de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
A recordar - stress test nos EUA
O desenho e concretização dos testes de stress realizados pelos EUA em Maio de 2009 - uma citação do documento da Reserva Federal:
(...)The BHCs were asked to estimate their potential losses on loans, securities, and trading positions, as well as pre-provision net revenue (PPNR) and the resources available from the allowance for loan and lease losses (ALLL) under two alternative macroeconomic scenarios. Each participating firm was instructed to project potential losses on its loan, investment, and trading securities portfolios, including off-balance sheet commitments and contingent liabilities and exposures over the two-year horizon beginning with year-end 2008 financial statement data.(...)
O resumo dos resultados que começa assim:
A banking organization holds capital to guard against uncertainty (...)
Falta à Europa explicar.
Faltou à Europa alguém que desse a cara pelos resultados de todos os testes.
Razão para recordar a frase de Henry Kissinger: A quem se telefona quando se quer falar com a Europa?
A quem se pergunta sobre o resultado global dos testes?
Como pode a Europa dividida apresentar a uma só voz argumentos fortes contra as criticas aos seus testes de stress quando um dos seus maiores - a Alemanha - surge em público como uma resistente à divulgação dos números.
(...)The BHCs were asked to estimate their potential losses on loans, securities, and trading positions, as well as pre-provision net revenue (PPNR) and the resources available from the allowance for loan and lease losses (ALLL) under two alternative macroeconomic scenarios. Each participating firm was instructed to project potential losses on its loan, investment, and trading securities portfolios, including off-balance sheet commitments and contingent liabilities and exposures over the two-year horizon beginning with year-end 2008 financial statement data.(...)
O resumo dos resultados que começa assim:
A banking organization holds capital to guard against uncertainty (...)
Falta à Europa explicar.
Faltou à Europa alguém que desse a cara pelos resultados de todos os testes.
Razão para recordar a frase de Henry Kissinger: A quem se telefona quando se quer falar com a Europa?
A quem se pergunta sobre o resultado global dos testes?
Como pode a Europa dividida apresentar a uma só voz argumentos fortes contra as criticas aos seus testes de stress quando um dos seus maiores - a Alemanha - surge em público como uma resistente à divulgação dos números.
Stress zen na banca
Os mercados estão a dizer nim aos testes de stress - aliviou-se a pressão.
Mas muitos estão a dizer que esta foi uma oportunidade perdida. Vozes de quem sabe o que diz - porque há muitos que dizem sempre o mesmo como é o caso de Nouriel Roubini que também pôs em causa o grau de exigência dos testes de stress realizados pelos norte-americanos em Maio de 2009.
O cenário para a banca portuguesa que pode ver-se em baixo. O que me causa perplexidade é testar-se um cenário em que há, ao mesmo tempo, recessão e desemprego (normal) com... subida das taxas de juro
Um dos factos que justificou os bons resultados dos quatro bancos portugueses - com um deles a registar até um rácio de solvabilidade mais elevado em stress do que no cenário base - foi exactamente esse "se as taxas de juro subirem". Como a banca faz reflectir a subida dos juros praticamente de imediato no crédito - veja-se o caso da habitação indexada à Euribor - e com desfasamento nos depósitos~, a sua margem aumenta tanto que é capaz de compensar as perdas com os incumprimentos gerados pela recessão/desemprego.
As notícias dos testes de stress em Portugal
A CGD, ESFG, BCP e BPI, este o melhor dos maiores ibéricos e o 18º europeu e ainda Porque têm os bancos portugueses bons resultados
Mas muitos estão a dizer que esta foi uma oportunidade perdida. Vozes de quem sabe o que diz - porque há muitos que dizem sempre o mesmo como é o caso de Nouriel Roubini que também pôs em causa o grau de exigência dos testes de stress realizados pelos norte-americanos em Maio de 2009.
O cenário para a banca portuguesa que pode ver-se em baixo. O que me causa perplexidade é testar-se um cenário em que há, ao mesmo tempo, recessão e desemprego (normal) com... subida das taxas de juro
Um dos factos que justificou os bons resultados dos quatro bancos portugueses - com um deles a registar até um rácio de solvabilidade mais elevado em stress do que no cenário base - foi exactamente esse "se as taxas de juro subirem". Como a banca faz reflectir a subida dos juros praticamente de imediato no crédito - veja-se o caso da habitação indexada à Euribor - e com desfasamento nos depósitos~, a sua margem aumenta tanto que é capaz de compensar as perdas com os incumprimentos gerados pela recessão/desemprego.
