domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sobre a vida (e morte) do jornalismo

"Um dos aspectos mais curiosos da cobertura jornalística do caso Freeport é a demissão total dos jornalistas (...)
Tudo é publicado e republicado, permanentemente, sem qualquer filtro (...)
A publicação de tudo, sem critério, é a negação do jornalismo. (...)
O pior é que a maioria dos jornalistas está convencida do contrário."
escreve jmf, com selecção feita por mim, no seu primeiro post titulado "A morte do jornalismo" e que vale a pena ler.

Mas também criticar.
  1. Porque as generalizações conduzem sempre ao erro, não me parece que se tenha estado perante a "demissão total dos jornalistas". Há no "caso Freeport' informação nova que foi descoberta por jornalistas. Exemplo: José Sócrates estava no grupo de suspeitos.
  2. "Tudo é publicado e republicado (...) sem qualquer filtro". È uma realidade mas não se aplica apenas ao "caso Freeport". Tem sido uma das consequências do acesso imeadiato à informação, transformada com a internet, em mercadoria que todos passam de uns para outros. É fácil numa pequena busca verificar como há artigos iguaizinhos uns aos outros sem que se consiga perceber facilmente quem é o primeiro autor ou mesmo quem são as fontes, como já assinalei aqui em Jornalista Google.
  3. Alguns jornais internacionais têm contornado essa "cópia" linkando para as notícias dos seus concorrentes, com o alerta de que não são resposnáveis por essas notícias. Parece-me a melhor solução: dá ao leitor acesso a informação sobre o tema que não está validada pelo jornal.
  4. Um dos pontos mais complicados da republicação é ó órgão de informação estar a validar informação que não confirmou. Ou seja, é uma manifestação de confiança no media concorrente - está a dizer, nós confiamos no que o nosso concorrente está a dizer. E, desse ponto de vista, é uma negação do jornalismo.
  5. O critério - ou a ausência dele, como diz jmf - não é puramente jornalístico. O critério resulta da conjugação da existência de elevada procura por uma determinada informação com a ausência de meios para confirmar notícias já dadas e assim proceder à sua selecção. E, mesmo quando se conclui que a informação de outros órgãos não é confirmada pelas fontes do jornal, muitos correm o risco de avançar, à mesma, com ela. Porquê? Não parecem existir prémios para os mais credíveis.

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