Só o que nos faltava era uma epidemia global depois das crises financeira, bancária, económica, social e política.
As bolsas norte-americanas abriram em acentuada queda.
O México prepara-se para uma acentuada quebra da actividade económica.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Era só o que nos faltava...
domingo, 26 de abril de 2009
Freeport e jornalismo II
Nuno Ramos de Almeida apresentou aqui contra-argumentos aos meus argumentos contra a divulgação jornalística do vídeo em que Charles Smith afirma ter entregue dinheiro a José Sócrates para aprovar o projecto Freeport. JP Santos fez igualmente alguns reparos.
Porque o tema não é simples e merece, na minha opinião, reflexão do ponto de vista jornalístico regresso a ele:
=» b) A credibilidade de uma fonte é validada pelo jornalista e não pelo curriculum da fonte - e aí discordo de Nuno Ramos de Almeida - o facto de ter conseguido a aprovação do Freeport pode torná-lo credível para conseguir a aprovação de projectos difíceis mas não credível como fonte de um jornalista;
=» c) A situação de fragilidade em que se encontrava a fonte Charles Smith - estava a ser questionado - fragiliza a sua credibilidade como fonte. Uma das regras que devemos seguir é avaliar o grau de liberdade da fonte em que baseamos a informação que transmitimos;
=» d) Qualquer pessoa pode gravar um dvd em que se acusa uma terceira pessoa não presente de ser corrupta tendo como objectivo colocar esse vídeo nos órgãos de comunicação social se a regra passar a ser a não validação da informação ali contida. É um argumento fraco - no sentido em que não podemos deixar de divulgar informação por causa do risco de manipulação que todos os dias enfrentamos mas deve também ser considerado;
3. O facto de todos os protagonistas e implicados no vídeo terem sido convidados a dar a sua opinião - tendo recusado - não me parece ser suficiente para a decisão de divulgar o conteúdo do dvd. A regra de ouvir as partes envolvidas numa notícia é necessária mas não suficiente para que um facto se transforme em facto jornalístico. Muitas vezes é preciso ir mais longe como complementar com outras fontes;
4. Ser jornalista não é ser polícia nem juiz exactamente porque a aproximação aos factos jornalísticos - ou verdade jornalística - é muito diferente da aproximação à verdade da investigação policial e do julgamento. Mas tal como a polícia e o juiz, também nós jornalistas temos regras. E uma delas é a validação da informação que transmitimos confrontando fontes independentes e informação adicional que nos dê garantias de que a informação que estamos a transmitir é o mais próxima possível da verdade jornalística - não policial nem jurídica.
Há nesta análise uma falha que detecto: Tendo condições para divulgar a existência do vídeo como justifico perante o público o facto de não divulgar o seu conteúdo? Não é fácil encontrar uma resposta. Mas teria de a encontrar - a informação não estava validada.
Em todo este caso é óbvio que o Primeiro-Ministro teve e tem tido uma atitude lamentável, como o demonstrou na entrevista que deu à RTP - quer no que disse como na relação injustificadamente agressiva e até imprópria com Judite de Sousa e José Alberto de Carvalho. Irracional ainda porque as perguntas feitas eram inevitáveis.
Como disseram José Eduardo Moniz e Vasco Pulido Valente, tem faltado a José Sócrates a atitude de Estado que se exige a quem é Primeiro-Ministro e que tiveram, por exemplo, Cavaco Silva e Mário Soares e de forma ainda mais violenta Ferro Rodrigues quando foram igualmente alvo de violentas criticas e ataques.
A qualidade combativa de José Sócrates confunde-se por vezes com agressividade gratuita. Nem se pode dizer que a sua forma de combater seja essa. Quando combate as criticas de Cavaco Silva ou Manuel Alegre é cauteloso. Quando é questionado pelos jornalistas permite-se a um desrespeito e a uma agressividade que justificam as dúvidas que hoje se levantam quanto ao respeito que tem pela liberdade de imprensa.
Dito isto, considero que vale sempre a pena pensarmos, nós jornalistas, se estamos a fazer a correcta aproximação à verdade.
Porque o tema não é simples e merece, na minha opinião, reflexão do ponto de vista jornalístico regresso a ele:
1. A existência do vídeo é um facto jornalístico - os jornalistas conseguiram obtê-lo, sabem que existe;
2. O conteúdo do vídeo não é - só por si - um facto jornalístico entendido como passível de ser divulgado em bruto - e parece-me que é aqui que discordo de Nuno Ramos de Almeida (se não é assim peço desde já as minhas desculpas); E porquê?
=»a) Charles Smith está ser questionado sobre dinheiro que desapareceu o que levanta desde logo a dúvida sobre a veracidade do que diz - e o jornalista tem de se preocupar com veracidade do que transmite como notícia;=» b) A credibilidade de uma fonte é validada pelo jornalista e não pelo curriculum da fonte - e aí discordo de Nuno Ramos de Almeida - o facto de ter conseguido a aprovação do Freeport pode torná-lo credível para conseguir a aprovação de projectos difíceis mas não credível como fonte de um jornalista;
=» c) A situação de fragilidade em que se encontrava a fonte Charles Smith - estava a ser questionado - fragiliza a sua credibilidade como fonte. Uma das regras que devemos seguir é avaliar o grau de liberdade da fonte em que baseamos a informação que transmitimos;
=» d) Qualquer pessoa pode gravar um dvd em que se acusa uma terceira pessoa não presente de ser corrupta tendo como objectivo colocar esse vídeo nos órgãos de comunicação social se a regra passar a ser a não validação da informação ali contida. É um argumento fraco - no sentido em que não podemos deixar de divulgar informação por causa do risco de manipulação que todos os dias enfrentamos mas deve também ser considerado;
3. O facto de todos os protagonistas e implicados no vídeo terem sido convidados a dar a sua opinião - tendo recusado - não me parece ser suficiente para a decisão de divulgar o conteúdo do dvd. A regra de ouvir as partes envolvidas numa notícia é necessária mas não suficiente para que um facto se transforme em facto jornalístico. Muitas vezes é preciso ir mais longe como complementar com outras fontes;
4. Ser jornalista não é ser polícia nem juiz exactamente porque a aproximação aos factos jornalísticos - ou verdade jornalística - é muito diferente da aproximação à verdade da investigação policial e do julgamento. Mas tal como a polícia e o juiz, também nós jornalistas temos regras. E uma delas é a validação da informação que transmitimos confrontando fontes independentes e informação adicional que nos dê garantias de que a informação que estamos a transmitir é o mais próxima possível da verdade jornalística - não policial nem jurídica.