A CGD, ESFG, BCP e BPI, este o melhor dos maiores ibéricos e o 18º europeu e ainda Porque têm os bancos portugueses bons resultados
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Estimular a economia? Não e não, diz Trichet
É tempo de todos apertarem as finanças públicas. Não a mais estímulos orçamentais. Assim fala o presidente do BCE no artigo que hoje escreve para o FT.
Trichet entra no debate que está a colocar em confronto os Estados Unidos e a ala do Euro mais preocupada com as contas públicas no centro da qual está a Alemanha.
A apoiar a preocupação de Trichet está a indicação de que a economia europeia, com especial relevo para a alemã, está a sair da tempestade em que estava metida na sequência da crise grega de forma mais clara do que os Estados Unidos estão a sair dos problemas do subprime que já remontam a 2007.
O que se tem passado nesta crise tem colocado a nu o pouco que sabemos de economia. Uma ignorância que é ainda mostrada pelo debate que o FT está a promover entre os que são a favor da manutenção das medidas de estímulo à economia e os que consideram, como Trichet, que é preciso reduzir urgentemente os défices públicos.
Trichet entra no debate que está a colocar em confronto os Estados Unidos e a ala do Euro mais preocupada com as contas públicas no centro da qual está a Alemanha.
A apoiar a preocupação de Trichet está a indicação de que a economia europeia, com especial relevo para a alemã, está a sair da tempestade em que estava metida na sequência da crise grega de forma mais clara do que os Estados Unidos estão a sair dos problemas do subprime que já remontam a 2007.
O que se tem passado nesta crise tem colocado a nu o pouco que sabemos de economia. Uma ignorância que é ainda mostrada pelo debate que o FT está a promover entre os que são a favor da manutenção das medidas de estímulo à economia e os que consideram, como Trichet, que é preciso reduzir urgentemente os défices públicos.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Vale pena ler e ouvir Ricardo Salgado
Foto: Miguel Baltazar
Hoje numa iniciativa do Negócios, a Hora H, Ricardo Salgado falou da situação da banca e da PT. Vale a pena ler e ouvir o que disse aqui.
Racionalidade é o que melhor caracteriza o único banqueiro de origem familiar que Portugal tem. Tudo é analisado e descrito com a frieza do raciocínio. Como quando diz que não se pode falar de traições.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
PT -Vivo-Telefónica: perguntas sem resposta
1. Porque é que um gestor com a experiência de Cesar Alierta tenta comprar a Vivo à PT, uma empresa de outro país e onde o Estado tem uma 'golden share' sem falar com o primeiro-ministro desse país?
(Dizem-me que Alierta diz que pensava que Ricardo Salgado estava a falar com José Sócrates)
2. Porque é que um banqueiro de família e gestor experiente como Ricardo Salgado avança com um negócio que reduz a PT a uma empresa local sem falar com o primeiro-ministro, sabendo que o Estado tem uma 'golden share'?
Nenhum deles cometeu um erro. Gestores, empresários e banqueiros deste nível, habituados a negociar no mundo, sabem que têm de falar com os governos mesmo quando fazem pequenos negócios. Não cometem erros tão básicos como estes.
Não sendo erro é táctica.
Como táctica é esta saída de cena da Telefónica. Agora é a PT a pedir por favor comprem a Vivo.
Ver aqui dossier PT/Telefónica
(Dizem-me que Alierta diz que pensava que Ricardo Salgado estava a falar com José Sócrates)
2. Porque é que um banqueiro de família e gestor experiente como Ricardo Salgado avança com um negócio que reduz a PT a uma empresa local sem falar com o primeiro-ministro, sabendo que o Estado tem uma 'golden share'?
Nenhum deles cometeu um erro. Gestores, empresários e banqueiros deste nível, habituados a negociar no mundo, sabem que têm de falar com os governos mesmo quando fazem pequenos negócios. Não cometem erros tão básicos como estes.
