segunda-feira, 23 de junho de 2008

Veja as diferenças

«Comigo não haverá novo aeroporto internacional enquanto houver crianças que
esperam três anos para serem operadas",
Durão Barroso, 17 de Fevereiro de 2002, em campanha eleitoral


«Esta situação de emergência [social] pode justificar que se abdiquem de alguns investimentos para afectar recursos aos casos mais prementes», Manuela Ferreira Leite, 22 de Junho de 2008 no encerramento do congresso do PSD

3 comentários:

MC disse...

Já agora, Helena, convinha saber se ambos, um enquanto PM e outra enquanto MF, deram passos no sentido de viabilizar, nomeadamente junto da UE, as tais obras alegadamente "faraónicas". Tenho ideia de que deram, efectivamente, esses passos.
Manuel

MFerrer disse...

Não só pediram a Bruxelas a cativação das respectivas verbas, como participaram em Acordos com a Espanha os quais assinaram publicamente sobre a realização urgente e inadiável daquilo que, agora, por oportunismo eleitoralista e por favorecimento autárquico, querem atrasar.
Uns atrasos de vida. Os investimentos são bons, apenas, quando são eles a fazerem-nos. A Dona quer transformar investimentos reprodutivos em subsídios ao consumo privado.
Como teoria económica para o desenvolvimento, seria útil às próximas gerações, que fosse escrito e publicado. Os teóricos da Economia que revejam tudo quanto já escreveram!
Já tivemos um outro iluminado do PSD que determinou que os livros escolares passavam a ter um preço máximo!( Davide Justino, O.Completas, ainda sem publicação)
Ia ganhando o ignóbel da economia e os livros, todos!, passaram a custar esse máximo!
MFerrer

Pedro Braz Teixeira disse...

Muitos têm apontado a incoerência de, em 2004, o PSD defender obras públicas e, em 2008, as atacar. Desde logo, note-se a diferença entre os planos de investimento então e agora. Mas note-se, sobretudo, as alterações estruturais entre uma e outra data.

Em primeiro lugar, neste momento é já reconhecido que Portugal está num processo de divergência estrutural com a UE. Ou seja, é totalmente impossível imaginarmos que basta continuar na modorra do costume. Entrámos num beco e temos que repensar muito bem os investimentos a fazer. É muito mais importante recuperar a competitividade perdida do que estimular a procura interna através de investimento público.

Em segundo lugar, estamos no meio do 3º choque petrolífero, um choque que não teve nenhum “totalista”. Se todos previam uma tendência de subida do preço do petróleo, ninguém previu que este subisse tanto e tão depressa. Dado que a maioria dos investimentos públicos são destinados a transportes, o choque petrolífero obriga a repensar tudo. Não podemos repetir os erros do passado em que avançámos com Sines como se não tivéssemos sofrido o 1º choque petrolífero.

Em terceiro lugar, as contas públicas têm-se mostrado muito mais difíceis de consolidar do que se previa, pelo que é agora muito mais importante assegurar que não se estão a criar encargos de longo prazo sobre as contas públicas.

Quanto a trocar investimento público por protecção social, concordo que a formulação não é a mais feliz. Prefiro trocar investimento em obras públicas por investimento para recuperar a competitividade. Pôr os tribunais que lidam com as questões económicas a funcionar custará certamente menos de 10% do TGV, mas alguém duvida que a utilidade seria muitíssimo superior? Mas é evidente que se tem que dar uma atenção crescente à protecção social. Neste momento cerca de metade dos desempregados não recebem qualquer tipo de subsídio e um qualquer plano de convergência com a UE deverá gerar mais desemprego ainda.