segunda-feira, 28 de setembro de 2009

PS, sozinho ou acompanhado?

O PS pode estar entre a escolha de colher os frutos das reformas passadas sozinho e apostar numa maioria absoluta daqui a dois anos e a opção de não arriscar e garantir já uma solução governativa estável com o PP. Que não revelou com Durão Barroso tendência para desrespeitar a coligação.

PS e PP fazem a maioria. PSD e PP poderão ter mais votos que o PS sozinho se os resultados dos eleitores da Europa e Resto do Mundo não derem três deputados aos socialistas - nesta última condição ficam empatados.

A solução governativa mais estável seria uma aliança PS e PP. Como foi a do PSD com PP em 2002.

Mas José Sócrates pode preferir governar sozinho. E repetir 1987 - o ano da maioria absoluta de Cavaco Silva, depois de ter governado em minoria entre 1985 e 1987.

Pode não ser uma estratégia mal pensada. Depois dos efeitos violentos das reformas, o tempo pode ser de colher frutos. E se a economia ajudar, esses frutos podem ser ainda mais visíveis.


O que dizem os números dos resultados eleitorais?
O PS foi o único partido a perder deputados face a 2005. Todos os outros partidos vão estar na Assembleia da República com mais deputados, quando ainda falta apurar quatro deputados do círculo da Europa e do resto do Mundo.

O PS vê a sua representação parlamentar diminuir de 121 para 96 deputados– poderá ainda ter mais dois a três deputados quando apurados os votos dos residentes no exterior. Os votos no PS de 2005 parecem ter-se dispersado um pouco por todos os outros partidos, com o PP e o BE a atraírem mais eleitores que o PSD e o PCP.

O aumento mais expressivo é do CDS/PP. Com 21 deputados (12 em 2005), Paulo Portas regista o mais elevado número de mandatos desde 1987, quando esteve reduzido ao então designado partido do táxi, com quatro representantes no Parlamento. Em 1985 tinha tido 22 deputados que “desapareceram” com a primeira maioria absoluta de Cavaco Silva.

A segunda vitória cabe ao Bloco de Esquerda que em dez anos passa de dois mandatos para 16.

O PSD também acaba por alargar a sua representação parlamentar, aumentando o seu número de deputados de um mínimo histórico de 75 deputados em 2005 para (pelo menos) 78 deputados.

O PCP, que teve o aumento menos significativo, ganha apesar disso mais um deputado que em 2005, ficando com 16 deputados.

Com este desenho parlamentar a aritmética dos deputados determina que o PS apenas consegue uma maioria absoluta numa aliança com o PP. Se tal vier a acontecer, os outros partidos reduzem o seu poder.

1 comentário:

Rogério Carvalho disse...

Talvez não haja coligações e talvez o PS vá provar resultados nas reformas que levou a efeito.

Neste momento só consigo imaginar o PS em acordos pontuais para assim conseguir uma estabilidade governativa.
Havendo esses acordos pontuais, espero que o PS identifique as semelhanças que tem com o(s) partido(s) em acordo.

Há diversas matérias em que o PS é flexível às políticas de outros partidos. Aqui penso na ideia já falada de um partido "zig-zag", mas para isso tem de funcionar o positivismo na AR.

Cumprimentos
Rogério Carvalho