Não sendo erro é táctica.
Como táctica é esta saída de cena da Telefónica. Agora é a PT a pedir por favor comprem a Vivo.
Ver aqui dossier PT/Telefónica
terça-feira, 13 de julho de 2010
Condenados a um crescimento medíocre
A dívida que acumulámos condena-nos a um crescimento medíocre, a instabilidade e desconfiança dos mercados financeiros inviabiliza aterragens suaves.
Há uma nova recessão à vista. O ânimo deste primeiro semestre vai desaparecer antes do fim do ano.
Há uma nova recessão à vista. O ânimo deste primeiro semestre vai desaparecer antes do fim do ano.
sábado, 10 de julho de 2010
O BCP como instrumento
Nenhum banco pode neste momento dizer que nada em liquidez - todos andam a titularizar para irem ao BCE. Mas os rumores - desta vez com uma violência invulgar - só envolvem o BCP. De tal maneira que o banco teve de comunicar sobre boatos:
Há algum tempo que o BCP está a ser atacado com boatos. Ondas que vêm e vão, incapazes até hoje de gerarem uma notícia - é factualmente falso que o BCP esteja em dificuldades diferentes das dos seus parceiros. Mais: o banco anunciou esta semana que passou vias alternativas de financiamento.
É preciso fazer a pergunta: Quem ganha com a instabilidade e a ameaça destes rumores e boatos?
»Hipótese 1: Quem quer esconder as suas próprias fragilidades (vêm aí os testes de stress);
»Hipótese II: Quem quer criar um terramoto financeiro em Portugal para capitalizar politicamente como salvador.
Cheira demasiado a vontade de mudar o regime. Passámos da habitual criação de uma onda de insegurança física, - que precede os períodos de fragilidade política lembram-se? -, para a amplificação da insegurança financeira onde o terrendo anda mais fértil.
Temos aprendido que vale tudo, que alguns achams que os seus fins justificam todos meios. Mas o que se está a passar é de uma irresponsabilidade sem qualificação. Quem quer que seja está a brincar com o fogo.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
O preço do crédito escasso
Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia precisam de 300 mil milhões de euros neste segundo semestre e têm de concorrer no mercado com países como os EUA, Reino Unido, Japão e outros países do euro que precisam de ir ao mercado buscar 4 biliões de dólares.
São dados da última actualização do relatório global de estabilidade financeira do FMI com os valores das necessidades de financiamento até 2012 dos cinco países que mais têm sofrido, com o aumento das taxas de juro, com a crise do euro. As necessidades de financiamento dos outros países é indirectamente apresentada pelo FMI como explicação para o facto de as taxas de juro de longo prazo desses países como Portugal terem continuado a subir apesar das medidas adoptadas pela Zona Euro a 7 de Maio - a mais importante das quais foi a compra de títulos de dívida por parte do BCE.
PT Vivo-Telefónica: o que todos fazem bem feito
(...) Los expedientes abiertos por la Comisión Europea durante la última década contra los llamados "derechos especiales" han sido en la inmensa mayoría de los casos contra aciones de oro en vigor nunca utilizadas (en Francia, España, Reino Unido, Dinamarca, Italia, etcétera). Algunos países, incluido España, han ejercido un veto tácito a nivel político (como el que frenó la fusión de Telefónica y KPN hace 10 años), pero sin violar directamente las normas comunitarias. Otros, como Italia, reformaron la ley de concesiones de autopistas de manera urgente para intentar frenar la entrada de una compañía española como Abertis.(...)
Casa roubada, trancas na porta
"O acórdão do Tribunal de Justiça europeu não conclui pela ilegalidade da existência de direitos especiais. O que este acórdão faz é pronunciar-se quanto à configuração dos direitos especiais existentes nos actuais estatutos da PT. (...) O Goverbno não deixará de procurar uma solução que simultaneamente assegure o respeito pelo direito comunitário, tal como interpretado pelo Tribunal de Justiça europeu, mas também a salvaguarda dos interesses nacionais".
No Cinco Dias
O que é preciso é saber fazer as coisas, contornar a legislação comunitária.Portugal não o conseguiu fazer no caso Totta/Banesto/Santander.