Há nesta análise uma falha que detecto: Tendo condições para divulgar a existência do vídeo como justifico perante o público o facto de não divulgar o seu conteúdo? Não é fácil encontrar uma resposta. Mas teria de a encontrar - a informação não estava validada.
Em todo este caso é óbvio que o Primeiro-Ministro teve e tem tido uma atitude lamentável, como o demonstrou na entrevista que deu à RTP - quer no que disse como na relação injustificadamente agressiva e até imprópria com Judite de Sousa e José Alberto de Carvalho. Irracional ainda porque as perguntas feitas eram inevitáveis.
Como disseram José Eduardo Moniz e Vasco Pulido Valente, tem faltado a José Sócrates a atitude de Estado que se exige a quem é Primeiro-Ministro e que tiveram, por exemplo, Cavaco Silva e Mário Soares e de forma ainda mais violenta Ferro Rodrigues quando foram igualmente alvo de violentas criticas e ataques.
A qualidade combativa de José Sócrates confunde-se por vezes com agressividade gratuita. Nem se pode dizer que a sua forma de combater seja essa. Quando combate as criticas de Cavaco Silva ou Manuel Alegre é cauteloso. Quando é questionado pelos jornalistas permite-se a um desrespeito e a uma agressividade que justificam as dúvidas que hoje se levantam quanto ao respeito que tem pela liberdade de imprensa.
Dito isto, considero que vale sempre a pena pensarmos, nós jornalistas, se estamos a fazer a correcta aproximação à verdade.
domingo, 19 de abril de 2009
Freeport e jornalismo
Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses
1. (...)Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso.(...)
Não há dúvida que exibir o vídeo que temos visto na TVI não respeita os princípios básicos do jornalismo:
- os factos ali relatados não são comprovados pelo jornalista;
- podiam não ser comprovados mas poderíamos estar perante fontes credíveis, o que não é o caso.
- os "acusadores" de José Sócrates, designadamente Charles Smith, não podem ser considerados 'fontes credíveis'. Smith estava a justificar o desaparecimento de elevadas quantias de dinheiro.
- na critica à informação, que qualquer jornalista deve fazer, levanta-se a dúvida sobre as razões que levaram Smith a acusar José Sócrates - quem o está a interrogar não o pode confirmar, não pode ir perguntar ao primeiro-ministro de Portugal se recebeu dinheiro.
Não estamos definitivamente a fazer jornalismo.
Seja qual for o Código de Boas Práticas que se queira seguir.
Aqui podem ler-se alguns.
O jornalista não é um mero transportador de informação. É hoje, mais do que nunca, um validador da informação. E essa operação não foi feita pela TVI.
Além dos problemas obviamente graves de se estar relatar informação não rigorosa, elevamos, com esta prática, o risco de manipulação dos jornalistas. Um qualquer vídeo poder ser gravado com uma conversa entre duas pessoas que acusam uma terceira não presente, para o entregarem a um jornalista que o emite sem fazer qualquer trabalho adicional.
O que se está a passar é grave.
1. (...)Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso.(...)
Não há dúvida que exibir o vídeo que temos visto na TVI não respeita os princípios básicos do jornalismo:
- os factos ali relatados não são comprovados pelo jornalista;
- podiam não ser comprovados mas poderíamos estar perante fontes credíveis, o que não é o caso.
- os "acusadores" de José Sócrates, designadamente Charles Smith, não podem ser considerados 'fontes credíveis'. Smith estava a justificar o desaparecimento de elevadas quantias de dinheiro.
- na critica à informação, que qualquer jornalista deve fazer, levanta-se a dúvida sobre as razões que levaram Smith a acusar José Sócrates - quem o está a interrogar não o pode confirmar, não pode ir perguntar ao primeiro-ministro de Portugal se recebeu dinheiro.
Não estamos definitivamente a fazer jornalismo.
Seja qual for o Código de Boas Práticas que se queira seguir.
Aqui podem ler-se alguns.
O jornalista não é um mero transportador de informação. É hoje, mais do que nunca, um validador da informação. E essa operação não foi feita pela TVI.
Além dos problemas obviamente graves de se estar relatar informação não rigorosa, elevamos, com esta prática, o risco de manipulação dos jornalistas. Um qualquer vídeo poder ser gravado com uma conversa entre duas pessoas que acusam uma terceira não presente, para o entregarem a um jornalista que o emite sem fazer qualquer trabalho adicional.
O que se está a passar é grave.
As notícias em síntese - nos últimos tempos
"O PIB foi revisto em baixa, o desemprego revisto em alta e Freeport"
Síntese feita por quem tem estado fora do País a ver as notícias de fora.
Síntese feita por quem tem estado fora do País a ver as notícias de fora.
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