No caso da golden share da PT também não mudou a situação a tempo. Talvez, quem sabe, por nunca ter passado pela cabeça aos sucessivos responsáveis políticos que os accionistas portugueses de referência se iam aliar à Telefónica colocando o Governo - fosse este ou outro, porque o PSD faria o mesmo - perante o facto consumado de, com um acto e por uns bons milhões, transformar a PT global numa empresa local.
Casa roubada, trancas na porta
"O acórdão do Tribunal de Justiça europeu não conclui pela ilegalidade da existência de direitos especiais. O que este acórdão faz é pronunciar-se quanto à configuração dos direitos especiais existentes nos actuais estatutos da PT. (...) O Goverbno não deixará de procurar uma solução que simultaneamente assegure o respeito pelo direito comunitário, tal como interpretado pelo Tribunal de Justiça europeu, mas também a salvaguarda dos interesses nacionais".
Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, hoje, após o Conselho de Ministros
Agora iremos fazer bem - ser proteccionistas dentro da lei como permite (e até incentiva) a União Europeia. E a bem da realidade, nem fazemos nada mal.
As vantagens da livre circulação de capitais e estabelecimento são positivas quando analisadas em termos absolutos.
PT-Vivo-Telefónica - Os vazios europeus
Como se previa, no quadro da aplicação da lei comunitária, o Tribunal de Justiça da União Europeia considera que Portugal, com a 'golden share' que detém na PT não cumpre os artigos 43 e 53 das Comunidades Europeias.
Concretamente, Portugal, segundo o Tribunal, viola regras do Mercado Único que estabelecem a liberdade de circulação de capitais e de estabelecimento no espaço dos 27.
A notícia pode ser lida aqui assim como na imprensa espanhola: no Expansion (vale a pena ler o comentário que cita o caso Endesa que acabou vendida à Enel - empresa controlada pelo Estado italiano - ou seja, passou de privada espanhola a 'nacionalizada' italiana) e no Cinco Dias.
A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia em comunicado e a sentença, com todo o caso aqui alinhado.
O caso tem estado recheado de interrogações, jogos de sombras e, em Portugal, expõe mudanças de posicionamento político de alguns dos protagonistas privados - começa a cheirar a mudança de regime.
Na União Europeia temos mais um caso que alimenta as contradições do edifício comunitário.
O Estado-Nação existe e não existe, ao mesmo tempo.
Os estados têm menos direitos que os agentes privados - estes podem ter as 'golden share' que quiserem - sem que se tenha criado um poder que substitua o poder que os estados tinham.
Como se garante assim o poder político? Não se garante. A actual arquitectura europeia colocou o poder na economia pela acção das regras europeias e omissão de um poder político europeu.
A crise do euro expôs dramaticamente esse vazio de poder político na Europa da União.
Deixar a política às forças do mercado é um erro que se pagará caro.
Concretamente, Portugal, segundo o Tribunal, viola regras do Mercado Único que estabelecem a liberdade de circulação de capitais e de estabelecimento no espaço dos 27.
A notícia pode ser lida aqui assim como na imprensa espanhola: no Expansion (vale a pena ler o comentário que cita o caso Endesa que acabou vendida à Enel - empresa controlada pelo Estado italiano - ou seja, passou de privada espanhola a 'nacionalizada' italiana) e no Cinco Dias.
A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia em comunicado e a sentença, com todo o caso aqui alinhado.
O caso tem estado recheado de interrogações, jogos de sombras e, em Portugal, expõe mudanças de posicionamento político de alguns dos protagonistas privados - começa a cheirar a mudança de regime.
Na União Europeia temos mais um caso que alimenta as contradições do edifício comunitário.
O Estado-Nação existe e não existe, ao mesmo tempo.
Os estados têm menos direitos que os agentes privados - estes podem ter as 'golden share' que quiserem - sem que se tenha criado um poder que substitua o poder que os estados tinham.
Como se garante assim o poder político? Não se garante. A actual arquitectura europeia colocou o poder na economia pela acção das regras europeias e omissão de um poder político europeu.
A crise do euro expôs dramaticamente esse vazio de poder político na Europa da União.
Deixar a política às forças do mercado é um erro que se pagará caro.
Subscrever:
Mensagens (Atom)